Depois da pressão arterial, nova diretriz muda parâmetros da obesidade
Avaliação passa a incluir calculadora que mede risco de infarto e AVC em até 10 anos
Depois da pressão arterial, agora diretriz muda os parâmetros do que é obesidade. Cinco entidades médicas brasileiras lançaram nesta sexta-feira (19) um protocolo conjunto para o tratamento da obesidade, com foco na prevenção de doenças cardiovasculares. Você até poderia achar que não corria risco. Ontem,nova classificação fixou pressão arterial de 12 por 8 como pré-hipertensão.
RESUMO
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Cinco entidades médicas brasileiras lançaram novo protocolo para tratamento da obesidade, focando na prevenção cardiovascular. A principal mudança estabelece que pacientes com sobrepeso ou obesidade, entre 30 e 79 anos, devem passar por avaliação de risco cardiovascular individual através da calculadora Prevent. O protocolo redefine parâmetros de exames cardíacos e estabelece metas de emagrecimento: 5% do peso para casos de menor risco e 10% para risco moderado ou alto. A diretriz também considera tratamentos modernos, como semaglutida e tirzepatida, para casos graves. A obesidade afeta 31% dos brasileiros e 1 bilhão de pessoas globalmente.
Hoje, a iniciativa de alteração é da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) e ABS (Academia Brasileira do Sono), apresentado no Congresso Brasileiro de Cardiologia, em São Paulo.
O principal avanço é que todo paciente com sobrepeso ou obesidade, entre 30 e 79 anos, deve passar por uma avaliação de risco cardiovascular individual. Isso significa que o médico não vai olhar apenas para o peso ou o IMC (Índice de Massa Corporal), fórmula utilizada até então em todo o mundo para avaliar se a pessoa está dentro do peso considerado saudável. O cálculo é feito dividindo o peso, em quilos, pela altura, em metros, elevada ao quadrado. Exemplo: uma pessoa com 70 quilos e 1,70 metro de altura tem IMC de 24,2.
O IMC considerado normal é o que fica entre 18,5 e 24,9. Valores abaixo de 18,5 indicam baixo peso, enquanto de 25 a 29,9 já apontam sobrepeso. Quando o índice está entre 30 e 34,9, a classificação é de obesidade grau I; entre 35 e 39,9, obesidade grau II; e acima de 40, obesidade grau III, também chamada de obesidade mórbida.
Com a mudança, esses dados serão reunidos em uma ferramenta chamada calculadora Prevent, desenvolvida pela Associação Americana do Coração. Nela entram dados como pressão arterial, colesterol, glicemia (açúcar no sangue), idade e histórico de saúde
O software indica se a pessoa tem risco baixo, moderado ou alto de sofrer infarto, AVC ou insuficiência cardíaca nos próximos dez anos. Assim, o tratamento passa a ser guiado por números e não apenas pela balança.
A diretriz também redefine os limites de atenção para exames que medem o esforço do coração, como NT-proBNP e BNP. Em pessoas sem obesidade, o alerta aparece quando o resultado passa de 125 pg/mL. Já em quem tem IMC acima de 35, o sinal de risco surge muito antes, a partir de 50 pg/mL.
Metas de emagrecimento
Outra orientação é sobre o quanto cada paciente precisa emagrecer: Em casos de menor risco, perder 5% do peso já traz benefícios. Para quem tem risco moderado ou alto, a recomendação é de 10% de perda de peso.
Os médicos também são encorajados a considerar tratamentos modernos quando o risco de complicação é elevado. Entre eles estão medicamentos como a semaglutida (Ozempic) e a tirzepatida (Mounjaro), que têm alta eficácia na perda de peso. Apesar do custo elevado, especialistas ressaltam que o uso deve ser direcionado a quem mais precisa.
A obesidade atinge 31% da população brasileira e 1 bilhão de pessoas no mundo, com previsão de crescimento até 2050.