Depois de moradores, prefeito manda agentes protestar na Câmara
Depois dos moradores de três bairros, assessores do prefeito Alcides Bernal (PP) dispensaram do trabalho e incentivaram agentes comunitários de saúde a ir, nesta quinta-feira (12), protestar na Câmara Municipal de Campo Grande. Cerca de 50 funcionários, sendo apenas 10 uniformizados, estavam no plenário para pressionar os vereadores.
Sem saber exatamente o que reivindicar, eles garantem que foram liberados do serviço para protestar no plenário. Porém, alguns não tinham ideia do que deveriam “cobrar” dos parlamentares.
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Uma mensagem de texto enviada ao telefone dos funcionários exigia a participação do grupo. O pedido era direcionado ao decreto que aumenta a produtividade dos agentes no SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo a Prefeitura, vereadores tentam impedir a votação e "estariam contra os agentes".
Na terça-feira, Bernal mandou três ônibus levaram moradores dos bairros Novo Mundo, Cidade de Deus e Dom Antônio Barbosa protestar na Câmara contra o legislativo. Eles teriam recebido promessa de receber casa em troca da manifestação.
A agente comunitária Alexandra Pito disse que o grupo já sabia que eles deveriam seguir até a Câmara.
“Fiquei sabendo que era para reivindicar sobre o aumento da produtividade do SUS. A Prefeitura disse que os vereadores é que estão barrando”.
Sem querer dar detalhes, a funcionária da Prefeitura Alice Poth, disse que recebeu uma ligação da gerente avisando sobre o “manifesto”. “Ela disse que eu estava liberada do trabalho, mas que era para vir para Câmara reivindicar auxílio alimentação, mas ninguém explicou o que eu tinha que fazer”, disse.
Enquanto a equipe de reportagem conversava com a agente comunitária, um homem que não quis se identificar, interrompeu a conversa e rispidamente disse que todos estavam lá por “conta própria”. “Para de falar isso”, se dirigiu a agente comunitária. “Ninguém veio reivindicar isso. Viemos só assistir a audiência. Viemos por conta própria”.
O homem ainda disse que os funcionários no legislativo municipal estavam de férias. “Ninguém liberou ninguém”. Questionado pela reportagem sobre as férias, ele respondeu: “Então tem gente faltando trabalho, mas cada um assume a consequência. A gente vai assumir a consequência”.