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Economia

Feijão de corda se adapta ao Pantanal e poderá ser cultivado para alimentação

Renata Volpe Haddad | 18/01/2017 08:37
Amostra do feijão biofortificado Xique-Xique, que se adaptou bem à região. (Foto: Nicolly Dichoff)
Amostra do feijão biofortificado Xique-Xique, que se adaptou bem à região. (Foto: Nicolly Dichoff)

Em um experimento realizado pela Embrapa Pantanal em Corumbá, foi constatado que o feijão de corda biofortificado se adaptou bem às condições climáticas da região, com alta produtividade e resistência a doenças, sendo que as sementes do primeiro plantio já foram multiplicadas.

Ao pé da letra, biofortificados significam alimentos mais nutritivos, pois passaram por um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, também chamado de melhoramento genético convencional.

Embora as pesquisas estejam completando 10 anos no Brasil, na região de Corumbá os testes começaram em 2016, porém têm sido promissores. Foram plantados quatro acessos de feijão BRS, cultivares disponibilizados pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, e dois feijões comerciais, no sítio Luz Divina no assentamento Taquaral.

De acordo com o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pantanal, José Aníbal Comastri Filho, o objetivo era verificar a adaptação ao clima e aos solos da região. "Como as amostras recebidas continham poucas sementes, esta primeira etapa foi conduzida com o objetivo de multiplicá-las para em seguida, após colheita, realizarmos a sua distribuição para outros produtores parceiros localizados em outros assentamentos, com a função de verificar a sua adaptação", alega.

As variedades plantadas foram BRS Estilo e BRS Cometa, ambas do tipo carioquinha, e BRS Esteio, de feijão preto. As variedades comerciais foram: feijão Amendoim, muito cultivado no Espírito Santo, devido à sua boa produtividade, e Feijão Manteigão Vermelho. A pesquisa contou ainda com a introdução do BRS Xique-Xique, uma variedade de feijão de corda, proveniente da Rede BioFORT. "É um feijão que está se adaptando muito bem às nossas condições, com alta produtividade e resistência a doenças", aponta Comastri.

O pesquisador da Embrapa Pantanal, Frederico Lisita, que acompanha os plantios, confirma que a variedade BRS Xique-Xique apresentou bons resultados na região. "Já estamos replantando para distribuir as sementes nos assentamentos", disse ele.

As variedades BRS Cometa e BRS Estilo (tipo carioquinha) são plantadas em abril ou início de maio, quando as temperaturas estão mais amenas. Como o ciclo é de três meses, a colheita ocorre em julho. "O Xique-Xique dá mais catas. Colhemos a primeira em três meses e continuamos colhendo durante seis a sete meses", afirma Lisita.

Essa variedade de feijão de corda é pequena, mas chega a dobrar de tamanho se for colocada de molho, antes do preparo. Sobre a resistência às pragas, a Xique-Xique passou intacta no ano passado. Já as outras duas sofreram um pouco com pulgão, mas as caldas verdes conseguiram controlar o problema.

Rede - A Rede BioFORT, citada por Comastri, é coordenada pela Embrapa e reúne todos os projetos de biofortificação de alimentos no Brasil. Para a pesquisadora da empresa e responsável por liderar a rede, Marília Nutti, a região Centro-Oeste brasileira tem sido estratégica para o aumento da produção de biofortificados.

E esses resultados ocorrem graças ao fortalecimento de parcerias como as firmadas com a Embrapa Pantanal e a Empaer (Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural), em Mato Grosso. "Ambas vêm desempenhando um importante papel de transferência de tecnologia nas comunidades locais", afirmou.

Marília explica que a biofortificação consiste em um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivos. "No melhoramento convencional, não ocorre incorporação de genes de outro organismo ao genoma da planta, sendo necessária a realização de repetidos cruzamentos até atingir o cultivar melhorado desejado."

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