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Exigências da UFMS travam repasse do Morenão e estudo avalia reabertura parcial

Deputado Pedrossian Neto lidera campanha pela reabertura do estádio já

Por Jhefferson Gamarra | 27/06/2025 13:40

Fechado desde 2022, o Estádio Pedro Pedrossian, o Morenão, em Campo Grande, segue como símbolo do abandono do esporte profissional em Mato Grosso do Sul. Embora iniciativas para sua reabertura estejam em curso, entraves burocráticos entre a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e o Governo do Estado têm atrasado uma solução para tirar a reforma do papel. Enquanto isso, alternativa de reabertura parcial começa a ser discutida como saída emergencial a curto prazo.

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O Estádio Morenão, em Campo Grande, segue fechado desde 2022 devido a entraves burocráticos entre a UFMS e o Governo de Mato Grosso do Sul. Embora R$ 3,6 milhões tenham sido investidos em melhorias, a reforma está paralisada e o restante da verba, cerca de R$ 7,8 milhões, foi devolvido pela universidade. A indefinição sobre a concessão do estádio ao governo estadual, necessária para a continuidade das obras e busca por investidores, tem sido o principal obstáculo. A UFMS concordou em transferir a gestão do Morenão, mas exigências de contrapartidas financeiras e de uso do espaço dificultaram a formalização do acordo. Após cobranças públicas, lideradas pelo deputado estadual Pedro Pedrossian Neto, a universidade sinalizou a possibilidade de retirar as exigências, abrindo caminho para a concessão à iniciativa privada. Enquanto isso, a Agesul encomendou um estudo para avaliar a viabilidade de uma reabertura parcial do estádio, visando sua utilização a curto prazo. A ideia é que o Morenão se torne uma arena multiuso, abrigando eventos esportivos, culturais e de entretenimento.

O deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD), neto do ex-governador que dá nome ao estádio, tem liderado campanha pública nomeada “Morenão Reaberto Já” pela retomada da praça esportiva, alertando que, se nada for feito, o espaço continuará fechado e abandonado pelos próximos anos.

“Eu tô tentando mobilizar as pessoas, que são os amantes do futebol, quem gosta do esporte, gente que sabe do nosso potencial, os esportistas, enfim, toda essa comunidade esportiva que já viu o nosso esporte brilhando nacionalmente, com times disputando o Campeonato Brasileiro em boas posições e hoje se ressente da situação que se encontra o futebol”, explicou Pedrossian.

Inaugurado em 1971, o estádio já foi palco de grandes eventos esportivos e culturais. Em décadas passadas, era comum vê-lo lotado, mesmo com a população de Campo Grande girando em torno de 150 mil habitantes em jogos de futebol envolvendo o Operário e Comercial contra grandes times do cenário nacional, além de shows de artista que arrastavam multidões como Xuxa e até mesmo Os Trapalhões.

“Hoje temos quase 1 milhão de pessoas na cidade e dizem que é impossível encher o Morenão. É claro que é possível. Basta termos uma estrutura minimamente adequada, bons eventos e uma agenda constante”, argumenta Pedrossian Neto.

Em 2023 o Governo do Estado havia firmado convênio com a UFMS, destinando R$ 9,4 milhões para obras de reforma, que seriam executadas pela Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura). No entanto, apenas R$ 3,6 milhões foram aplicados em melhorias como banheiros, rampas de acesso e estrutura para um museu, mas a obra não foi finalizada. Em 2024, após diversas tentativas de reativar o projeto, a UFMS devolveu o saldo restante, de aproximadamente R$ 7,8 milhões e o termo de fomento foi encerrado.

Para viabilizar a reestruturação do Morenão, o Governo do Estado solicitou a concessão de gestão do estádio à UFMS. O pedido foi acatado institucionalmente pela universidade, mas o processo jurídico da “delegação de uso” ainda não foi finalizado. De acordo com o parlamentar, algumas exigências de retorno feitas pela UFMS acabaram atrasando a formalização da transferência para que o governo iniciasse estudos e busca por investidores.

“Estava tendo algumas divergências entre o UFMS e a Procuradoria Geral do Estado por algumas questões. Por exemplo, a UFMS aprovou a delegação autorizando a passar o estádio para o estado, só que na elaboração do instrumento jurídico, eles estão algumas contrapartidas, por exemplo, que se tiver algum pagamento de outorga que isso vá para a Universidade Federal, só que é o seguinte, eu acho muito difícil ter algum pagamento de outorga, porque é um estádio hoje deficitário, ou que tivesse período reservado para o uso da universidade nesse novo estádio, que tivesse lá tem uma área lá, o Museu do Futebol, o Museu da Ciência, que fosse preservado. Então, era algumas exigências que a universidade fez”, comentou.

Segundo o parlamentar, essas exigências acabariam afastando potenciais investidores e inviabilizando o projeto, por este motivo a transferência da administração do complexo acabou travando. “Eu acho até legítima a universidade fazer isso até. Só que a gente precisa afinar um pouco porque isso acaba afastando o investidor”, disse Pedrossian.

A UFMS abriu mão das exigências abrindo caminho para viabilizar a transferência ao governo do Estado e consequentemente sua concessão à iniciativa privada. “A UFMS já declarou formalmente que é favorável à transferência, mas na prática ainda não assinou o convênio de delegação.

“Me parece que agora vai ter um avanço depois dessas cobranças que nós fizemos. Parece-me que vai ser feito um convênio de delegação sem nenhum tipo de exigência. me parece que todas essas questões estão evoluindo no sentido de caminhar para aquilo que é mais palatável para o mercado, para o investidor. O que eu acho bom”, celebrou o Pedrossian.

Enquanto as questões burocráticas para a transferência do estádio não avançam, m estudo técnico já foi encomendado pela Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) para avaliar a viabilidade de uma reabertura parcial. O órgão fará o diagnóstico das condições atuais do estádio e apresentará um orçamento, mas ainda sem prazo definido para a entrega.

“Precisa primeiro levantar o tamanho do estrago. Só então poderemos avançar. Estamos fazendo essa orçamentação para ver se é possível fazer uma reabertura parcial. No médio e longo prazo, trazer um concessionário privado. No curto prazo, buscar uma reforma mínima para reabrir o estádio. Eu acho muito temerário nessa altura do campeonato falar qualquer prazo aqui porque não dá pra saber o que vamos encontrar pela frente”, ponderou.

Além das melhorias estruturais, como novo sistema de iluminação e recuperação do gramado, o parlamentar acredita que o Morenão deve ser transformado em uma arena multiuso. “Não é só futebol. Podemos ter shows, feiras, congressos, festivais culturais. Um estádio moderno gera receita o ano todo. Em Cuiabá, um show do Guns N’ Roses gerou R$ 20 milhões para a economia local. Por que aqui não pode acontecer o mesmo?”, questiona.

Por fim, o deputado reforça que o Morenão não deve ser visto como um problema, mas como uma oportunidade de desenvolvimento. “Temos um patrimônio gigantesco parado. É um desperdício. O Morenão pode e deve voltar a ser um centro de esportes, cultura e geração de renda para a população. Só precisamos vencer a burocracia e ter coragem para tomar decisões.”

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