ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, DOMINGO  28    CAMPO GRANDE 32º

Cidades

Defensoria cria protocolo para aprimorar atendimento aos órfãos do feminicídio

Órgão vai prestar encaminhamento psicológico e judicial aos filhos de vítimas de feminicídio no Estado

Adriano Fernandes | 16/06/2022 21:15
Reunião da equipe responsável por executar a busca aos filhos de vítimas de feminicídio no Estado. (Foto: Divulgação)
Reunião da equipe responsável por executar a busca aos filhos de vítimas de feminicídio no Estado. (Foto: Divulgação)

A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, criou um protocolo para garantir maior assistência aos filhos de vítimas do feminicídio no Estado. A partir de agora toda vez que houver um caso de feminicídio, a delegacia responsável pelo caso deve informar a Defensoria e a Saúde do município para que seja realizada uma busca ativa dos filhos destas mães. Quando localizados, os filhos e filhas terão o encaminhamento adequado aos serviços públicos de acompanhamento psicológico e judicial.

“A finalidade é assegurar os direitos dos filhos e filhas que, em sua grande maioria, sofrem graves traumas em decorrência da violência que presenciam em seus lares. Precisamos trabalhar com esse público para ajudá-los a superar. Temos muitos adolescentes que passam por tentativas de suicídios e automutilação, ações causadas por causa da dor vivida pela perda de suas mães de forma tão trágica”, comenta a coordenadora do Nudeca, defensora pública Débora Maria de Souza Paulino.

O novo protocolo de atendimento é uma iniciativa do Nudeca e do Nudem (Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher). As equipes dos departamentos da defensoria também irão estar atentos à ausência ou eventuais falhas na prestação do serviço de acompanhamento psicológico às filhas e filhos de mulheres vítimas de violência de gênero.

Em 2019, pouco antes da pandemia, a Defensoria Pública de MS observou que muitas mulheres que sofriam feminicídio ou tentativa deste crime tinham filhas e filhos. Além disso, durante a defesa dessas famílias, a equipe psicossocial da Instituição encontrava dificuldade para encaminhar essas crianças e adolescentes aos serviços públicos de acompanhamento, meramente, por não existir um direcionamento exato, tanto na rede municipal quanto estadual. Daí a necessidade de criação do protocolo.

Em 2021, as 34 mortes registradas em MS coloram o Estado em 3º lugar no ranking nacional, conforme o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Já em 2022, conforme a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), 10 mulheres foram vítimas de feminicídio em apenas dois meses. Atualmente, 24 mulheres
já foram vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul.

Recentemente, a Defensoria Pública de MS conseguiu fazer contato com os familiares que ficaram com uma das crianças, de 1 ano e 8 meses, e já fez o atendimento cível da guarda do bebê. Ele também já está recebendo acompanhamento no Caps Infantil. De acordo com a coordenadora do Nudem, o protocolo de atendimento, deverá ser colocado em prática em Campo Grande, mas o objetivo é que se estenda para todo o Mato Grosso do Sul.

“Queremos demonstrar que, além do nosso atendimento jurídico, somente a rede que conversa e compartilha cuidados consegue ser efetiva. Nesse grupo de estudo de caso concreto estão os técnicos que atuam no território da criança. Depois queremos apresentar o protocolo para as chefias das secretarias e município, para no futuro próximo, possivelmente, fazermos um acordo de cooperação com o município”, explica a coordenadora.

Nos siga no Google Notícias