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Política

Assassinato do filho único após sequestro marcou a vida de Lúdio Coelho

Marta Ferreira | 22/03/2011 18:19
Lúdio e a esposa, Nilda Coelho: vida impactada pelo assassinato do filho aos 21 anos.
Lúdio e a esposa, Nilda Coelho: vida impactada pelo assassinato do filho aos 21 anos.

A vida do pecuarista e político Lúdio Coelho, falecido hoje, aos 88 anos, foi marcada por um crime que, no ano de 1976, virou notícia em todo o País, o sequestro e assassinato do filho dele, Lúdio Martins Coelho, o Ludinho, aos 21 anos.

A dimensão que o caso ganhou no País ficou registrada em uma canção da dupla Milionário e José Rico, intitulada “Lágrimas que choram”. O refrão dizia que “O Brasil todo sentiu, Mato grosso entristeceu, Campo Grande está de luto pelo filho que perdeu”.

Ludinho foi morto dias após ser sequestrado por uma quadrilha que era integrada por dois oficiais da Polícia Militar, os tenentes Aramis e Machado, um deles comandante da Rádio Patrulha em Campo Grande, por um advogado e um professor. Havia também uma mulher envolvida, que seria amante de um dos bandidos.

Os sequestros não eram crimes comuns no Brasil e por isso o caso ganhou notoriedade nacional. O jovem de família rica e influente teria sido morto por ter reconhecido um dos sequestradores no cativeiro.

Lúdio Coelho, na época era conhecido como banqueiro, rico e poderoso. Sua família era proprietária do então banco Financial, que administrava as contas dos servidores estaduais, que depois foi vendido para o Bamerindus, hoje HSBC. Os Coelhos também eram donos do Hotel Campo Grande, uma novidade na época, que havia trazido para a cidade pequena de Mato Grosso a arquitetura da moda dos anos 70.

Os oficiais da PM que estavam envolvidos no sequestro eram, também, os responsáveis pela investigação, que não andava. O prestígio de Lúdio trouxe para o estado o delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury, personagem conhecido pelas denúncias de tortura durante os governos militares.

A investigação de Fleury chegou à cidade quando Ludinho já tinha sido assassinado. Os culpados foram descobertos, presos, e acabaram quase todos mortos, um deles na saída do presídio.

A partir daí, o crime virou assunto durante anos na cidade e até hoje é citado como um dos casos que mais chocaram a sociedade local.

Desespero- Ludinho era filho único. O impacto do assassinato foi evidente na trajetória de Lúdio e da esposa, Nilda, conhecida mais pelas citações carinhosas e até engraçadas do marido do que pela presença em público.

Nilda criou um lar para crianças em homenagem ao filho, chamado Lar Ludinho, onde são atendidas 120 crianças. Também doou uma área para o Projeto Cidade dos Meninos.

Lúdio falou poucas vezes em público do assunto. Uma delas foi em um debate sobre a pena de morte, em 1999, no Senado. Ele defendeu a pena capital como “legítima defesa da sociedade” contra criminosos como os sequestradores de seu filho.

Contou que, por mais de 10 anos, “ficou desesperado”, e procurou todo tipo de ajuda. “Procurei apoio com Chico Xavier, em Minas, procurei apoio com pessoas que sabiam muito e fui muito confortado por um padre em São Paulo. Ele me disse uma coisa muito interessante: ´Lúdio, a brasa só queima onde cai´. E

é verdade. Uma pessoa só pode entender uma ocorrência dessa natureza se for parte integrante disso”, testemunhou o então senador.

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