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Política

Senadores dos EUA veem chance de barrar tarifa de Trump contra o Brasil

Em reuniões no Capitólio, parlamentares americanos cobram posição sobre laços com a Rússia

Por Gustavo Bonotto | 29/07/2025 23:25
Senadores dos EUA veem chance de barrar tarifa de Trump contra o Brasil
A comitiva brasileira liderada por Nelsinho Trad, durante encontro com o senador republicano Thom Tillis, da Carolina do Norte, no Capitólio. (Foto: Assessoria)

A missão brasileira que tenta barrar a tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos nacionais ouviu nesta terça-feira (29), no Capitólio, sinais de que a medida pode ser adiada. Ao mesmo tempo, senadores norte-americanos cobraram do Brasil um posicionamento mais claro sobre a importação de petróleo da Rússia, além de questionarem a participação do país no grupo dos BRICs, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

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Senadores americanos sinalizam possível adiamento da tarifa imposta por Trump sobre produtos brasileiros. A informação foi dada durante reunião com comitiva brasileira no Capitólio. Parlamentares republicanos e democratas questionam a legalidade da medida e alertam para o impacto negativo nos consumidores e produtores de ambos os países. A tarifa de 50% incide sobre produtos como café, madeira, suco de laranja e carne. Além da questão comercial, senadores americanos cobraram do Brasil um posicionamento mais firme sobre a importação de petróleo russo. A comitiva brasileira propôs um mecanismo bilateral de rastreamento da origem do combustível, buscando garantir transparência e atender às preocupações americanas. A missão brasileira, que inclui a senadora Tereza Cristina, segue com reuniões em Washington, buscando apoio para barrar a tarifa.

Durante reunião com a comitiva liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), o senador republicano Thom Tillis, da Carolina do Norte, disse acreditar que o “tarifaço” pode ser freado por ações judiciais e avaliou que a proposta representa um erro político. “Vejo espaço real para adiar a entrada em vigor dessa tarifa. Já há questionamentos jurídicos em andamento. Ela vai penalizar consumidores e produtores de ambos os países”, afirmou.

Tillis acrescentou que defendeu o Brasil em reuniões com o Departamento de Comércio e criticou a condução da política econômica de Trump. “A economia não deveria ser usada da forma como conduz o presidente Trump. Essa tarifa não tem base técnica.”

O grupo, que representa o Senado brasileiro, foi recebido por parlamentares de partidos opostos mesmo às vésperas do recesso legislativo dos EUA. Além de Tillis, participaram dos encontros nomes como Tim Kaine (Virgínia), Ed Markey (Massachusetts), Martin Heinrich (Novo México), Chris Coons (Delaware), Mark Kelly (Arizona), Jeanne Shaheen (New Hampshire), Mark Warner (Virgínia) e Jon Ossoff (Geórgia), todos críticos à tarifa.

Heinrich alertou que a sobretaxa já impacta o custo de vida dos americanos, citando alta no café e na madeira, produtos importados do Brasil. “O consumidor sente no bolso. A tarifa pressiona diretamente o setor de habitação e itens básicos. Não temos substitutos internos para muitas dessas importações brasileiras”, argumentou o democrata do Novo México.

Já o senador Kaine afirmou que, caso a proposta de Trump avance, pretende forçar uma votação no Senado. “Se a Casa Branca notificar o Congresso sobre a tarifa, vamos reagir politicamente. Isso prejudica não apenas o Brasil, mas nossa própria economia.”

A deputada democrata Sydney Kamlager-Dove, da Califórnia, também se posicionou contra a tarifa e propôs ampliar a articulação com outros caucuses do Congresso. “Precisamos de uma frente ampla para conter esse retrocesso. Café, suco de laranja, carne: tudo isso vai encarecer. A comunidade brasileira na Califórnia também será atingida”, declarou.

No campo diplomático, senadores dos dois partidos pediram garantias sobre a origem do petróleo importado pelo Brasil. “Não estamos aqui para exigir rompimento diplomático, mas precisamos de garantias sobre a origem do petróleo importado. A guerra na Ucrânia é uma preocupação estratégica dos EUA”, disse o senador Chris Coons.

Mark Kelly reforçou o pedido: “Sabemos da posição autônoma do Brasil, mas buscamos parceiros que compartilhem valores democráticos. A rastreabilidade do petróleo é uma demanda razoável.”

Parlamentares americanos também questionaram a posição do Brasil no grupo dos BRICS, apontando que a presença do país ao lado de Rússia e China levanta preocupações quanto à segurança e à transparência nas relações comerciais.

A comitiva brasileira respondeu propondo um mecanismo bilateral de rastreamento da origem do combustível. “O Parlamento brasileiro é independente e está aberto a debater soluções técnicas. Transparência regulatória é prioridade”, declarou Nelsinho Trad.

Para o senador, que preside a Comissão de Relações Exteriores, o engajamento bipartidário nos encontros demonstra “reconhecimento da importância estratégica da parceria com o Brasil”. “Estamos tratando de interesses mútuos, com dados concretos. Não é uma missão de confronto, é de construção de soluções”, afirmou.

A conversa entre parlamentares segue até esta quarta (30), com reuniões com setores produtivos.

Viagem aos EUA - A missão parlamentar, que conta com a participação da senadora Tereza Cristina (PP), tenta convencer autoridades e empresas dos Estados Unidos a pressionarem pela retirada da proposta, vista como uma retaliação às políticas ambientais do governo brasileiro. Para isso, o grupo de oito senadores tem apresentado estudos com o impacto da medida em diferentes regiões dos EUA.

“Cada senador recebe um relatório mostrando quais os dez produtos que seu estado mais importa do Brasil e como a tarifa afeta isso. Quando mostramos com números, o diálogo acontece", destaca Nelsinho.

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