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Operação rastreia rota do metanol em fábricas e usinas clandestinas de MS

Ação nacional mira fábricas clandestinas em Dourados, Campo Grande e Caarapó

Por Dayene Paz | 16/10/2025 07:45
Operação rastreia rota do metanol em fábricas e usinas clandestinas de MS
Uma das apreensões feitas em Campo Grande durante investigação sobre casos suspeitos. (Foto: Gabi Cenciarelli)

Locais suspeitos de funcionarem como fábricas clandestinas e usinas ilegais de bebidas alcoólicas são fiscalizados durante a Operação Alquimia, deflagrada na manhã desta quinta-feira (16). Em Mato Grosso do Sul, as ações se concentram em Campo Grande, Dourados e Caarapó, cidades onde equipes buscam identificar a origem de substâncias utilizadas na produção irregular.

RESUMO

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A Polícia Federal, em conjunto com outros órgãos federais, deflagrou a Operação Alquimia em cinco estados brasileiros para investigar a falsificação de bebidas com metanol. Em Mato Grosso do Sul, as ações concentram-se em Dourados, Campo Grande e Caarapó, onde equipes buscam identificar a origem das substâncias utilizadas na produção irregular. A operação, que é um desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, investiga 24 empresas, incluindo usinas sucroalcooleiras e distribuidores de metanol. O Ministério da Saúde já confirmou oito mortes relacionadas ao consumo de bebidas adulteradas, sendo seis em São Paulo e duas em Pernambuco. Em Mato Grosso do Sul, quatro casos de intoxicação estão sob investigação.

A ação é feita por agentes da Polícia Federal, Receita Federal, ANP (Agência Nacional do Petróleo) e do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).

A investigação apura uma cadeia de falsificação de bebidas com metanol, substância altamente tóxica, que tem causado mortes e casos de intoxicação em várias partes do país. O objetivo é rastrear o caminho do metanol, confirmar se há ligação entre os materiais apreendidos hoje e amostras já analisadas pela Polícia Federal e pela ANP.

A coleta de elementos e amostras ocorre em 24 empresas, incluindo atuantes do setor sucroalcooleiro, importadores e distribuidores de metanol.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, Mato Grosso do Sul tem quatro casos de intoxicação por metanol em investigação. As vítimas apresentaram sintomas após o consumo de bebidas supostamente adulteradas. Em todo o Brasil, o Ministério da Saúde já confirmou oito mortes, sendo seis em São Paulo e duas em Pernambuco.

As equipes envolvidas também recolhem amostras para análise no INC (Instituto Nacional de Criminalística), em Brasília, que vai cruzar os resultados com laudos anteriores para mapear a rota do produto ilegal.

Operação rastreia rota do metanol em fábricas e usinas clandestinas de MS
Viatura da Receita em local alvo de operação. (Foto: Divulgação)

Desdobramento - A Operação Alquimia é um desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, que revelaram um esquema de adulteração de combustíveis com metanol. Há fortes indícios de que esse combustível adulterado esteja sendo utilizado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas, configurando uma cadeia de irregularidades com alto potencial de risco à saúde pública.

A Operação Boyle foi conduzida para apurar possíveis casos de adulteração de combustíveis por meio da utilização de metanol. A partir da análise do material apreendido, surgiu a Operação Carbono Oculto.

A Operação Carbono Oculto revelou um esquema que consistia na compra de metanol importado por empresas químicas regulares que o repassavam a empresas de fachada. Essas, por sua vez, desviavam o produto para postos de combustível, onde o metanol era adicionado de forma ilícita à gasolina comercializada ao consumidor final.

Operação rastreia rota do metanol em fábricas e usinas clandestinas de MS
Fluxo das rotas em tabela divulgada pela Receita. (Foto: Divulgação)

Alvos - As empresas selecionadas para as coletas de elementos e amostras foram escolhidas com base no potencial de envolvimento na cadeia do metanol, desde a importação da substância até sua possível destinação irregular. Entre os alvos estão importadores, terminais marítimos, empresas químicas, destilarias e usinas.

Os importadores são responsáveis pela entrada do metanol no país, utilizando-o em seus processos produtivos e revendendo o produto para empresas químicas.

Nos terminais marítimos, empresas movimentam volumes expressivos de metanol, que permanecem nesses locais até serem encaminhados às unidades fabris ou aos clientes finais. Quando há vendas a terceiros, os produtos são despachados diretamente dos terminais ao destino.

As empresas químicas adquirem o metanol de importadores para uso industrial ou para revenda a outras indústrias químicas. Indícios consistentes apontam que algumas delas desviaram parte do produto, retirando-o indevidamente da sua cadeia regular de produção, conforme o comportamento comercial observado.

Já as destilarias investigadas teriam adquirido metanol por meio de empresas conhecidas como “noteiras”. As notas fiscais indicavam caminhões e motoristas que, contudo, nunca chegaram aos destinos informados, sugerindo possível fraude documental.

As usinas, produtoras e distribuidoras de etanol anidro e hidratado também estão sendo verificadas por atuarem em pontos estratégicos da cadeia, fundamentais para rastrear eventuais lotes adulterados ou irregularidades na destinação do produto.

Riscos e impacto econômico - De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), em bebidas alcoólicas, o metanol deve estar presente em níveis inferiores a 0,1%. Considerando que se trata de uma substância altamente tóxica, mesmo o percentual máximo de 0,5% permitido em combustíveis já seria suficiente para causar graves danos à saúde. Por esse motivo, é proibido o uso de combustíveis na fabricação de bebidas alcoólicas.

Segundo o FNCP (Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade), chegam a R$ 85,2 bilhões os prejuízos do setor de bebidas alcoólicas e a sonegação de tributos decorrentes de práticas como adulteração, falsificação, contrabando e produção em fábricas clandestinas.

As coletas estão sendo realizadas em 24 empresas localizadas em 21 cidades. São elas: 

  • Mato Grosso do Sul: Caarapó, Campo Grande e Dourados
  • Mato Grosso: Várzea Grande
  • Paraná: Araucária, Colombo e Paranaguá
  • Santa Catarina: Cocal do Sul
  • São Paulo: Araçariguama, Arujá, Avaré, Cerqueira César, Cotia, Guarulhos, Jandira, Laranjal Paulista, Limeira, Morro Agudo, Palmital, Sumaré e Suzano

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