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Os anti-Mandela, em MS

Por Valfrido M. Chaves (*) | 13/07/2013 09:27

A luta contra a soberba e crueldade humanas coroou de imorredoura glória o nome de alguns personagens do século passado: Martin Luther King, Franklin Delano Roosevelt, WinstonChurchill, o papa João Paulo VI e Nelson Mandela, sendo este o último deles ainda vivo.Todos eles, ainda que em contextos histórico-sociais diferentes, confrontaram o totalitarismo e o racismo.

Este último, tanto como foco institucionalizado numa democracia, no caso americano, como política de Estado no totalitarismo de Hítler, e também no regime de apartheid sul-africano. Luther King encarou, com seu carisma, o preconceito e a discriminação legalizada no Sul americano, herança do escravagismo e de uma guerra civil atroz .

Roosevelt e Churchill, com determinação e liderança, comandaram uma verdadeira salvação da civilização, vencendo, com a Rússia, o totalitarismo racista de Hitler. JoãoPaulo VI, mesmo enquanto Cardeal polonês, opôs tenaz resistência ao regime ideológico de pensamento único e crueldade sistemática, haja vista na execução, durante a II Guerra, de seis mil oficiais poloneses prisioneiros, no Bosque de Katyn, cujo crime era serem católicos fervorosos. Por isso, inimigos ideológicos a serem eliminados.

Todos os nomes citados, leitor, merecem a eternidade na lembrança de quantos valorizem a supremacia da civilização contra a barbárie, do humanismo contra a crueldade e a perversão. Mas, dentre eles, Mandela, seguramente merece uma menção especial, pelos inevitáveis sentimentos pessoais com que lidou, para poder desempenhar seu papel na superação do regime do apartheid na África do Sul.

Isso porque Mandela passou 20 anos preso por liderar a resistência nativa, negra, contra o regime e, qualquer um de nós mal pode imaginar o que isso significa em termos de marcas e mágoas pessoais. Pois, bem, solto, Mandela une os diversos povos africanos, superando ódios até milenares entre eles. Chega ao poder democraticamente, junto com seus antigos opressores, superando também ódios coletivos, mais que justificados, evitando um banho de sangue que naufragaria a nação africana.

Em termos de superação pessoal, nenhum dos grandes líderes citados atingiu seu patamar ou teve de enfrentar as imensas contradições sociais próprias da África do Sul, na senda da superação do ódio étnico, para selar a paz e a integridade da nação.

Pois bem, leitor, vergonhosamente, temos de confessar que, nesta Terra de Santa Cruz, partejadas pelo Estado brasileiro, Partido político e organizações com fachadas religiosas, vemos uma clara e determinada política “anti-Mandela” em curso. Sim, pois, se Mandela promoveu a superação de ódios até seculares, para manter a integridade de sua Nação e buscar caminhos do progresso para todos, vergonhosamente, repito, “Foi o Estado brasileiro que inventou essa guerra entre índios e proprietários rurais”, como disse o Adv.Lacerda Alves, na segunda página do Correio de 03/07/013, para “nos transformarem vassalos de organismos internacionais”.

Se o papel do indigenismo estatal foi manter nossos índios em condições de vida sub-humanas para melhor lhes incutir rancor e mágoas, foram organismos religiosos óbvios e internacionais que atuaram decididamente na promoção do conflito e ódios entre brasileiros. Tal política “anti-Mandela” atinge vários objetivos: primeiro, encobre a responsabilidade da Funai na manutenção do índio em condições sub-humanas, impossibilitando-o, por si só, de buscar seu progresso social como qualquer outro brasileiro; segundo, cumpre o mandamento ideológico do Partido no poder de que “o conflito é o motor da História” e o também princípio leninista de que “temos que agir sempre no sentido de provocar a guerra civil” através do ódio, diria ainda Guevara, um dos ícones desses zumbis ideológicos. Zumbis, leitor, porque tendo fracassado e sido expulsos de meio mundo onde dominaram, tentam ressuscitar aqui entre nós seu sistema totalitário.

Essa militância zumbi entra em êxtase, leitor, quando vê uma comunidade indígena violar leis e direitos constitucionais de outros brasileiros, após acreditarem em suas mentiras. Uma delas, veiculada mundo afora, é que a verdadeira mortandade de índios que ocorre, como 194 óbitos entre 2006 e 2013, se deveria a conflitos fundiários.

A Secretaria de Segurança de MS comprova, entretanto, que 181 (92%) desses homicídios foram provocados por indígenas. Tais zumbis se julgam revolucionários quando mentem,enganam, manipulam, quer com bandeiras vermelhas ou batinas, tem que ser dito. O Ministério Público Federal, se outorgando o poder de Legislativo e Constituinte, fundou o princípio de que “retomada não é invasão”.

Conseqüentemente, aquelas instituições de fachada religiosa, ou não, envolvidas na promoção de invasões, ou seja, crimes, são acobertadas por estarem promovendo “retomadas”. Fidel Castro entra em êxtase, imaginando que sua profecia de que “Vamos recuperar, na América Latina, o que perdemos no Leste europeu”, estaria se realizando, seguindo ainda a orientação de um dos encontros socialistas em Cuba, de que “a luta de classes deve ser irrigada com o conflito e o ódio étnicos”.

Exatamente como temos visto, leitor, aqui em MS, ora com a omissão, ora com a ação de setores estatais e religiosos. Mandela se encontra quase à morte, como todos sabem. Pode ser deselegante vaticinar seu passamento, mas, quando isso ocorrer, veremos os anti-Mandela dos diversos escalões brasilianos e religiosos expressarem seus sentimentos e condolências.

Hipocritamente, pois o dia-bólico (movimento de separação), que mostra seu rabo e chifre na política indigenista ongueira e estatal, não merece nem pronunciar “Mandela” , um nome que simboliza a superação de ódios e a integração de sua nação. Ou seja, a antítese do que nos mostra aqui o desintegrador indigenismo estatal e religioso. E honra e glória ao Sindicato Rural de Antonio João que realiza, aos 05 de julho, uma audiência pública com índios e não-índios, buscando a superação de conflitos e ódios plantados intencionalmente entre nós.

(*) Valfrido M. Chaves é psicanalista e pós graduado em Política e Estratégia.

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