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Economia doméstica é com a mulher mesmo!

Por Jeovah de Moura Nunes | 04/12/2011 08:05

A mulher dona-de-casa administra o seu lar. Isto envolve muitas funções. Ela cozinha, lava, esfrega, varre, arruma as camas, os quartos, às decorações interiores colocam arranjos floridos em locais estratégicos, vai às compras, vigia as crianças e trabalha duro dentro de seu mundo, que é o lar. O tempo é o seu principal adversário. Por isso, a dona-de-casa tem a decisão de dividir esse tempo limitado para realizar cada uma das tarefas. Distribui o seu tempo de tal maneira que acaba por conseguir uma combinação harmoniosa. Dificilmente um homem consegue isso. Não que lhe seja avesso, ou não seja definitivamente capaz. É que a maioria dos homens não tem a pratica. Mas, existem homens do lar. E se ele teve um pouquinho de estudo, vai descobrir que essa administração do lar, realizada harmoniosamente pela mulher, chama-se “Economia Doméstica”.

A economia de um país nada mais é do que a amplificação dessa idéia de economia doméstica. Os Estados também. Os municípios idem. Entre as características de uma economia capitalista está a obrigação, mais do que justa, dos diversos níveis de governos de cuidarem do bem-estar material do povo. Neste bem-estar, além de tornar tão grande quanto possível a soma total das mercadorias e serviços produzidos, deve se empenhar na geração de empregos dentro do núcleo social, grande ou pequeno, que administra, sem o exagero do nepotismo.

Como surge o emprego? Podemos afirmar, grosso modo, que surge o emprego quando se gasta dinheiro. Quando o povo tem dinheiro para gastar. Gastos realizados com produtos, com bens de consumo. Todo o gasto feito com investimentos em ações e outros no mercado financeiro não geram oportunidades de emprego. Pode gerar um crescimento dos gordos olhos dos mesmos oportunistas de sempre. Não o emprego que gera mais emprego. Este é o emprego do trabalhador que recebe seu salário, gasta em mercadorias e serviços, circulando a moeda e trazendo novas oportunidades de emprego.

Em nossa longa travessia no comércio adquirimos o conceito de que esmola nunca deve ser dada. A maior e melhor esmola – se é que seja esmola – é a arte de comprar. Comprar bem, escolhendo, pechinchando ou não. Todos ganham quando algo é vendido. Mas, algo que venha de uma efetiva produção. O trabalho é abençoado e o salário será respeitado, quando o gastamos, porque sabemos o quanto custou. Na venda também sentimos as benesses, quando o lucro, mesmo pequeno, ocasiona mais oportunidades de empregos, quando renovamos nosso estoque. Esta é a verdadeira esmola, que não é esmola, porque é digno. Mas, comovem da mesma forma as pessoas mais experimentadas na vida.

Já a mendicância – que no Brasil se tornou uma indústria – constrange a quem doa e a quem recebe, quando ambos têm vergonha. Se quem recebe perde a vergonha passa a fazer disso uma profissão. Quem dá dificilmente dá sem boa vontade. A mendicância, na verdade, envergonha a todos nós, porque simplesmente é a estatística viva de nossa pobre economia brasileira, onde o verdadeiro dinheiro só circula nas altas esferas. Nas baixas esferas vemos apenas a sombra do “Money”.

A queda na arrecadação dos municípios em todo o país, inclusive aqui em Jaú, onde moro, chegou a 30%, segundo o secretário de Economia e Finanças, o qual afirmou ser o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) um dos vilões, na queda da arrecadação, chegando a redução por acumulação no final do ano de até 40%. Bom, resta saber, e para isso as Câmaras dos vereadores já foram acionadas em muitas cidades para a verificação se houve mesmo redução na arrecadação, ou se foram as despesas que exorbitaram. Como no caso aqui de Jaú onde a dinheirama foi gasta até em rojões e festas idiotas. A Prefeitura pode estar sendo administrada sem aquela economia, que até uma dona-de-casa comum sabe. As despesas podem estar maiores do que as receitas com certeza, além de pagar funcionários não concursados, mas sim protegidos pelos políticos de plantão. Isto é uma ocorrência que funciona vergonhosamente até em cidades desconhecidas dos sertões nordestinos. Imagine-se nas grandes e médias cidades deste país onde a roubalheira é uma arte de vagabundos.

A ocorrência em todo o país leva-nos a acreditar na má administração das prefeituras. Não que seus respectivos prefeitos sejam incapazes, mas na falta de memória deles de que a administração municipal, salvo raras exceções, em todos os lugares do Brasil, transformou-se apenas num enorme cabide de empregos. São raríssimas as prefeituras onde os parentes dos secretários e outros funcionários não se trombam pelos corredores. E todos nós sabemos que aqui em Jaú não é diferente. O contribuinte paga com o seu parco salário uma infinidade de impostos que não produzem o suficiente para merecerem o que recebem, visto que os gastos são realizados sem o conhecimento da população que pagou caro. É quase uma espécie de doação de empregos a quem não consegue sobreviver fora das asas do poder público. São os chupins da vida brasileira, ou os malandros que na falta de emprego fica amiga do prefeito e ganha os empregos que desejar, minando uma arrecadação até boa, mas que vai para o lixo. Talvez seja isto: em vez da suposta redução da arrecadação haja uma provável fruição do dinheiro público pelo ralo do nepotismo.

Melhor seria às nossas mulheres nas prefeituras. Isto em decorrência da economia doméstica ser com a mulher mesmo e não com os homens. Nós, homens, somos gastões. As mulheres são precavidas e estão sempre pensando no futuro, nem que seja o futuro de uma hora apenas. Ela, a mulher, semelhante a leoa, ou à onça considera em primeiro lugar uma economia real e previdente sem descanso. Não é à toa que certos animais têm vidas longas e com fartura, enquanto nós, os homens costumamos passar necessidades em razão dos nossos próprios erros e desacertos. E ainda assim nos gabamos de sermos os verdadeiros protetores de nossas riquezas, quando esta riqueza está indo para brejo. Vivam, pois as MULHERES as verdadeiras economistas porque sem elas até os homens passariam fome!

(*) Jeovah de Moura Nunes é escritor e jornalista.

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