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Cidades

Fahd é "equilíbrio" à fronteira, dizem prefeito e presidente de Câmara à Justiça

Declarações foram feitas em pedido de prisão domiciliar para "Rei da Fronteira"

Marta Ferreira | 24/05/2021 06:20
Helio Peluffo Filho, prefeito de Ponta Porã, assina carta defendendo "Fahd" como "equilíbrio" na região fronteiriça. (Foto: Divulgação)
Helio Peluffo Filho, prefeito de Ponta Porã, assina carta defendendo "Fahd" como "equilíbrio" na região fronteiriça. (Foto: Divulgação)

Exercício de convencimento da Justiça para colocar em prisão domiciliar o “Rei da Fronteira”, Fahd Jamil, na prisão há pouco mais de um mês, inclui encaminhamento à Justiça de cartas de elogio assinadas por nada menos que o prefeito de Ponta Porã, Hélio Peluffo Filho, e o presidente da Câmara de Vereadores, Rafael Modesto Carvalho Rojas, ambos do PSDB.

Com texto igual, as declarações conferem a “Fuad” a responsabilidade de “importante equilíbrio” à região fronteiriça Brasil/Paraguai, “pelos bons relacionamentos que mantém com forças policiais do Brasil e do Paraguai”.

Tal qual uma carta de recomendação, a mensagem prossegue atestando se tratar de empresário “conhecido e bastante respeitado na região da fronteira de Ponta Porã”.

Aqui constituiu família e negócios, vivendo em paz e de maneira harmoniosa com todos que com ele se relacionam”, prossegue o texto.

Além dos dois chefes de poderes municipais citados, há um terceiro documento, sob assinatura do advogado Hosne Esgaib, ex-deputado estadual e ex-vereador em Ponta Porã.  Na comunicação de Esgaib, além do tom de deferência a “Fuad”, é feito o alerta sobre a existência de riscos à segurança da família.

“Está jurado de morte por bandidos envolvidos com o tráfico na região, em especial o PCC, conforme inclusive foi divulgado em áudio de celular recentemente”.

O áudio citado, como mostrou reportagem do Campo Grande News, foi mandado ao sobrinho de Fahd, o advogado Arnaldo Escobar, atual morador na mansão da família em Ponta Porã.

Recebida no dia 28 de novembro de 2020, dois dias depois de chacina com quatro mortes na região, a gravação está sendo alvo de inquérito da Polícia Civil.

Fahd Jamil durante audiência por vídeo, transmitida de sala no Garras. (Foto: Reprodução de vídeo)
Fahd Jamil durante audiência por vídeo, transmitida de sala no Garras. (Foto: Reprodução de vídeo)

No processo - Tudo isso está relatado no pedido de prisão domiciliar de Fahd Jamil em análise na 1ª Vara Criminal em Campo Grande, em trâmite desde quando o réu na operação Omertà, contra o crime organizado, desistiu da fuga de 10 meses e se apresentou.

O juiz responsável pela decisão, Roberto Ferreira Filho, determinou realização de perícia médica oficial para conhecer o estado de saúde do acusado. Para dar base ao laudo, foram feitos 20 tipos de exames, cujos resultados saíram na semana passada.

Pelo que apurou a reportagem, vence nesta segunda-feira (24), o prazo para a entrega do resultado da perícia.

Com ela em mãos, o juiz vai analisar se permite a Fahd Jamil responder em prisão domiciliar às 4 ações nas quais é réu, por crimes ligados ao comando de organização criminosa dedicada a eliminar inimigos por desavenças pessoais ou de negócios.

O empresário está em cela do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequetros) desde 19 de abril.

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