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Cidades

Com “Rei da Fronteira”, organização teria milícia de assassinos profissionais

De acordo com a investigação, os grupos de Campo Grande e Ponta Porã se apoiavam mutuamente para crimes

Aline dos Santos | 19/06/2020 08:46
Picape usada em execução de policial militar reformada foi encontrada incendiada após crimes. (Foto: Saul Schramm\Arquivo)
Picape usada em execução de policial militar reformada foi encontrada incendiada após crimes. (Foto: Saul Schramm\Arquivo)

A investigação da Omertà que levou à frustrada tentativa de prisão de Fahd Jamil Georges, também conhecido como o “Rei da Fronteira”, apontou à Justiça que a cidade de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai,  é base de organização criminosa que conta com milícia armada de assassinos profissionais.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) informa que chegou ao grupo durante as investigações contra Jamil Name e Jamil Name Filho, que foram presos na primeira fase da ação e são acusados de liderar organização criminosa com base em Campo Grande. No grupo da fronteira, o modelo de gestão também é de pai e filho, mas no caso, Fahd Jamil e Flávio Correia Jamil Georges, ambos foragidos.

De acordo com a investigação, as organizações eram próximas e se apoiavam mutuamente para crimes. O grupo com base em Ponta Porã teria ordenado a execução de Alberto Aparecido Roberto Nogueira (Betão) e do policial militar reformado Ilson Martins de Figueiredo. Ambos estariam envolvidos no desaparecimento de Daniel Alvarez Georges em 2011, filho de Fahd Jamil.

Também é apontado envolvimento da organização fronteiriça com a execução de Orlando da Silva Fernandes. As mortes de Ilson e Orlando aconteceram em Campo Grande e são investigadas pela força-tarefa da Polícia Civil que redundou na operação Omertà.

A apuração menciona que a fazenda Três Cochilhas, em Ponta Porã,  alvo ontem de mandado de busca e apreensão, é ponto estratégico para pistoleiros. O entorno da propriedade rural é descrito como região por onde transita homens fortemente armados e com acessos constantemente monitorados pelos integrantes da organização.

 “O local conta, ainda, com depósito de armas e passagens subterrâneas, consistente, ao que parece, em um verdadeiro ‘bunker’”, diz o Gaeco. O local foi apontado como abrigo para os pistoleiros José Moreira Freires e Juanil Miranda, foragidos desde setembro. Freires é condenado pela execução de delegado aposentado na Capital.

Thyago Machado Abdul Ahad é relacionado na investigação como ex- pistoleiro de Jorge Rafaat Toumani, que foi executado em 2016, e atual empregado de Fahd Jamil. O Gaeco o cita como possível executor de Orlando Fernandes, conhecido como Bomba, e Cláudio Rodrigues de Souza, o Meia-Água. Cláudio foi morto em São Paulo e teria sido mandante da execução de Daniel Georges.  Thyago teve a prisão decretada, mas também não foi localizado.

Viatura em frente à mansão dos Jamil Georges, na Avenida Baltazar Saldanha, em Ponta Porã (Direto das Ruas) 
Viatura em frente à mansão dos Jamil Georges, na Avenida Baltazar Saldanha, em Ponta Porã (Direto das Ruas)

Roteiro de execução  – Já Melciades Aldana, também alvo da operação, se destaca na apuração pelas pesquisas  na internet sobre pessoas que seriam executadas. A pesquisa nominal era feita horas antes de a morte  vir a público, como no caso de Betão.

Segundo o Gaeco, ele também “integra uma milícia armada de assassinos profissionais e responsáveis por executar os homicídios indicados pela organização criminosa liderada por Fahd Jamil”.

Com base em dados de localização e consultas ao Google Maps, a investigação aponta que Melciades fez em 2 de junho de 2018 o trajeto que seria utilizado para a execução de Ilson, morto em 11 de junho na Avenida Guaicurus, em Campo Grande.

Ele fez o percurso do hotel onde estava hospedado na Capital, passando  pelo local da execução, pelo ponto onde o carro seria encontrado incendiado e retornou ao hotel.

“Houve  uma comunhão de esforços das organizações criminosas de Fahd Jamil e Jamil Name, com esta dando aval e apoio logístico-operacional para que o grupo de assassinos profissionais montado por Fahd Jamil realizasse a execução dentro de Campo Grande, em território comandado pela organização criminosa de Jamil Name”, aponta a investigação.

Os pedidos de prisões e de busca e apreensão foram deferidos na última segunda-feira (dia 15) pelo juiz da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, Marcelo Ivo de Oliveira. O magistrado autorizou a busca por provas, mas lembra na decisão que não se trata de sentença sobre as denúncias.

“De qualquer forma, não representa juízo definitivo sobre os fatos, provas e questões de direito envolvidas, algo que somente será viável após o fim das investigações e especialmente após o contraditório e a ampla defesa a serem exercidos junto ao juízo competente em eventual ação penal”. A terceira fase da Omertà foi realizada ontem.

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