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Minha missão

Heitor Freire (*) | 28/11/2020 11:01

A vida é uma sucessão de acontecimentos e situações que vão se realizando no tempo e no espaço e nos proporcionam a oportunidade de aprendizado, conhecimento, realização e participação – ativa ou passiva – para contribuirmos e efetivamente dizermos a que viemos. Por que e para que estamos aqui. E isso obedece a um encadeamento natural, do qual poucas vezes nos damos conta.

Para que tudo isso seja verdadeiro depende fundamentalmente da consciência de cada um. Circunstancialmente, me vejo agora na presidência da Santa Casa de Campo Grande, um complexo hospitalar com mais de 700 leitos, em torno de 650 médicos, 1.200 enfermeiros, quase 4 mil funcionários. É a quarta maior Santa Casa do país, com um dos maiores orçamentos do nosso estado. Ela tem dificuldades crônicas que se perpetuaram e precisam ser resolvidas. E seguramente serão resolvidas.

Com quase 60 dias de exercício do cargo, as coisas começam a ser encaminhadas de forma adequada. Por meio de um relacionamento estabelecido com as autoridades da Saúde em nosso estado e também no Ministério da Saúde em Brasília, negociações com instituições bancárias e a manutenção de um diálogo permanente com nossos funcionários, sindicatos e fornecedores, começamos a vislumbrar uma saída. Persigo essa meta com a participação efetiva da nossa diretoria corporativa – administrando por consenso – e também com a ação da diretoria executiva, gerentes, coordenadores e supervisores, a fim de conduzir a Santa Casa ao patamar que lhe compete no concerto do nosso estado com esta visão: “Oportunidade, responsabilidade e comunidade.”

Tenho o compromisso de vencer. Entendo com clareza que é preciso redefinir nossas prioridades, que necessitamos repactuar nossas melhores ideias. Os parâmetros que nortearam as dificuldades foram basicamente de ordem política, financeira e de interesses particulares. Estamos trabalhando para mudar esse foco. A comunidade, que desde o início participou ativa e financeiramente da fundação da nossa Santa Casa, será convidada a atuar proativamente de novo.

Muitas coisas tenho aprendido nestes meus oitenta anos. A principal é que nada acontece por acaso. Tudo obedece a uma causa anterior, que enseja um efeito natural e consequente. A aceitação desse determinismo espiritual me proporcionou uma libertação e uma condução adequada, dando-me também a dimensão da eternidade, pois somos seres infinitos. Aprendi a invocar a presença e a bênção de Deus, antes de todas as minhas atividades, criando assim uma intimidade com Ele que me fortalece sempre.

 É essa crença que me enseja uma religiosidade maravilhosa. Aprendi que religiosidade não significa seguir ritos nem devoção a nenhuma igreja. Não faço parte de nenhum rebanho. Eu sou eu e a minha circunstância. Religiosidade para mim é cumprir o meu compromisso comigo mesmo e com Deus, e isso independe de qualquer prática externa. Deus tudo provê e está me capacitando para cumprir minhas responsabilidades.

Com os ensinamentos de Jesus, aprendi a não julgar, a não me submeter aos poderosos do momento, porque sabemos que tudo passa, tudo é efêmero. O poder também passa. Aprendi a usar os meus talentos, entendendo verdadeiramente que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, e não fundou nenhuma igreja, e nos deixou normas de comportamento verdadeiro. É com essas normas que vou trilhando meu caminho, e sigo com muita fé. A verdadeira fé não é crença nem devoção; fé é fidelidade. Compreender essa diferença é também uma forma de libertação. Não faço proselitismo religioso, mas considero necessário expor o meu pensamento e a minha ação.

Assim, com toda a consciência espiritual, tenho a certeza de que darei conta do recado, fazendo a minha parte. E contarei com a participação de todos que se importam de verdade com a Santa Casa. Ninguém faz nada sozinho.

Sem dinheiro, nada feito.  Acho que precisa ter harmonia entre focar no ser humano e administrar bem o dinheiro. Não dá pra desprezar o aspecto econômico de nada, sob o risco de parecer ingênuo pro real problema da Santa Casa. Palavras bonitas não vão mostrar a saída.

(*) Heitor Rodrigues Freire é presidente da Santa Casa de Campo Grande.

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