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Esse papa...

Por Heitor Freire (*) | 31/07/2013 08:45

Na última semana, o Brasil todo acompanhou com muito interesse a programação da visita do papa Francisco para presidir a Jornada Mundial da Juventude. Ele, que desde o anúncio do seu nome para o exercício do papado, chamou a atenção de todos e não unicamente dos católicos, impressionou muito pela simplicidade, pela escolha do nome, por ser o primeiro papa jesuíta e pela maneira com que está conduzindo a Igreja Católica. É também o primeiro papa oriundo da América Latina

Ao decidir a dispensa de um avião só para conduzi-lo e embarcar em avião de carreira, subindo a escadaria conduzindo a sua maleta de viagem, já causou novo impacto. O homem realmente tem uma postura muito diferente dos papas anteriores.

Ao chegar ao Brasil, decidindo por um percurso diferente do que havia sido programado enlouqueceu, os homens encarregados de sua segurança: com os vidros do carro abertos saudando a todos com simpatia, conquistou de vez aqueles que tiveram o privilégio de assistir a essa Jornada que, longe de ser um acontecimento voltado unicamente para a juventude católica, se transformou num mega evento.

Inclusive mudou toda a grade de programação da mídia, que se viu obrigada a deslocar equipes para o acompanhamento dos trabalhos. A Rede Globo deixou de transmitir a corrida de fórmula 1 da Hungria para não deixar de acompanhar, ao vivo, todo o evento.

Na chegada ao Palácio Guanabara sendo recepcionado pela presidente Dilma, que já o havia acolhido ao descer do avião, o papa marcou a sua maneira de agir, com o seu discurso: “Não tenho ouro nem prata, mas lhes trago o que tenho de mais precioso: Jesus Cristo”.

Nesse episódio, registrei um fato que considero lamentável: a atitude do ministro Joaquim Barbosa que, ao ser apresentado ao papa pela presidente, ignorou-a olimpicamente, demonstrando dessa maneira um comportamento agressivo e que não tem a dignidade do cargo. Perdeu muitos pontos. Enfim, cada um dá o que tem.

Nestes tempos de intensa e movimentada manifestação pública por todo o país, em que todas as autoridades se recolheram, o papa, ao contrário, se expôs de forma explícita e total. Partiu de forma espontânea e franca ao contato direto com o povo, recebendo presentes, beijando crianças, aceitando até um solidéu que lhe foi ofertado e que imediatamente trocou pelo que usava.

É interessante também a orientação que deu para um pedido a Santa Clara para que não chovesse. Quando minhas filhas eram pequenas e o domingo se apresentava chuvoso, como queriam ir à piscina do Rádio Clube, elas colocavam um ovo na janela do lado de fora. Sempre deu resultado.

Participou ativamente de toda a programação. Apesar de sua idade, em nenhum momento demonstrou cansaço. Pelo contrário se percebia claramente em sua expressão facial a alegria de que estava tomado, do entusiasmo em todos os lugares.

É interessante que apesar da programação extensa, em nenhum momento se observou uma saída sua para ir ao banheiro, manteve-se firme e atento a tudo o que acontecia, demonstrando assim uma firmeza e uma disciplina exemplares.

Para fechar com chave de ouro, a entrevista que concedeu a jornalistas no vôo de volta para Roma: uma hora e vinte minutos. A maior entrevista que um papa já concedeu à imprensa e sem perguntas selecionadas, respondeu a todas, sem tergiversar, sem enrolar, sendo muito claro e objetivo em todas as questões que lhe foram apresentadas. Por exemplo, a posição da Igreja com referência aos gays, acolhendo-os como filhos verdadeiros de Deus que são, sem nenhuma discriminação. Respondeu também às questões de pedofilia e sobre os problemas do Banco do Vaticano.

Enfim, um papa que está fazendo história e que, certamente, vai contribuir e muito para uma nova abordagem da forma de agir da Igreja Católica.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

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