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Política

Gaeco pode investigar vereadores que votaram contra cassação de prefeito

Paulo Yafusso | 04/06/2016 13:02
Durante coletiva à imprensa no último dia 31, o procurador-geral de Justiça, Paulo Passos, disse que as investigações da Coffee Break prosseguem (Foto: Marcos Ermínio)
Durante coletiva à imprensa no último dia 31, o procurador-geral de Justiça, Paulo Passos, disse que as investigações da Coffee Break prosseguem (Foto: Marcos Ermínio)

Mesmo os vereadores que votaram contra a cassação do prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), poderão ser alvos de investigação complementar no âmbito da Operação Coffee Break. Relatório do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) solicita também que seja investigada atuação no processo de votação do afastamento do prefeito os vereadores Paulo Pedra (PDT), Luiz Ribeiro (PPS), Derly Reis, o Cazuza (PP) e os petistas Zeca do PT, Alex do PT e Ayrton Araújo.

Durante entrevista coletiva no último dia 31, ao falar sobre a denúncia oferecida contra 24 investigados na Coffee Break, o procurador-geral da Justiça, Paulo Passos, disse que investigações complementares serão feitas para levantamento de provas de outras pessoas suspeitas de participação no suposto esquema de cassação do prefeito.

Na lista dos que serão investigados estão a vice-governadora Rose Modesto (PSDB), as deputadas estaduais Antonieta Amorim (PMDB) e Graziela Machado, a ex-vereadora Juliana Zorzo e os vereadores Chiquinho Teles, Coringa e Delei Pinheiro (PSD), Vanderlei Cabeludo e Carla Stephanini (PMDB). Embora também tenha participado da sessão de cassação do prefeito, Eliseu Dionísio, não está sendo investigado. Por ser deputado federal, ele tem foro privilegiado e caberá ao Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidir se abre ou não investigação contra o parlamentar.

Com base nas investigações da Coffee Break, o procurador-geral de Justiça Paulo Passos, analisa se há elementos para a abertura de investigação contra os seis (ou alguns deles) que votaram a favor da permanência de Alcides Bernal. Os seis também estão entre os que assinam a Ação Popular que tramita na 2ª Vara dos Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos. É com base na liminar concedida pelo juiz dessa Vara que Alcides Bernal se mantém no cargo.

Como o PPS, partido de Luiza Ribeiro, ocupou a presidência da Funsat (Fundação Municipal do Trabalho) na gestão Bernal e Paulo Pedra, assumiu a Secretaria Municipal de Governo no retorno de Bernal à Prefeitura em agosto do ano passado, deve ser apurado se a ocupação desses cargos teria sido negociado, assim como teria ocorrido com os vereadores que votaram pelo afastamento do prefeito. A denúncia da PGJ aponta que os que votaram pelo afastamento de Bernal receberam cargos ou vantagens financeiras, e indicação de aliados para ocupar cargos na administração municipal.

A defesa – Por meio de nota, a vice-governadora Rose Modesto afirmou que continua “à disposição das autoridades competentes – e da mídia – para esclarecimentos que se fizerem necessários” e reafirma que não foi denunciada pela Procuradoria-geral de Justiça e que “a investigação pelo Ministério Público deriva de um procedimento que já está em curso há quase dois anos”. E diz também que “não há fato novo envolvendo o nome dela para a abertura de qualquer outro procedimento pelo Ministério Público”.

O advogado de Carla Stephanini, Renê Siufi, considera “um blefe” a investigação complementar quanto a participação da vereadora no suposto esquema para cassar Bernal. Antonieta Amorim não quis se manifestar. Já o vereador Chiquinho Teles afirmou que votou com base nas irregularidades apontadas pela Comissão Processante e se precisar vota de novo pela cassação.

O Campo Grande News não conseguiu falar com Juliana Zorzo, Graziela Machado, Delei Pinheiro e Vanderlei Cabeludo. Já o vereador Coringa se manifestou por meio da assessoria. “Tenho minha consciência tranquila, me guio pela transparência e sou comprometido com minha cidade.”, diz trecho da nota encaminhada.

Coringa afirma que votou pela cassação com base nas informações de irregularidades cometidas pelo prefeito Bernal e que são alvos de procedimentos no Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e Tribunal de Contas do Estado, além dos relatórios das CPIs da Inadimplência e o relatório da Comissão Processante.

O Campo Grande News também procurou ouvir os seis que votaram contra a cassação de Alcides Bernal e que podem ser investigados. Paulo Pedra afirmou que passou a ser amigo de Bernal após o afastamento dele e hoje são “espiritualmente irmãos”. Disse ainda, que sempre acreditou no retorno do prefeito e que foi o mentor da Ação Popular que mantém o Bernal na Prefeitura. “A minha contribuição como secretário não foi uma troca, foi uma participação de companheiro”, afirmou.

Luiza Ribeiro considera normal que o Ministério Público investigue todos que participaram da sessão que terminou na cassação do prefeito. Para ela, o relatório final da Coffee Break surpreendeu pela “coragem” do MPE de denunciar o ex-governador André Puccinelli e o ex-prefeito Nelson Trad Filho.

Já o agora deputado federal Zeca do PT considera que, caso o MPE decida por investigar os seis que votaram favoravelmente a permanência de Bernal, será um ato de burrice que tem como objetivo desviar o foco pois “até agora o Ministério Público não apontou que foi o grande mentor da cassação do Bernal”.

O Campo Grande News não consegui contatar os vereadores Derly Reis, o Cazuza, Alex do PT e Ayrton de Araújo.

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