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Cidades

Polícia suspeita que empresa da Capital atuava como laranja na rota do metanol

Seleção de locais fiscalizados incluiu toda a cadeia, da importação à possível destinação irregular

Por Dayene Paz | 17/10/2025 12:10
Polícia suspeita que empresa da Capital atuava como laranja na rota do metanol
Indústria que foi alvo de operação em Campo Grande. (Foto: Geniffer Valeriano)

Alvo de operação policial que investiga o rastro do metanol encontrado em bebidas alcoólicas e que já causou a morte de pessoas em São Paulo e Pernambuco, uma empresa localizada na Vila Albuquerque, em Campo Grande, é apontada como laranja. Segundo apurado, a suspeita se fortaleceu após a compra de grande quantidade de metanol que, na prática, não chegou ao local, indicando que a empresa seria usada apenas para emissão de notas fiscais.

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A Polícia Federal investiga uma empresa em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, suspeita de atuar como laranja no esquema de distribuição de metanol, substância encontrada em bebidas alcoólicas que causou mortes em São Paulo e Pernambuco. A Brasq Química, localizada na Vila Albuquerque, teria emitido notas fiscais sem receber efetivamente o produto. A operação Alquimia, que fiscalizou 24 empresas em cinco estados, é um desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, que investigaram a adulteração de combustíveis. As investigações apontam que o mesmo metanol usado em combustíveis está sendo empregado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas.

“De vez em quando vêm uns caminhões, aqueles de combustíveis. Uma vez, por curiosidade, perguntei a um motorista e ele disse que vinha carimbar notas”, relatou uma testemunha que trabalha na região onde a empresa está localizada e que pediu anonimato por medo.

O prédio da Brasq Química, segundo relatos, está praticamente abandonado. “Só ficam o guarda e dois cachorros. Até estranhei quando vi o carro da Polícia Federal. Os policiais entraram, ficaram um tempão, depois saíram, tiraram foto e foram embora. O guarda foi levado em outro carro”, completou a fonte.

A empresa se define como atuante na fabricação de produtos químicos das linhas automotivas, domiciliares, agrícolas e industriais, além do comércio atacadista de cosméticos, perfumaria e produtos de higiene. Tentativas de contato com a Brasq Química não tiveram retorno.

Alquimia - A operação investiga indústrias atuantes do setor sucroalcooleiro, importadores e distribuidores de metanol. Em Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Dourados e Caarapó), indústrias de cosméticos e fertilizantes foram fiscalizadas na tentativa de rastrear a origem do metanol que tem causado mortes em São Paulo e Pernambuco. Além de MS, ordens judiciais foram cumpridas em outros quatro estados brasileiros.

Em Dourados e Caarapó, as fiscalizações não apontaram irregularidades, segundo informações preliminares.

As 24 empresas foram selecionadas com base no potencial envolvimento na cadeia do metanol, desde a importação até a possível destinação irregular. Entre elas estão importadores, terminais marítimos, empresas químicas, destilarias e usinas.

A investigação apura uma cadeia de falsificação de bebidas alcoólicas com metanol, substância altamente tóxica, além de recolher amostras para análise no INC (Instituto Nacional de Criminalística), em Brasília. Os resultados serão cruzados com laudos anteriores da Polícia Federal e da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para mapear a rota do produto ilegal.

Desdobramento - A Operação Alquimia é um desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, que investigaram anteriormente a adulteração de combustíveis com metanol. A primeira, Boyle, buscou apurar casos em que o produto químico era adicionado de forma ilícita à gasolina. A partir das análises e indícios levantados, surgiu a Operação Carbono Oculto, que revelou um esquema em que empresas químicas regulares repassavam o metanol a empresas de fachada, que desviavam o produto para postos de combustíveis.

Agora, as investigações indicam que esse mesmo metanol adulterado estaria sendo utilizado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas, mostrando uma cadeia de irregularidades com alto potencial de risco à saúde pública.

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