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Capital

Com 15 fiscais, vigilância tenta em vão dar conta de restaurantes na cidade

Denúncia de lanche com pelo e outros relatos colocam ‘em xeque’ fiscalização

Anahi Zurutuza | 27/03/2017 18:23
Com 15 fiscais, vigilância tenta em vão dar conta de restaurantes na cidade
Sanduíche oferecido por rede de fast food na Capital; dois casos colocam qualidade ‘em xeque’ (Foto: Alcides Neto)

A Vigilância Sanitária Municipal garante que faz o que pode para garantir que os restaurantes e lanchonetes estejam servindo comida com segurança. Mas, a própria gerente-técnica de fiscalização de alimentos, Mônica Tischer, admite que o volume de trabalho é grande e cresce a cada ano, por isso, fica difícil “ter pernas” para chegar a todos os estabelecimentos.

Com apenas 15 fiscais, a vigilância tem de dar conta de inspecionar, quase sempre uma vez ao ano, os 9 mil locais que trabalham com a venda de alimentos em Campo Grande.

Estes são os estabelecimentos cadastrados, que têm licença emitida pela própria vigilância para funcionar. “Tem os informais, a gente sabe disse, mas infelizmente não temos pernas para ir atrás de todos”, destaca Mônica.

Com 15 fiscais, vigilância tenta em vão dar conta de restaurantes na cidade
Amostras dos fios de metal de escova apreendidas pela polícia no Habib's (Foto: Decon/Divulgação)

Denúncias – Depois de vir à tona o caso do rapaz que denunciou a unidade do Habib’s da Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, que serviu a ele um sanduíche com fios de escova, mais clientes colocaram “em xeque” a higiene dos fast food e o trabalho de fiscalização dos restaurantes e lanchonetes da Capital.

Daniel de Lima, de 24 anos, ficou três dias internado e precisou passar por uma endoscopia depois que comeu um beirute no Habib’s da Capital. Ele ficou com cerdas de metal de uma escova, que é usada para limpar a chapa onde são feitos os sanduíches, entaladas na garganta.

Este foi um caso chegou à polícia. Daniel foi à Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) que vai responsabilizar o chapeiro e o gerente da unidade pelo ocorrido.

“É uma situação gravíssima”, destacou o delegado Elton de Campos Galindo, responsável pelo inquérito. “Antes de tudo foi uma falta de respeito e atenção, uma imprudência, poderia ter sido uma criança, a vítima poderia estar morta agora, sufocada. É uma coisa muito séria que exigiu nossa atenção”, completou.

O incidente com Daniel aconteceu no início deste mês. Mas, neste fim de semana, uma família passou por situação que levantou suspeita sobre a qualidade do que é servido em outra rede de fast food.

Uma criança foi socorrida até um hospital com sintomas de intoxicação alimentar e foi diagnosticada com uma infecção na laringe, que pode ser causada por bactéria.

Outros integrantes da família tiveram sintomas de reação alérgica, como vermelhidão e coceira no corpo, e como a única coisa que ingeriram de diferente da rotina no fim de semana foi um milk shake, a suspeita recaiu sobre algum ingrediente da sobremesa, que poderia estar estragado.

A família relatou o caso ao Campo Grande News como forma de alerta, mas chegou a fazer denúncia formal, por faltar provas que havia algum problema com o alimento.

Com 15 fiscais, vigilância tenta em vão dar conta de restaurantes na cidade
Fiscais da vigilância sanitária da Capital coletaram amostras de produtos alvo da Operação Carne Fraca na semana passada (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Com 15 fiscais, vigilância tenta em vão dar conta de restaurantes na cidade
Equipes estiveram em supermercados da cidade; trabalho continua (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Vigilância – Apesar da fiscalização de rotina ser feita, problemas passam despercebidos pela vigilância. Só ano passado, o próprio órgão recebeu 1,5 mil denúncias contra restaurantes e lanchonetes.

Embora não tenha estatística disponível de imediato, o superintendente do Procon, Marcelo Salomão, diz que o órgão também recebe várias reclamações pelo número 151.

Ele explica que o Procon também faz fiscalizações. “Estamos atuando insistentemente na fiscalização. Agora, Campo Grande é uma cidade de 800 mil habitantes, quase uma metrópole e os problemas acompanham o crescimento de uma metrópole. É possível que passe uma situação ou outra”, pontua.

A gerente técnica de fiscalização de alimentos da vigilância cita ainda que em 2016, os 15 fiscais fizeram 3,5 mil vistorias inicias (quando um novo estabelecimento solicita a licença para abrir as portas) e 2,5 mil reinspeções.

Sempre que um estabelecimento pede a licença, a vigilância faz duas inspeções no local. A primeira onde são constatadas irregularidades se houverem e a segunda, 30 dias depois, para verificar se as correções foram feitas e emitir o alvará.

Além do trabalho de rotina, a vigilância faz as vistorias em respostas às denúncias que chegam para o órgão e operações específicas, como o trabalho que foi desencadeado após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.

“Nós coletamos amostras de alimentos, linguiças produzidas em açougues, marmitex. No ano passado, das 114 coletas que fizemos, 14 tinham inconformidades, é um índice pequeno”.

Serviço – O Procon recebe denúncias pelo 151 e a vigilância pelo 3314-9955.

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