ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 31º

Cidades

Resistência à medicina ocidental é mais um obstáculo contra a covid nas aldeias

Tal oposição de índios a tratamentos medicamentosos não se refere apenas ao novo coronavírus, mas às demais doenças

Lucia Morel | 14/01/2021 16:11
De março do ano passado até agora, MS registrou 4.869 casos confirmados de covid-19 entre indígenas e 96 óbitos. (Foto: Governo de MS)
De março do ano passado até agora, MS registrou 4.869 casos confirmados de covid-19 entre indígenas e 96 óbitos. (Foto: Governo de MS)

A resistência dos indígenas à medicina ocidental pode ser um ponto de alerta em relação ao avanço do novo coronavírus nas comunidades e aldeias de Mato Grosso do Sul. Relatório pericial do MPF (Ministério Público Federal) entre os povos tradicionais em todo Brasil mostra as dificuldades em conter a covid-19 entre eles.

“Salientamos certa resistência, sobretudo dos mais velhos, no que diz respeito ao tratamento médico, o que representa um risco: os sintomas aparecem, mas relutam-se a admitir, até que seja tarde demais para se salvar”, revela o antropólogo que assinou a perícia relativa a MS, Marcos Homero Ferreira Lima.

Tal oposição a tratamentos medicamentosos não se refere apenas à covid-19, mas às demais doenças, no entanto, e um problema a mais diante da pandemia em uma população já vulnerável em outros aspectos.

“À resistência do tratamento e à admissão tardia de se estar doente, em virtude da acelerada evolução da enfermidade, soma-se a crença de que se “vai para a cidade fazer algum tratamento e vai morrer””, ressalta o relatório, já que ainda há muita desconfiança dos índios em relação aos brancos.

De março do ano passado até agora, MS registrou 4.869 casos confirmados de covid-19 entre indígenas e 96 óbitos, segundo dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde). Os números são o terceiro maior no Brasil, ficando atrás apenas de Amazonas e Mato Grosso.

Publicação - "Perícia em Antropologia no MPF: Primeiras Contribuições no Combate à Pandemia da Covid-19" é uma publicação é composta por 22 ensaios e uma cartilha, reunindo reflexões de peritas e peritos em Antropologia do MPF acerca dos efeitos da pandemia sobre povos indígenas, comunidades quilombolas e tradicionais.

Os pareceres periciais visam subsidiar a atuação do MPF de maneira técnica e cientificamente fundamentada nas ações relativas à doença entre as populações indígenas.

Nos siga no Google Notícias