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Capital

Avós quase não saiam de casa, diz neta que viu Maria e José morrerem de covid

Depois de 64 anos casados, a doença matou os dois com 19 horas de diferença

Ana Paula Chuva | 14/12/2020 17:28
Avós quase não saiam de casa, diz neta que viu Maria e José morrerem de covid
Maria Giselda e José Maia foram internados juntos. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Eles só saiam de casa quando era extremamente necessário",, diz a neta de Maria Giselda, 84 anos e José Maia, 91 anos, pais do ex-presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia, mais conhecido como Chico Maia. Eles que eram casados há 64 anos, foram levados pela covid-19 com apenas 19 horas de diferença no último domingo (13).

O anúncio da morte foi feito pelo próprio Chico Maia em seu perfil no Facebook. Na postagem, ele falou da dor e agradeceu ser filho de um casal tão especial. Na ocasião, ele preferiu não conversar com a imprensa, mas disse e repetiu hoje:

"Perdi pais maravilhosos e exemplares. Cuidem dos seus pois a covid leva o melhor de nós".

Hoje quem falou pela família foi a psicologa Francisca Flávia, 33 anos, uma dos 15 netos do casal, relatou que apesar da dor da perda dos avós, o conforto da família é saber que os dois partiram juntos, assim como viveram nos últimos 64 anos.

“Eles sempre foram muito parceiros. Para nós claro a dor é muito grande, mas se um deles ficasse pode ser que  sofresse mais porque eram cúmplices. O que nos conforta ainda mais nesse momento é saber que o sofrimento deles foi menor desse jeito”, disse ao Campo Grande News.

Flávia conta que em razão da pandemia o contato do casal era apenas com familiares e funcionários da casa, e acredita que apontar um culpado nesse momento é injusto. “A gente não faz a menor ideia de onde pegaram a doença. Não é justo apontar culpados. Eles saíam de casa só quando extremamente necessário e eram muito saudáveis. Estavam com os exames todos em dia”, relata.

Segundo ela, os avós começaram a apresentar os sintomas no dia 29 de novembro. Ele foi internado no domingo (29) e ela no dia 1°.  “Meu avô teve tosse e minha avó diarreia, dor no corpo e tosse”, diz.

Depois da internação, o casal ficou junto em um quarto na enfermaria do Hospital Cassems, até que no dia 5 de dezembro, José precisou ir para a UtI (Unidade de Terapia Intensiva).

“Meu avô começou a piorar mais rápido que minha avó. Depois que ele foi para a UTI ela ficou ainda dois dias na enfermaria, mas a saturação começou a cair e ela foi para lá também no dia 7”, contou.

Na UTI a evolução da doença no casal foi idêntica. “Tiveram complicações neurológicas, cardíacas, respiratórias e insuficiência renal. Nós só tivemos contato com os médicos quando o quadro era irreversível. Minha avó morreu às 6 horas do dia 12 e meu avô, 19 horas depois. Dois nordestinos que vieram para o Mato Grosso do Sul e construíram uma linda história”, explicou.

“Eles foram muito bem cuidados no Hospital. Preciso ir lá agradecer inclusive. Eles morreram num ambiente tranquilo”, finaliza.

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