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Meio Ambiente

Donas de casa sofrem com ventania sem chuva no outubro de Campo Grande

De segunda a sexta-feira, meteorologista confirma que ventania tem sido mais intensa que normal na Capital

Por Judson Marinho | 24/10/2025 15:37
Donas de casa sofrem com ventania sem chuva no outubro de Campo Grande
Poeira subindo com ventania no Jardim Noroeste (Foto: Henrique Kawaminami / Arquivo Campo Grande News)

Rajadas de vento fortes durante a madrugada e o início da manhã, mesmo em dias secos, mudaram o que se espera para o clima em outubro em Campo Grande nesta semana. Segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul) e o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), desde segunda-feira (20), o registro de ventania foi constante, o que foge ao padrão típico da primavera, quando o vento costuma aparecer apenas junto com as chuvas.

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Campo Grande enfrentou uma semana de tempo seco e ventos fortes, com rajadas que chegaram a 57,6 km/h, segundo dados do Cemtec e do Inmet. Os ventos mais intensos ocorreram principalmente na madrugada e no início da manhã, em dias sem chuva, elevando a presença de poeira devido ao solo seco. O fenômeno foi influenciado por um anticiclone no leste do país, que trouxe um sistema de alta pressão. Além de Campo Grande, outras cidades de Mato Grosso do Sul, como Naviraí e Caarapó, registraram rajadas superiores a 100 km/h, causando estragos e interrupções no fornecimento de energia.

Na região conhecida pela poeira, enquanto a água escorre pelo quintal, Maria de Fátima, de 57 anos, repete o ritual de todos os dias: jogar baldes e mais baldes para tentar conter a poeira que toma conta da casa. Moradora do Bairro Noroeste, ela conta que a rotina virou uma batalha constante contra o pó e o lixo acumulado nas ruas de terra.

“É uma dificuldade. Todo dia tem que estar jogando água, todo dia tem que lavar porque é muita poeira, muito mesmo”, desabafa a cozinheira. A poeira invade os cômodos, cobre os móveis e, segundo ela, não dá trégua nem nos dias de chuva.

Além do incômodo, o problema afeta a saúde da família. “A gente tem criança pequena e tem rinite, então tem que limpar todos os dias. Quando a poeira aumenta, ataca bastante”, relata.

Mariana de Jesus Souza, de 44 anos, enfrenta o mesmo cenário de poeira constante e preocupação com a saúde da família. “É muito difícil. Tem as crianças, minha mãe que é idosa e tem rinite, e minha irmã também. Quando fica muito tempo sem chover, todas passam mal, porque essa poeira vem toda pra dentro de casa”, relata.

Para tentar amenizar o problema, Mariana diz que não há descanso. “Tem que estar passando pano todos os dias, lavando o quintal, tirando o pó de dentro de casa. As roupas no varal também ficam cheias de poeira. É bem complicado, muito difícil mesmo”, descreve.

Donas de casa sofrem com ventania sem chuva no outubro de Campo Grande
A cozinheira Maria de Fátima, joga água em frente de casa para amenizar a poeira (Foto: Paulo Francis)

Outubro atípico

Os dados do Inmet mostram que, neste mês de outubro, as rajadas mais fortes ocorreram justamente em dias sem chuva, com velocidades entre 46,8 km/h e 57,6 km/h. Pela escala Beaufort, esses valores indicam ventos que variam de “frescos” a “fortes”.

O pico da ventania tem ocorrido de madrugada, por volta das 3 horas. Na segunda-feira (20), por exemplo, as rajadas chegaram a 50 km/h às 8 horas e se mantiveram intensas até o meio-dia.

Nos dias com chuva, os ventos mais expressivos foram registrados em 1º, 2 e 13 de outubro, com intensidades entre 39,6 km/h e 63,7 km/h, também classificados entre “fresco” e “ventania” pela mesma escala.

O Cemtec destaca que esses ventos mais fortes, comuns nesta época do ano, quando ocorrem tempestades, também se espalharam pelo interior do Estado. Um exemplo foi o temporal do dia 16 de outubro, quando rajadas de até 101,5 km/h deixaram cinco municípios de Mato Grosso do Sul sem energia: Maracaju, Caarapó, Dourados, Juti e o distrito de Posto Ovídio. A ventania causou estragos principalmente em Caarapó e Maracaju.

Donas de casa sofrem com ventania sem chuva no outubro de Campo Grande
Basta um veículo ao lange passar, e a poeira já levanta na rua toda do Noroeste (Foto: Paulo Francis)

Ao Campo Grande News, o meteorologista Vinicius Banda Sperling, do Cemtec, explicou que o responsável por esse aumento de ventos, mesmo sem chuva, é um anticiclone, sistema de alta pressão atmosférica localizado no quadrante leste do país, vindo do oceano.

“Esses ventos, muito intensos para a época do ano, vêm ocorrendo nos últimos quatro dias em praticamente todo o Estado. Eles surgiram por causa de um anticiclone que está no quadrante leste do país, vindo do oceano, onde atua um sistema de alta pressão muito intenso”, detalhou Sperling.

Além de deixar o ar mais seco, o fenômeno favorece o acúmulo de poeira. “Com pouca chuva e muito vento, o solo seco se transforma em poeira, que acaba sendo arrastada com facilidade”, explicou o meteorologista.

Dados do Cemtec mostram que, no dia 12 de outubro, Naviraí registrou rajadas de 107 km/h, e no dia 16, Caarapó também teve ventos acima dos 100 km/h. Dourados, Laguna Carapã, Corumbá e Itaporã registraram rajadas entre 60 e 70 km/h no mesmo período.

Para o fim de semana, a previsão é de mudança no tempo com a chegada de uma frente fria, que deve trazer chuva e aliviar as temperaturas elevadas em várias regiões de Mato Grosso do Sul.