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Capital

Ainda há risco de epidemia da doença que dura um ano, diz especialista

Flávia Lima | 09/04/2015 13:36
Coordeandor da Fiocruz em MS, Rivaldo Cunha acredita em uma epidemia de Chikungunya no Brasil. (Foto:Alcides Neto)
Coordeandor da Fiocruz em MS, Rivaldo Cunha acredita em uma epidemia de Chikungunya no Brasil. (Foto:Alcides Neto)
Seminário em universidade da Capital reúne principais especialistas em saúde do país. (Foto:Alcides Neto)
Seminário em universidade da Capital reúne principais especialistas em saúde do país. (Foto:Alcides Neto)

Apesar da evolução lenta da febre Chikungunya em território brasileiro, o coordenador e responsável técnico da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz) em Mato Grosso do Sul, Rivaldo Venâncio da Cunha é enfático em afirmar que o país não está livre de uma epidemia, assim como aconteceu em pelo menos 40 países do Caribe e América Central, em 2013. “Especialistas da saúde avaliam quer toda cidade que tem incidência do Aedes aegypti vai sofrer com epidemia de Chikungunya", disse.

Rivaldo fez a declaração na manhã desta quinta-feira (9), durante o 1º Seminário Centro-Oeste de Chikungunya, que acontece até esta sexta-feira na Uniderp-Anhanguera, na Capital e que reúne profissionais da Saúde de diversas regiões do país. A abertura contou com a presença do professor Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Dengue e Chikungunya do Ministério da Saúde. Apesar de dividir opiniões, os especialistas presentes no evento admitem o risco da epidemia.

No Brasil, os primeiros casos registrados da febre, registrados em 2014, indicavam que os pacientes tinham sido infectados no exterior, em uma dessas localidades que sofreram o processo endêmico e onde o vírus circula há tempo. Na época, os episódios foram controlados, porém segundo dados do último boletim do Ministério da Saúde, já foram notificados no país mais de quatro mil casos suspeitos, localizados principalmente nos estados do Amapá e da Bahia, além de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, onde um caso foi confirmado ano passado.

Todo esse panorama de proliferação da doença, além das formas de manejo clínico, estão sendo debatidos no seminário. Rivaldo explica que os especialistas esperavam a explosão da epidemia já no ano passado, porém não é o que vem ocorrendo. Ele explica que por ser uma doença recente no país, as autoridades de Saúde ainda estão estudando seu desenvolvimento, já que ele ocorre de formas distintas em cada localidade.

Segundo o especialista, o que pode estar ocorrendo no Brasil , pode estar acontecendo uma competição pelo mesmo vetor. “Como o mosquito transmissor da Chikungunya é o mesmo da dengue, pode ser que o vetor esteja ocupado com o vírus da dengue. Nesse caso é preciso um tempo para haver o deslocamento da dengue para a nova doença”, explica Rivaldo.

Outros fatores que podem influenciar na demora pela eclosão de uma epidemia seria uma adaptação do vírus ao país ou até mesmo uma mudança genética. O fato, segundo Rivaldo, é que as autoridades não podem descuidar da doença e tão pouco das medidas preventivas.

“Não temos experiência nessa doença por isso o alerta é total e temos que nos preparar para o pior cenário. Quem teve dengue e depois pegou Chikungunya, vai sentir saudades da dengue”, enfatiza.

A diretora de Vigilância em Saúde do Estado, Ângela Cunha Castro Lopes prefere manter cautela quanto a uma epidemia, mas reconhece o risco, principalmente por Mato Grosso do Sul ser um Estado de fronteira. Ela diz que o governo do Estado vem adotando medidas para evitar esse quadro através da capacitação de profissionais e oferecendo suporte e monitorando os 79 municípios de Mato Grosso do Sul. “Estamos em campo diariamente trabalhando direto com os profissionais de cada cidade. É importante ter a consciência de que não estamos isolados e precisamos unir forças assim como estamos fazendo para combater a dengue”, afirma.

Ela explica que as planilhas elaboradas semanalmente sobre o avanço da dengue e da Chikungunya no Estado são o principal instrumento para definir as ações das equipes, que intensificam o combate nas regiões com maior incidência do mosquito transmissor das doenças, utilizando bombas de fumacê e orientando a população.
No entanto Ângela Lopes destaca que o aumento dos casos acontece, em grande parte, devido a displicência da população. “A força tarefa é todos os cidadãos”, conclui.

Histórico - A febre Chikungunya foi detectada pela primeira vez em 1952, na fronteira da Tanzânia com Moçambique e se espalhou pela África e Ásia. No fim de 2013 a Chikungunya foi registrada pela primeira vez nas Américas. Até de janeiro de 2015, mais de 1,135 milhão de casos suspeitos foram registrados nas ilhas do Caribe, países da América Latina e EUA, segundo dados da Organização Mundial da Saúde e 176 mortes foram atribuídas à doença no mesmo período.

Embora os vírus da Chikungunya e os da dengue tenham características distintas, os sintomas das duas doenças são semelhantes. O que difere a primeira são a febre alta e dor nas articulações, acompanhada de inflamação. Outra característica é que o sintomas, no caso da dengue, duram, no máximo dez dias. Já na Chikungunya podem durar até um ano ou mais, conforme Rivaldo Cunha.

O diagnóstico depende de uma avaliação clínica cuidadosa e do resultado de alguns exames laboratoriais. Assim como ocorre nos casos confirmados de dengue, o tratamento contra a febre Chikungunya é sintomático, feito à base de analgésicos e antitérmicos. Não existe vacina contra a doença.

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