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Cidades

Resgatada em MS após 2 anos de sumiço, menina agora tem casa e irmão

Mãe sumiu com a criança de Joinville, no interior de Santa Catarina, em 2018 e estava morando em Coronel Sapucaia

Anahi Zurutuza | 27/05/2020 19:23
Pai e filha abraçados em foto tirada antes do desaparecimento (Foto: Arquivo pessoal)
Pai e filha abraçados em foto tirada antes do desaparecimento (Foto: Arquivo pessoal)

Encontrada “só com a roupa do corpo”, menina que passou 2 anos no Cadastro Nacional de Crianças e Adolescente Desaparecidos ganhou casa nova e conheceu o irmão, com quem teve o último contato antes do nascimento. A criança, agora com 8 anos, foi “resgatada”, como diz o pai, em Coronel Sapucaia, no sul de Mato Grosso do Sul.

Eletricista de Joinville (SC), ele buscou a filha na sexta-feira (22). “Quando o delegado me ligou, não deu uma hora e a gente já estava na estrada para resgatar ela. Foi um resgate, porque a situação que ela vivia não era boa não”, relata o eletricista em conversa com o Campo Grande News por telefone, ao lado da esposa, mãe do irmãozinho da filha, de 1 ano e 9 meses.

O desaparecimento foi registrado em 2018. Pai e mãe dividiam a guarda da filha, então com 6 anos, mas numa quarta-feira, a mulher buscou a menina na escola e sumiu.

Para o pai da criança, tudo foi premeditado. Ele havia pedido a guarda integral, mas antes da sentença, a ex-mulher vendeu o carro e deixou o apartamento alugado onde morava. “Nunca mais tive notícias da minha filha. Foram dois anos de desespero”.

Além de procurar a polícia, o eletricista fez buscas em cidades próximas. “Toda vez que denunciavam ter visto uma criança parecida com a minha filha, a gente ia correndo atrás”.

O pai narra um relacionamento conturbado com a mãe da garotinha, que durou cerca de três anos. A gota d’água, segundo ele, foi a descoberta de que a mulher trabalhava como garota de programa.

O eletricista afirma ainda que decidiu pedir a guarda integral da filha quando a menina, ainda pequena, começou a relatar vivências do “ambiente de prostituição”.

“Como que eu me sentiria bem como pai, com a minha filha brincando de boneca e falando de preço de ‘massagem’? Ela sabia detalhes das coisas e eu fiquei preocupado. Não tenho nada a ver com o que ela [ex-mulher] faz com o corpo dela, mas não podia envolver minha filha nisso”.

O processo para a conquista da guarda foi longo. “Foram quase dois anos de estudo psicológico, estudo social e visitas ao Fórum”, relata. A sentença favorável ao pai só veio 15 dias depois que a menina já havia desaparecido.

Para o eletricista, a fuga da mãe com a criança foi por vingança. “Ela percebeu que ia perder a guarda e para me atingir, porque ela não aceitava o meu novo relacionamento, fugiu”.

Nem passou pela cabeça do pai procurar a filha em Mato Grosso do Sul. A ex-mulher é paranaense e ele só soube que ela tinha parentes em Ponta Porã, também no sul do Estado, depois da investigação policial.

Após receber denúncia do paradeiro da criança, operação das polícias Civil e Militar de Mato Grosso do Sul com o apoio da DPCAMI (Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso) de Joinville, que investigava o caso, chegou à casa em Coronel Sapucaia.

A mãe da menina, de 31 anos, foi presa no dia 21, mas está em liberdade desde segunda-feira (25). Ela responderá pelo crime de subtração de incapaz.

Segundo o pai, quando buscou a filha, ela só tinha “a roupa do corpo”, “nenhuma calcinha porque disse que não tinha nenhuma limpa”, mas nesta quarta-feira (27), cinco dias depois da volta para Joinville, a garotinha parece já ter se adaptado à nova rotina.

“Está muito feliz com o irmãozinho que ela tanto queria conhecer. Conversava com ele na barriga da minha esposa. Ela disse que de vez em quando sonhava que tínhamos ido buscá-la”.

Os nomes dos envolvidos foram omitidos para preservar a criança, como preconiza o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). O Campo Grande News tentou contato com a mãe em telefone disponível no auto de prisão, mas ninguém atendeu.

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