Apesar de liberação, embarque nos terminais continua pela porta da frente

Decreto assinado pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD) ontem revogou o dispositivo anterior que previa a limitação do transporte de passageiros em pé ao máximo de 50% da lotação máxima e a volta da “baldeação” nos terminais, mas apesar disso, na manhã de hoje (5) os passageiros continuam entrando pela porta da frente nos ônibus da Capital.

Na fila no Terminal Hércules Maymone para pegar o segundo ônibus do dia, a porteira Silvia de Farias, 37 anos, foi na esperança da baldeação, mas acabou ouvindo que não tinha voltado e se decepcionou.

“Estou vindo do Jardim Noroeste para o Centro. O ônibus do bairro não estava cheio, mas tem que voltar a funcionar normal sim”, disse.

Para a auxiliar de dentista Anita Vieira dos Santos, 70 anos, não só a integração tinha que voltar, mas a frota dos ônibus precisa aumentar também. Durante a restrição do transporte ela passou a pegar carona até o terminal, mas chegava atrasada sempre no trabalho.

“Tem que colocar mais veículos. Tiraram o 075 que eu pegava e agora preciso fazer uma volta para chegar no trabalho. Pego carona até o Hércules, depois o 518 ou o 072 para chegar no trabalho. Venho do Paulo Coelho Machado e vou até a Rua Raul Pires Barbosa”, contou.

"Não tem o que fazer, cada um tem que fazer sua parte e se cuidar, a gente precisa trabalhar e vida que segue.”, completou.

Também no Terminal do Hércules, a doméstica Maria Aparecida, 40 anos, estava na esperança da baldeação. Ela vem do bairro Maria Aparecida Pedrossian  e pega três ônibus para chegar no trabalho. O primeiro ônibus que ela pegou estava cheio e ela acha que a liberação da lotação é perigoso, mas espera que as todas as linhas voltem a funcionar.

“A quantidade de gente dentro do ônibus acho perigoso, sempre lotado, não tem distanciamento nenhum. Sinto muito dificuldade com ônibus a menos, antes eu demorava 40 min de casa pro trabalho, com a pandemia eu demoro 1h a 1h30 a mais que antes. Fora o gasto, que eu não fiz as contas, mas agora pago 6 passes, antes eram só 2, a integração tem que voltar".

Terminal Morenão – Por volta das 8h da manhã, o Terminal Morenão na Avenida Costa e Silva estava já mais vazio, mas conforme relatos no horário de pico o local estava bem cheio e os ônibus todos lotados com muita gente em pé.

Segundo vendedor Alex Junior da Silva Bueno, 29 anos, ele agora gasta três passes para chegar no trabalho e em um mês gastou aproximadamente R$ 100 a mais. “Faz falta, claro que faz. Cortei o lazer e a minha vida social. Além disso, os ônibus estão vindo lotados. Muita gente em pé”, explicou.

Já o professor Rafael Lopes Batista, 27 anos, explicou ao Campo Grande News, que apesar de pegar ônibus apenas duas vezes na semana, sentiu que a realidade já mudou da semana passada para hoje.

 "Hoje tava mais bem cheio que semana passada, muita gente em pé. Acho um pouco imprudente liberar a lotação máxima. Cedo demais. O ideal seria esperar um ou dois meses. A situação não tá propicia para lotar assim como tá sendo.", disse.

Pontos confusos – Durante a pandemia da covid-19, a integração entre as linhas no transporte coletivo foi de uma para até duas integrações e com duas horas de tempo para isso, mas os usuários deveriam ter o cartão cidadão para isso. Já a baldeação nos terminais foi suspensa para um maior controle dos passageiros, segundo a empresa.

Sobre as novas liberações do decreto e a volta ao normal, o Consórcio Guaicurus disse que existem ainda pontos confusos, como a frota 100% já que além de motoristas demitidos durante a pandemia houve também a queda no número de usuários.

“Muitos não querem mais andar de ônibus com medo de se infectar. Alguns terminais estão em reforma. Não dá para voltar com a frota 100% transportando apenas 50% do que era antes da pandemia”, explicou através de assessoria.

Para esclarecer os pontos que ainda estão confusos, uma reunião entre a empresa e a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) será realizada na manhã de hoje.