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Cidades

Depois de briga com reitora, professores de história são exonerados da UFMS

João Humberto | 21/12/2010 19:57
Professor Cezar Benevides chegou a dizer que entraria com pedido de impeachment devido à "perseguição", segundo informou. (Foto: João Humberto).
Professor Cezar Benevides chegou a dizer que entraria com pedido de impeachment devido à "perseguição", segundo informou. (Foto: João Humberto).

O professor doutor Cezar Augusto Carneiro Benevides, chefe do departamento de História da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), foi demitido hoje pela reitora da instituição, professora doutora Célia Maria da Silva Oliveira, de acordo com portaria publicada no Diário Oficial da União.

A decisão é decorrente de um processo administrativo disciplinar pelo fato de o professor ter comprado em meados de 2006 um acervo de aproximadamente 2,5 mil livros de uma coleção da professora Nanci Leonzo, que também lecionava no curso de licenciatura em História da UFMS, e que, assim como Cezar, foi demitida hoje.

Cezar argumenta que em outubro deste ano, a reitora entrou com representação no MPF (Ministério Público Federal) o acusando de ter se beneficiado com a compra dos livros. No dia 30 de novembro deste ano, o professor procurou o Campo Grande News para informar que pretendia abrir processo de impeachment contra Célia por causa da representação.

Como Nanci e Cezar viveram juntos entre o fim da década de 80 e início da década de 2000, a reitora atribuía ao relacionamento um jogo de interesses por parte do professor em adquirir o acervo, conforme ele mesmo disse à reportagem. Na ocasião ele confessou que repudiava o fato de que uma relação afetiva estivesse sendo enfocada numa questão tão delicada.

Devido supostas perseguições e retaliações sofridas em meio a ameaças e até boatos que constantemente o abordavam e que envolviam a reitora, Cezar decidiu ingressar com mandado de segurança, em maio deste ano, apresentando toda a lista dos livros adquiridos da professora Nanci, bem como aproveitou para reforçar a "mania" de perseguição da reitora para com ele.

Como a reitora acusava Cezar de ter cometido improbidade administrativa na compra do acervo de livros, o professor acionou a Justiça, que se manifestou a favor dele, aceitando suas explicações e elogiando seu relatório a respeito do conteúdo das publicações adquiridas, disse o professor.

Ainda de acordo com Cezar, a reitora teria ido até São Paulo (SP) para tentar reverter a decisão da Justiça que inocentou o professor de ter cometido improbidade administrativa. “Por isso, agora ela quer levantar questionamentos a respeito do relacionamento que tive com a professora Nanci. Isso não tem nada a ver”, explicou o professor.

A compra do acervo foi feita pela Fadems (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Educação de Mato Grosso do Sul) na gestão do então reitor Manoel Catarino de Paes Peró. Cezar conta que Célia fazia parte do Conselho Universitário, que aprovou a aquisição.

“Porque ela não levantou questionamentos na época da compra do acervo?”, questionou Benevides.

Comissão - Em julho deste ano, a UFMS determinou, por meio de portaria, formar uma comissão que iria coordenar o curso de Licenciatura em História, que sofria com a falta de professores, aula e perspectivas de futuro.

Os problemas no curso foram reportados pelo Campo Grande News em junho. Segundo a portaria, a comissão “irá desenvolver atividades relacionadas ao Departamento e Coordenação do Curso de História”, informa de forma genérica.

Na época a reitoria informou que a comissão faria o acompanhamento da parte administrativa do curso, como as matrículas e o lançamento de notas. Praticamente inoperante no primeiro semestre, a situação continuava se repetindo, conforme Cezar.

Demissão - No Diário Oficial fica descrito pela reitora que os professores cometeram improbidade administrativa ao “receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público”; “aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade”; “perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza”; “incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas”.

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