ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SÁBADO  20    CAMPO GRANDE 21º

Cidades

Garras quer ouvir esta semana produtor rural alvo de dossiê

Com negócios em Jardim, Bonito e Maracaju, pecuarista aparece em pesquisas gravadas em pen drive apreeendido

Marta Ferreira e Aline dos Santos | 08/07/2019 18:14
No meio das armas apreendidas em maio com guarda municipal também havia um pen drive que foi periciado. (Foto: Arquivo)
No meio das armas apreendidas em maio com guarda municipal também havia um pen drive que foi periciado. (Foto: Arquivo)

A polícia pretende ouvir nesta semana o produtor rural Edilson Francischinelli, como parte da investigação contra o guarda municipal Marcelo Rios, preso com arsenal em Campo Grande, no dia 19 de maio. No meio das armas, havia um pen drive e no equipamento, segundo a perícia, informações com perfil de dossiê sobre Francischinelli, como o Campo Grande News revelou no fim de semana.

O pecuarista tem negócios nos municípios de Bonito, Jardim e Maracaju. Imagens guardadas no pen drive mostram consulta sobre ele ao Renach (Registro Nacional de Carteira de Habilitação), Receita Federal e Sinic (Sistema de Informações Criminais). Além do depoimento dele, o delegado responsável pelo caso, Fábio Peró, do Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), também pretende ouvir o responsável pela pesquisa, identificado como Everaldo Monteiro de Assis. Segundo a reportagem apurou, Assis é policial federal aposentado.

À reportagem, o delegado contou que já havia chamado o pecuarista para ser ouvido na semana passada, mas ele não compareceu. Nesta segunda, Fabio Peró disse esperar para esta semana o depoimento. Segundo ele, o contato com Edivaldo é complicado, informação confirmada pela reportagem ao tentar falar com ele. Em um dos escritórios de advocacia onde Francischinelli é atendido, foi deixado o contato do Campo Grande News, mas não houve retorno até o fechamento do texto. Houve tentativa em telefones atribuído a ele, mas sem sucesso.

Histórico - O pecuarista aparece como parte em pelo menos 33 processos de primeiro grau no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Há disputas envolvendo pagamento de terras, ações de execução fiscal e até uma acusação de esbulho possessório, movido pela Associação das Famílias para a Unificação e Paz Mundial. A ação corre desde 2013, quando o pecuarista foi citado como envolvido na tentativa de ocupar irregularmente a fazenda Nova Esperança, entidade religiosa criada pelo Reverendo Moon, coreano falecido em setembro de 2012.

As informações sobre o pecuarista estão no documento que veio do Instituto de Criminalística sobre o conteúdo armazenado e que foi anexado ao processo no qual Rios é réu pela posse de arsenal e adulteração de veículo roubado. Ele está preso na penitenciária federal de Campo Grande, mas deve ser transferido para o presídio federal de Mossoró (Rio Grande do Norte).

Mortes - Ao denunciar o guarda à Justiça pela posse as armas, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) apontou que "não passa despercebido que várias das execuções ocorridas recentemente em Campo Grande foram perpetradas com fuzis calibre .762, que é uns dos apreendidos em poder do denunciado".

Foram três mortes com fuzil AK47: Ilson Martins de Figueiredo (policial militar reformado e então chefe da segurança da Assembleia Legislativa), Orlando da Silva Fernandes (ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat) e universitário Matheus Coutinho Xavier (a suspeita é de que o alvo fosse seu pai, um policial militar reformado).

O armamento e as munições foram entregues à Polícia Federal para testes como o levantamento de impressão papiloscópica e confronto com os estojos e projéteis recolhidos nos locais das execuções.

Segundo apurado, ainda foi feita busca por material genético (suor, cabelo) em todas as armas, munições, bandoleiras (faixa transversal que segura o fuzil), mochila e bolsas táticas apreendidas. Esse material foi para o Garras, que lidera força-tarefa criada pela Polícia Civil para apurar as execuções.

Dias após a prisão de Marcelo Rios, mais dois guardas municipais, também seguranças do empresário, foram presos por ameaça a testemunhas. Os dois guardas já estão em liberdade, mas foram afastados da função.

O pen drive encontrado em meio ao arsenal apreendido com Marcelo Rios. (Foto: Reprodução)
O pen drive encontrado em meio ao arsenal apreendido com Marcelo Rios. (Foto: Reprodução)
Nos siga no Google Notícias