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Capital

Bebê morre, mãe é presa e padrasto diz que agressões eram habituais

Francisco Júnior e Paula Maciulevicius | 18/01/2013 09:15
Na cabeça da criança havia vários ferimentos. (Foto: Reprodução)
Na cabeça da criança havia vários ferimentos. (Foto: Reprodução)

O padrasto de Kemely Romeiro Rocha, de 1 ano e dois meses, que morreu na madrugada de hoje (18), em Campo Grande, vítima de maus tratos, disse que a bebê era frequentemente agredida pela mãe, Marlene Romeiro Rocha, 37 anos.

Conforme o padrasto, Francisco Gomes de Carvalho Filho, de 54 anos, que prestou depoimento na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro como testemunha, Marlene era muito agressiva e não tinha paciência com a filha. Segundo ele, ela batia na criança com finalidade de disciplinar, mas que chegou em várias ocasiões a ameaçá-la dizendo que se não parasse de bater na bebê iria denúncia-lá à Polícia. Não há registro de denúncia anterior.

O padrasto contou que a mulher tinha o costume de deixar o bebê com ele e com a outra filha dela de 17 anos.
Marlene é usuária de drogas e já tem várias passagens na Polícia. Entre os crimes cometidos por ela constam tráfico, roubo e receptação. O pai biológico de Kemely está preso pelo crime de roubo.

Ontem, o padrasto disse que a mulher saiu de casa, que fica no bairro Nova Lima, por volta das 15 horas, e deixou a menina pelada sozinha em cima da cama. Ele afirmou que estava no quintal, quando no final da tarde, ouviu um grito e um choro. Entrou na residência e encontrou a criança caída no chão. Ao ver a cena, disse que ficou desesperado e não reparou se o bebê tinha outros ferimentos. Ele diz que colocou Kemely sentada no tapete e saiu do local para procurar ajuda.

Segundo o padrasto, nesse momento a mãe retornava para casa, ele então contou para ela o que havia acontecido e saiu em busca de ajuda.

De acordo com ele, Marlene não esperou seu retorno e levou a criança de bicicleta até o posto de saúde do bairro Nova Bahia. No meio do caminho, a criança foi socorrida pelos tios e levada de carro.

Conforme a Polícia, a equipe médica do posto constatou a gravidade dos ferimentos e já realizou os primeiros socorros à vítima. Durante atendimento, Kemely sofreu uma parada cardiorrespiratória, mas foi reanimada. Ela teve que ser encaminhada por uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) até a Santa Casa, onde não resistiu às lesões e morreu na madrugada desta sexta-feira.

Delegado ouviu o padrasto e a mãe da criança. (Foto: Simão Nogueira)
Delegado ouviu o padrasto e a mãe da criança. (Foto: Simão Nogueira)

A direção do posto acionou a Polícia Militar. A mãe e o padrasto foram detidos e encaminhados para a Depac. Os dois foram ouvidos pelo delegado de plantão, Camilo Kettenhober.

Marlene, segundo o delegado, negou com veemência qualquer agressão a filha e ainda tentou culpar o marido pela morte da criança. Ela afirmou que não estava em casa e que tinha saído para comprar leite.

Kettenhober informa que a mulher entrou em contradição durante o depoimento. “Antes de saber da morte da filha ela apresentou uma versão e após receber a notícia de que a bebê não havia sobrevivido relatou outra situação para os fatos. Já o padrasto manteve a mesma versão nos dois momentos em que foi interrogado”, relata.

O delegado ouviu também a equipe médica da Santa Casa que fez o atendimento à criança. Ele foi informado de que as lesões na vítima não foram provocadas pela queda da cama, mas sim por agressão física.

A mesma constatação foi feita pelos médicos do posto Nova Bahia. Eles foram enfáticos ao afirmar que os ferimentos na menina são incompatíveis com a queda da cama e são frutos de agressão física.

Kemely apresentava várias lesões na cabeça. Ela teve afundamento de crânio.

A perícia esteve na casa onde aconteceu o casal morava com a criança e apreendeu um pano com manchas de sangue. Segundo o delegado, o local é bagunçado e em péssimas condições de higiene.

Após o depoimento, o padrasto foi liberado. Já Marlene está presa e foi indiciada por maus tratos seguido de morte. A pena para este crime é de quatro a 12 anos de prisão. Segundo o delegado, o indiciamento foi este porque, o uso da violência com intenção de disciplina caracteriza maus tratos.

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