ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 16º

Artigos

Médicos importados, mais uma cortina de fumaça

Por Renato Azevedo Júnior (*) | 08/07/2013 10:20

“Novamente o governo escamoteia os reais motivos da dificuldade apresentada por prefeituras em fixar médicos”.

O Cremesp posicionou-se com firmeza e tomará todas as medidas necessárias para re­chaçar a anunciada decisão do governo federal de importar médicos estrangeiros, a começar por 6 mil cubanos, que atuariam no Brasil, sem necessidade de passar pelo devido processo de revalidação de diplomas.

Novamente o governo lança uma “cortina de fumaça” para escamotear os reais motivos da dificuldade apresentada por prefeituras em fixar médicos, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do País.

Chega a ser amoral tal proposta, arquitetada pelo mesmo governo que impediu a aprovação de mais recursos para o SUS, negando a des­tinação de 10% das receitas da União para a Saúde, na ocasião da regulamentação da Emenda Constitucional 29.

O mesmo governo também engavetou uma proposta elaborada e factível da “Carreira Especial no âmbito do SUS para profissionais de saúde da atenção básica em áreas de difícil acesso e provimento.”

A opção pelo atalho, além de demagoga, é ilegal, pois passa por cima das regras instituídas de revalidação de diplomas estrangeiros e de registro nos Conselhos de Medicina, requisitos para alguém ser médico no Brasil. É uma decisão perigosa, pois expõe a riscos pacientes mais carentes, que serão tratados por médicos inabilitados, produzindo uma Medicina de segunda classe.

A obsessão do governo federal em promover o aumento da quantidade de médicos a qualquer custo, inclusive manipulando dados, trará prejuízos irrever­síveis para o sistema de saúde.

E a qualidade dos médicos? Em 2013 teremos mais uma edição obrigatória do Exame do Cremesp, que julgamos ser uma contribuição relevante do Conselho pau­lista para pautar a discussão da má qualidade da formação médica no Brasil. Seguiremos defendendo a implantação de uma avaliação externa e independente das escolas médicas, por meio de um exame nacional de egressos que condicione o registro à comprovação de conhecimentos mínimos necessários ao exercício profissional.

Também em 2013 vai acon­tecer o novo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de Medicina. O Cremesp apoia a iniciativa do MEC, mas ressalta que tal instrumento, devido a pressões políticas e interesses particulares, não tem sido suficiente para a suspensão definitiva de vagas e fechamento de escolas mal avaliadas.

Defendemos como saída uma combinação de medidas que inclua maior financiamento para o SUS, plano de carreira para os médicos, melhores condições de trabalho, manutenção do Revalida e ações efetivas para enfrentar a deterioração do ensino médico no País. Chega de medidas irresponsáveis e eleitoreiras.

(*) Renato Azevedo Júnior é presidente do Cremesp - Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.

Nos siga no Google Notícias