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Cidades

Em 2019, 8 mil procuraram socorro, menos as vítimas de feminicídio

No ano passado, 8.086 casos de violência contra mulher foram registrados em Campo Grande, sendo cinco deles de feminicídio

Kerolyn Araújo e Clayton Neves | 28/01/2020 11:22
Delegada Fernanda Félix fez balanço do número de ocorrências de violência contra a mulher. (Foto: Marcos Maluf)
Delegada Fernanda Félix fez balanço do número de ocorrências de violência contra a mulher. (Foto: Marcos Maluf)

Prestes a completar cinco anos de funcionamento, a Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande, a primeira criada no país, bateu recorde de denúncias de violência contra a mulher no ano passado. De janeiro a dezembro, 8.086 casos foram registrados em Campo Grande - 22 por dia -, sendo cinco deles de feminicídio.

Ao Campo Grande News, a delegada Fernanda Félix, titular da Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher), localizada no prédio da Casa da Mulher Brasileira, lembrou que, nos 12 meses de 2019, 32 mulheres foram vítimas assassinadas em Mato Grosso do Sul. Segundo a delegada, apenas três autores não possuíam histórico de envolvimento amoroso com as vítimas.

"Em um dos casos quem matou foi o sobrinho, no outro o filho e um ex-genro. A maioria dos autores de feminicídio são namorados, ex-namorados, ex-maridos, alguém que a vítima já tinha mantido algum tipo de relacionamento", ressaltou.

Para a delegada, os casos poderiam ter sido evitados caso as mulheres tivessem denunciado. "As mulheres que estão morrendo não possuem medida protetiva. É importante que elas procurem a delegacia para denunciar agressão, seja ela verbal ou física, e solicitar a medida. Assim conseguimos evitar que as agressões chegue ao extremo, que é o feminicídio", disse.

Depois do feminicídio, casos de estupros são o que mais causam impacto, segundo a delegada. Em alguns casos, o agressor possui vínculo com a vítima e os abusos ocorrem dentro das próprias casas.

"Quando os agressores são os próprios maridos que forçam a relação sexual, geralmente eles já têm histórico de violência e perfil machista. E, em 99% desses casos, não temos testemunhas e são os exames que dão materialidade aos crimes", explicou.

Segundo informações da delegada, de janeiro a dezembro de 2018 foram registrados 558 casos de estupros na Capital. No mesmo período do ano passado, foram 475 denúncias, o que representa uma redução de 14,9%.

Atendimento - Após a criação da Casa da Mulher Brasileira, em fevereiro de 2015, os números de denúncias de violência contra a mulher aumentaram quatro vezes mais na Capital. De acordo com a delegada, a estrutura oferecida pela rede ajudam a encorajar as vítimas para denunciar os agressores.

''O grande diferencial de Campo Grande é a Casa da Mulher Brasileira. Ela da uma sensação de credibilidade para a vítima procurar ajuda e denunciar. Temos abrigo onde ela pode ficar com os filhos, alojamento, serviço psicossocial e funcionamento de 24h por dia", disse.

Ainda segundo a delegada, as vítimas são, geralmente, mulheres que estão em situações de vulnerabilidade. ''A violência contra a mulher abrange todas as classes sociais e todas estão suscetíveis a sofrer  algum tipo de violência. Porém, em um modo geral, as vítimas possuem baixa autoestima e são menos favorecidas'', explicou.

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