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Higiene Bucal: brasileiros ainda têm dificuldades para passar fio dental

Por Marcelo Sarra Falsi (*) | 15/09/2014 10:37

Apesar do grande número de informações acessíveis nos dias de hoje, ainda é possível se notar o quanto o uso do fio dental é “lembrado”, mas ainda abandonado nos hábitos de higiene oral dos brasileiros. Para a população, escovar os dentes é primordial, porém, se esquecem de que o fio dental na verdade é o maior aliado das cerdas das escovas – que neste caso, dificilmente atingem os diversos espaços localizados entre os dentes. É aí também onde menos enxergamos que se acumulam as placas, responsáveis pela enorme presença bacteriana causadora de cáries, gengivite, entre outros problemas bucais e no restante do corpo.

Em um estudo realizado em 2013, no Instituto CIOB – um centro de desenvolvimento de pesquisa aplicada – pudemos avaliar que a informação sobre o uso praticamente exclusivo da escova dental surgia automaticamente nas perguntas realizadas (anamnese), durante o processo de triagem de pacientes das classes C e D. Todos eram pacientes que procuraram a instituição para a reabilitação com implantes dentários. O tema nos direcionou também a fazer os mesmos questionamentos para pacientes em consultórios particulares, no entanto, estes pertencentes às classes A e B.

O resultado da pesquisa mostrou que, impressionantemente, o problema da desinformação sobre a necessidade do uso de fio dental, junto ao processo de higienização, aliado à escova de dente, atinge todos os níveis sociais cuja a separação dá-se por características bem diferentes, como veremos a seguir:

Em universo de 150 pacientes que pertencem às classes C e D, 60% não apresentavam condições financeiras de comprar o fio dental. Ainda, 38% deste público tinha o hábito de palitar os dentes; e 15% desconhecia o fio dental. Apenas 25% responderam que faziam uso diário, sendo que na grande maioria casos de forma incorreta.

Em clínica particular, num ambiente de 50 pacientes pertencentes às classes A e B, 60% relataram não possuir o hábito do uso diário do fio dental, além de utilizarem de forma inadequada o dispositivo de higiene bucal; O restante dos 40%, apesar do uso diário, pode-se observar na pesquisa que apenas 15% dos usuários sabiam utilizar o fio dental de forma correta – 80% procuram o atendimento clínico por questões preventivas e apenas 20% para reabilitações sobre implantes.

Apesar das boas condições financeiras alegaram que a falta de tempo, esquecimento e até o stress colaboraram para a queda do hábito. Por isso é importante salientar que além da escovação, o fio dental é um importante aliado na diminuição do acúmulo de placa bacteriana, esta inclusive altamente nociva para o organismo.

Estudos científicos apontam que a inexistência do hábito ou a queda dele faz com que o indivíduo deixe de realizar até 40% da sua escovação diária, permitindo um crescimento bacteriano silencioso. De forma cumulativa e crônica, não usar fio dental promove degenerações dos tecidos gengivais, resultando também em grandes perdas ósseas – estas, na maioria das vezes irreversíveis.

A conclusão é que tais evidências reacendem um importante alerta para a população menos favorecida, que acha normal perder um ou mais dentes e ainda, sobre como utilizar métodos preventivos de saúde bucal – tema este exaustivamente discutido e divulgado dentro da comunidade científica. Porém faltam ainda muitas informações, originária da grande falta da cultura preventiva que certamente poderá ser melhorada, também, através de programas comunitários. São eles que precisam gerar estas informações e acessibilidade aos produtos de higiene básicos, como é o caso do fio dental.

(*) Marcelo Sarra Falsi é dentista e especialista em Implantodontia. Pesquisador, é professor-coordenador do Curso de Implantodontia do Instituto CIOB, centro de desenvolvimento de pesquisa aplicada.

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