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A urgência de se preparar bons estadistas

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 20/11/2014 15:01

A partir dos anos 1960, houve uma guinada no comportamento das novas gerações e o Brasil caiu numa rota de declínio. Naquela década, especificamente, a juventude brasileira estava dividida: uma parte era fã de Che Guevara, queria a revolução e o socialismo; enquanto a outra, induzida pelos meios de comunicação, buscava os prazeres da vida devassa, entregando-se aos pendores sem comprometimentos mais nobres.

Com o golpe de 1964, o Brasil, que despontava com um futuro promissor, hibernou em berço esplêndido. O que se poderia dizer do período dos militares é que depois do governo de Getúlio Vargas, foram os únicos que demonstraram se preocupar com o futuro do país, embora pouco depois descambaram nas vaidades, tirania, e caíram na armadilha dos empréstimos externos.

Os humanos são desiguais como o demonstra o nível e a qualidade das aspirações, e que atualmente se acham em declínio. No mundo, as oportunidades diminuem. Não há compartilhamento equilibrado entre o trabalho e a riqueza produzida. A população vai sendo nivelada por baixo e induzida a perder as esperanças de melhora. A situação tende a se tornar cada vez mais complicada. Enfim, o conjunto de variáveis aponta para o aumento da desigualdade e inconformismo.

Enfrentamos a estagnação econômica que avança pelo mundo, e fica mais difícil sair do subdesenvolvimento. Faltam estadistas e melhor preparo. As novas gerações são impacientes, sem humildade, querem resultado imediato com mínimo esforço.

Ficamos deprimidos quando vemos as misérias do Brasil. Muitas pessoas evitam falar em política, exatamente porque não veem sinceridade e lealdade nos políticos, em sua maioria atrelados a algum grupo de interesse. Mas no embate democrático é imprescindível que haja partidos fortes, organizados, com plataformas claras e coerentes na promoção do progresso real e na melhora das condições gerais de vida.

Poucos políticos falam da importante questão que se relaciona com o câmbio, e o equilíbrio das importações e exportações. Se não houver negociação e acordo global, muitas indústrias e os respectivos empregos que geram vão acabar virando pó, por não terem como competir no predatório mercado global. Ademais, com a escassez de recursos naturais, está na hora de um consumo mais prioritário, com redução dos supérfluos. Isso exige educação e preparo.

Algo de sadio está sendo retirado da vida humana e de seu meio ambiente. A cobertura vegetal se reduz. O solo sofre erosão, as águas diminuem e ficam poluídas; pragas e viroses começam a atingir as espécies animais e vegetais que se prestam à alimentação humana. Continuamos sendo fonte de reserva de madeira e minérios para outros países. Mas apesar de tudo, a Terra ainda continua dando acolhimento e oferecendo alimentos, água e ar que sustentam a vida. Porém, os seres humanos recebem as dádivas com insatisfação e descontentamento, sem retribuir com um agradecimento sincero.

Visivelmente, o trem das decisões humanas se acelera, prenunciando que os terminais da insegurança e dos sofrimentos vão ficando cada vez mais próximos. Haverá tempo para a mudança para outro trem que vá ao encontro de paragens sadias, mais iluminadas e pacíficas?

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, e associado ao Rotary Club de São Paulo. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros “ Conversando com o homem sábio”, “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”, e “2012...e depois?”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

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