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Economia

Lavouras de Dourados utilizam de 24 a 30 litros de agrotóxicos por hectare

Renata Volpe Haddad | 17/08/2015 18:00
Seminário reuniu oito palestrantes e muitos produtores, agricultores e especialistas da área. (Foto: Renata Volpe Haddad)
Seminário reuniu oito palestrantes e muitos produtores, agricultores e especialistas da área. (Foto: Renata Volpe Haddad)

Quanto maior produção agrícola em determinada região, maior é o uso de agrotóxico. Em 2011, o Brasil consumiu 1 bilhão de litros de agrotóxicos e passou a ser o campeão mundial de uso de produtos agroquímicos. Em Mato Grosso do Sul o uso é de cerca de 80 milhões de litros do fitossanitário, sendo que cada habitante consome 30 litros.

Quem afirma isso é o professor doutor da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) Wanderlei Antônio Pignati, durante o 1º Seminário sobre os Impactos dos Agrotóxicos na sociedade, realizado na Assembleia Legislativa, na tarde hoje.

Durante a palestra, Pignati informou que o município de Dourados está mergulhado na plantação de soja, milho e algodão, sendo que para cada hectare da plantação de algodão, são introduzidos de 24 a 30 litros de agrotóxicos em apenas uma safra. "Também em Mato Grosso do Sul, temos Chapadão do Sul, São Gabriel do Oeste, Bandeirantes e Maracaju que são grandes produtores e com isso, utilizam muitos produtos agroquímicos", enfatizou.

Os dois Estados que são grandes produtores de grãos do país e de que o Pantanal faz parte, precisam ter atenção e vigilância sanitária, pois todas as nascentes que abastecem a bacia do rio Paraguai, nascem dentro da plantação de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar.

Outro fator discutido foi o sobre o registro destes agrotóxicos que alguns têm mais de 50 anos, e em comparação com os Estados Unidos, a permissão para o uso dos fitossanitários é de 10 anos. "Enquanto isso, aqui no Brasil, estamos tentando reavaliar 14 agrotóxicos desde 2008, falta pouco para completar 10 anos e vamos conseguir proibir apenas 4 destes", explicou.

Dourados está mergulhado na plantação de soja, milho e algodão, sendo que para cada hectare da plantação de algodão, são introduzidos de 24 a 30 litros de agrotóxicos em apenas uma safra. (Foto: Hypescience/Divulgação)
Dourados está mergulhado na plantação de soja, milho e algodão, sendo que para cada hectare da plantação de algodão, são introduzidos de 24 a 30 litros de agrotóxicos em apenas uma safra. (Foto: Hypescience/Divulgação)

Alimentos e água potável – Pignati afirmou que apenas 1/3 dos alimentos consumidos não possuem agrotóxicos, de acordo com o PARA ( Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos) do Ministério da Saúde, que analisa 20 alimentos que os brasileiros consomem. "Sendo assim, 1/3 disso tem agrotóxico, por exemplo na alface e 1/3 possui produtos agroquímicos acima do permitido", ressaltou.

O trabalho de conscientização que vem sendo realizado, demonstra grande preocupação, tanto pela contaminação dos alimentos e o controle do uso do agrotóxico, pois os alimentos e a água estão sendo contaminados. De acordo com o SISAGUA, também do Ministério da Saúde que analisa a água consumida no país, aponta que das 1.568 cidades que mandaram informações da água potável, 21% apresentou resíduos de agrotóxico.

Controle – Um dos palestrantes do Seminário foi o pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Luiz Cláudio Meirelles. Ele explicou que para que possa existir um controle nesse uso demasiado, precisam ser pensadas em novas tecnologias. "E com isso utilizando menos ou nem agrotóxico e que sejam eficientes em matar pragas, sem prejudicar a saúde dos seres humanos", comentou.

Intoxicação e doenças – Professora do Inca (Instituto Nacional do Câncer), Márcia Sarpa Campos Mello, palestrou sobre as doenças e intoxicações que o agrotóxicos vem causando no Brasil. "Há uma subnotificação da intoxicação aguda porque nos serviços de saúde muitas vezes os sintomas são confundidos com uma virose. Em 2013, houve 5.500 casos registrados. A Organização Mundial de Saúde estima que, para cada caso notificado, outros 50 não foram comunicados", explicou.

Conforme Márcia, atualmente o câncer é a 2º doença que mais mata no Brasil. O Inca estuda a incidência da doença e de acordo com pesquisa realizada em 2014, este ano 576 novos casos de câncer estão surgindo neste ano. "O que causa isso é a exposição das pessoas de riscos ambientais. Nos homens, o tipo de câncer mais comum é o de próstata, que é desenvolvido por um problema hormonal, mesmo caso que acontece nas mulheres, que o câncer mais comum é o de mama", ressaltou.

Determinada por lei, pulverização aére tem que ser feita longe de lagos, distante 500 metros de escolas e moradias. (Foto: Atribuna MT/Divulgação)
Determinada por lei, pulverização aére tem que ser feita longe de lagos, distante 500 metros de escolas e moradias. (Foto: Atribuna MT/Divulgação)


Seminário – Este foi o primeiro Seminário sobre os Impactos dos Agrotóxicos na Sociedade. O evento levantou discussões sobre a relação do aumento do índice de câncer no país, que dobrou nos últimos 20 anos, com o uso incorreto dos agrotóxicos, também discutiu a fiscalização na liberação novos agrotóxicos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para aprovação de novos venenos no Brasil.

Foram oito palestrantes que reuniu produtores, agricultores e especialistas da área da Assembleia Legislativa. O deputado federal Zeca do PT, e os deputados estaduais Amarildo Cruz e Pedro Kemp, ambos do mesmo partido, propuseram o evento pensando no crescimento da vendas dos agrotóxicos e pensando que em Mato Grosso do Sul, a entrada destes produtos pela fronteira seca, que é o Paraguai, é mais fácil e não tem fiscalização.

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