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Capital

Bairro mais populoso, Aero Rancho acumula "milhares de problemas"

Filipe Prado | 27/02/2014 09:19
Na Cidade dos Anjos os problemas vão de esgoto a céu aberto até lixo acumulado (Foto: Marcos Ermínio)
Na Cidade dos Anjos os problemas vão de esgoto a céu aberto até lixo acumulado (Foto: Marcos Ermínio)

Sentindo-se esquecidos e abandonados, os moradores do Aero Rancho, o bairro mais populoso de Campo Grande, relataram o descaso da Prefeitura com a região. Da falta de asfalto, manutenção das ruas sem asfalto, iluminação pública e até a insegurança, há uma série de problemas que afetam o dia a dia dos moradores. 

Por todo o bairro, a situação não é muito diferente de outras regiões da cidade. “Isso já virou história de Papai Noel”, comentou o mecânico André Rodrigues da Silva, 35 anos, sobre a falta de pavimentação.

De acordo com o levantamento de 2010 do Sisgran (Sistema Municipal de Indicadores Georreferenciados para o Planejamento e a Gestão de Campo Grande), o bairro possui 36.057 moradores, sendo considerado o maior da Capital. Mas isso não torna a área prioridade do poder público.

No entorno da favela Cidade dos Anjos, os moradores reclamaram da grande quantidade de lixo. Segundo a autônoma Cristiane da Silva Martins, 30, não é recolhido pela prefeitura. “Nós conversamos com a prefeitura e combinamos que os lixos que não são levados pela coleta, são colocados aqui na frente e então eles vem buscar, mas faz mais de uma semana que não aparecem aqui”, relatou.

A autônoma contou que o lixo já chegou a ficar um mês na frente dos barracos. “Duas pessoas já morreram aqui, doentes, por conta deste lixo. A última foi há uma semana com leishmaniose”, afirmou Cristiane. Ela ainda revelou que muitos animais doentes são “largados” na favela, trazendo mais doenças para os moradores.

Dentro da favela, as condições também não são as melhores. As 100 famílias que vivem no local precisam dividir uma mangueira de água. Também há um esgoto a céu aberto que passa pelas casas. “Esse esgoto está entupido há mais de quatro meses e toda vez que chove entra essa água nos barracos”, comentou a autônoma Rafaela da Silva Martins, 23.

“Essa questão do esgoto é em todo o bairro. Em frente á casa da minha mãe também tem um esgoto que está entupido há muito tempo”, completou Cristiane.

As mães da Cidade dos Anjos também reclamaram da falta de vagas para os filhos no Ceinf (Centro de Educação Infantil) do bairro. "Eles simplesmente falam que não tem vagas, mas eu conheço muitas pessoas que conseguiram. É discriminação contra as nossas crianças, não tem outra lógica", assegurou a costureira Nely Lopes, 47, que não conseguiu vaga para a sua sobrinha, além das outras 30 crianças.

Na rua Globo de Ouro as reclamações vão da falta de segurança até a grande quantidade de usuários de drogas em uma matagal na região. “Entra rato, escorpião, cobra em casa, eu tenho que ficar enchendo de veneno aqui em casa”, contou a dona de casa Sandra Maria da Costa, 43.

Ela ainda disse que o seu cachorro, um rottweiler chamado Sansão, morreu ontem (25), depois de ser picado por um escorpião. “A gente limpa todo o quintal, mas não resolve nada, enquanto esse matagal não é limpo”.

Quando chove a situação das ruas, próximas a casa do mecânico André, ficam intransitáveis. “Aqui não tem como transitar. Está abandonado, esquecido”, disse. Ele completou contando que não há escoamento nas ruas, piorando a situação.

Conforme a estudante Pâmela Suellem dos Santos, 19, a falta de iluminação pública também trouxe insegurança. “Eu volto da escola à noite e é bem perigoso. Também há muitos usuários de drogas por aqui”, afirmou.

Muitos moradores ficam presos dentro de casa, com medo. “Enquanto o bandido fica solto por aí, nós nos trancamos em casa”, analisou a dona de casa, que colocou grandes na porta da residência, como outros moradores.
A estudante finalizou pedindo semáforos para o cruzamento Avenidas Graciliano Ramos e Ernesto Geisel.

“Acontecem muitos acidentes aqui por falta de sinalização. Então eu acho que precisam colocar um semáforo, principalmente por conta do grande número de estudantes que passam aqui”.

Confira a galeria de imagens:

  • O lixo já está acumulado a uma semana em frente à favela (Foto: Marcos Ermínio)
  • Muitos animais são deixados na favela, a maioria com doenças (Foto: Marcos Ermínio)
  • Cristiane contou que as 100 famílias dividem somente uma mangueira de água (Foto: Marcos Ermínio)
  • As crianças da favela não conseguem vagas no Ceinf da região (Foto: Marcos Ermínio)
  • (Foto: Marcos Ermínio)
  • (Foto: Marcos Ermínio)
  • A rua Globo de Ouro está intransitável (Foto: Marcos Ermínio)
  • (Foto: Marcos Ermínio)
  • (Foto: Marcos Ermínio)
  • Os moradores se prendem em casa, com medo da violência (Foto: Marcos Ermínio)
  • (Foto: Marcos Ermínio)
  • (Foto: Marcos Ermínio)
  • Os moradores também pedem um semáforo no cruzamento das Avenidas (Foto: Marcos Ermínio)
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