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Política

Em relatório próprio, vereador pede intervenção imediata na concessão de ônibus

Na Câmara, Maicon Nogueira (PP) elogia relatório final, mas critica falta de nomes de diretores de consórcio

Por Mylena Fraiha | 16/09/2025 13:28

Quatro dias após a apresentação do relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Transporte Público, o vereador Maicon Nogueira (PP) apresentou, na sessão ordinária da Câmara Municipal de Campo Grande nesta terça-feira (16), um relatório separado para citar nominalmente os responsáveis pelo Consórcio Guaicurus e defender a intervenção imediata da Prefeitura na concessão.

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Vereador pede intervenção na concessão de ônibus em Campo Grande O vereador Maicon Nogueira (PP) apresentou relatório separado na Câmara Municipal de Campo Grande contestando pontos do relatório final da CPI do Transporte Público. Apesar de concordar com a maior parte do documento, Nogueira criticou a ausência de nomes de responsáveis pelo Consórcio Guaicurus e defendeu intervenção imediata da Prefeitura na concessão, em vez da arbitragem sugerida pela CPI. Para ele, a intervenção permitiria controle das receitas e despesas do consórcio. O relatório final da CPI, apresentado pela vereadora Ana Portela (PL), recomenda o indiciamento de diretores e ex-diretores do Consórcio Guaicurus, além de ex-dirigentes da Agereg e Agetran, por indícios de improbidade administrativa e outros crimes. A CPI apontou descumprimentos contratuais tanto pelo consórcio quanto pela Prefeitura. O presidente da CPI, Dr. Lívio Leite (União Brasil), defendeu a arbitragem como primeira medida para buscar a troca dos ônibus velhos, enquanto o vereador Junior Coringa (MDB) afirmou que o relatório foi um consenso.

O relatório final da CPI, apresentado pela vereadora Ana Portela (PL),  não cita nomes específicos de dirigentes do consórcio, mas recomenda o indiciamento de “todos os diretores e ex-diretores” por indícios de improbidade administrativa, peculato e até crime contra a vida e a saúde dos usuários.

As recomendações também incluem ex-dirigentes da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) e da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), como Luís Carlos Alencar Filho, ex-diretor de Transporte e Mobilidade Urbana da Agetran, citado por improbidade administrativa e possível prevaricação ao reduzir a frota sem estudos técnicos ou documentos obrigatórios.

Já o ex-diretor-presidente da Agetran, Janine de Lima Bruno, é apontado por omissão na fiscalização do contrato, e os ex-presidentes da Agereg, Odilon de Oliveira Júnior e Vinícius Leite Campo, por falhas na regulação e na aplicação de sanções, permitindo que irregularidades persistissem.

O documento também sugere a instauração de uma arbitragem para buscar um acordo com as empresas do consórcio e, caso não haja consenso, prevê a intervenção no serviço e até a decretação da caducidade do contrato.

Discordâncias - Durante a sessão, Maicon reforçou que "concorda com 99% do conteúdo do relatório", mas discordou quanto à não menção nominal dos diretores e sobre a primeira medida prevista, que seria a criação de uma câmara arbitral para tentar consenso com o consórcio.

“Existem dezenas de processos judiciais nessa relação. Dizer que a câmara arbitral é um passo importante, na minha opinião, não é. A população não quer mais conversa do município com o consórcio”, afirmou o vereador.

Segundo Maicon, a intervenção permitiria ao Executivo indicar um interventor para assumir temporariamente a operação do transporte, monitorar receitas e despesas do consórcio e verificar a destinação do dinheiro arrecadado. “A possibilidade de intervenção não é judicial, mas administrativa. O município, ou, no caso, a prefeita, pode indicar um interventor para entrar no consórcio, continuar com a operação e averiguar o que eles fazem com tanto dinheiro”, disse ele.

As sugestões de Maicon, feitas separadamente do relatório final da CPI, têm quatro páginas. O vereador afirmou ainda que seus pareceres serão encaminhados de forma independente para ciência do Ministério Público de Mato Grosso do Sul.

Ao Campo Grande News, o presidente da CPI, vereador Dr. Lívio Leite (União Brasil), afirmou que era direito de Maicon se manifestar, mas ressaltou que ele havia concordado com o relatório final. “Ele apresentou o voto dele, mas na quarta-feira votou com a gente, aprovando. Na reunião prévia houve consenso. Não sei por que mudou a postura naquela manhã”, comentou.

Também integrante da comissão, o vereador Ademar Vieira Júnior, o Junior Coringa (MDB), reiterou que o relatório foi um consenso. "Ele [Maicon] não assinou o documento final, mas aprovou diante dos pares, demonstrando que concordava com o relatório. O texto já foi enviado ao Ministério Público. Agora, ele tem a prerrogativa de, como vereador, questionar alguns pontos do relatório — isso é um direito dele".

Sobre a intervenção, Lívio disse não acreditar que a Prefeitura consiga gerir sozinha o transporte coletivo de toda a cidade e defendeu que a arbitragem prevista no contrato deve ser a primeira medida, especialmente para viabilizar a troca dos ônibus velhos.

“O que definimos foi que a arbitragem, prevista no contrato como medida judicial, deve buscar consenso e a troca de ônibus. Não havendo solução, existem duas alternativas: a encampação ou a intervenção”, opinou. “A CPI cumpriu o que podia. O transporte coletivo não termina aqui; isso é só o primeiro passo. Agora, os órgãos de controle devem tomar as decisões seguintes”, concluiu.

Para Coringa, a arbitragem será a melhor via por enquanto, com foco na renovação da frota. "O consórcio precisa comprar os ônibus que deve, e a Prefeitura precisa cumprir sua parte. Se cada um fizer sua obrigação, a população terá um serviço de transporte coletivo de excelência".

Relatório final - Após meses de trabalho, o relatório final da CPI do Transporte Coletivo, apresentado na sexta-feira (12) pela relatora Ana Portela (PL), apontou descumprimentos contratuais tanto pelo Consórcio Guaicurus quanto pela Prefeitura, resultando em má prestação de serviços à população.

A comissão pede que o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) investigue a responsabilidade civil, administrativa e criminal dos gestores públicos e privados, apontados como corresponsáveis pela precarização do transporte coletivo.

A apuração analisou a frota, o respeito ao limite de idade média dos veículos (cinco anos), o cumprimento das cláusulas da concessão, eventuais desequilíbrios financeiros e a fiscalização da Prefeitura por meio da Agereg e da Agetran. Também foi considerado o TAG (Termo de Ajustamento de Gestão) firmado no TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado) em 2020.

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