Com 15 fiscais, vigilância tenta em vão dar conta de restaurantes na cidade
Denúncia de lanche com pelo e outros relatos colocam ‘em xeque’ fiscalização

A Vigilância Sanitária Municipal garante que faz o que pode para garantir que os restaurantes e lanchonetes estejam servindo comida com segurança. Mas, a própria gerente-técnica de fiscalização de alimentos, Mônica Tischer, admite que o volume de trabalho é grande e cresce a cada ano, por isso, fica difícil “ter pernas” para chegar a todos os estabelecimentos.
Com apenas 15 fiscais, a vigilância tem de dar conta de inspecionar, quase sempre uma vez ao ano, os 9 mil locais que trabalham com a venda de alimentos em Campo Grande.
Estes são os estabelecimentos cadastrados, que têm licença emitida pela própria vigilância para funcionar. “Tem os informais, a gente sabe disse, mas infelizmente não temos pernas para ir atrás de todos”, destaca Mônica.
Denúncias – Depois de vir à tona o caso do rapaz que denunciou a unidade do Habib’s da Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, que serviu a ele um sanduíche com fios de escova, mais clientes colocaram “em xeque” a higiene dos fast food e o trabalho de fiscalização dos restaurantes e lanchonetes da Capital.
Daniel de Lima, de 24 anos, ficou três dias internado e precisou passar por uma endoscopia depois que comeu um beirute no Habib’s da Capital. Ele ficou com cerdas de metal de uma escova, que é usada para limpar a chapa onde são feitos os sanduíches, entaladas na garganta.
Este foi um caso chegou à polícia. Daniel foi à Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) que vai responsabilizar o chapeiro e o gerente da unidade pelo ocorrido.
“É uma situação gravíssima”, destacou o delegado Elton de Campos Galindo, responsável pelo inquérito. “Antes de tudo foi uma falta de respeito e atenção, uma imprudência, poderia ter sido uma criança, a vítima poderia estar morta agora, sufocada. É uma coisa muito séria que exigiu nossa atenção”, completou.
O incidente com Daniel aconteceu no início deste mês. Mas, neste fim de semana, uma família passou por situação que levantou suspeita sobre a qualidade do que é servido em outra rede de fast food.
Uma criança foi socorrida até um hospital com sintomas de intoxicação alimentar e foi diagnosticada com uma infecção na laringe, que pode ser causada por bactéria.
Outros integrantes da família tiveram sintomas de reação alérgica, como vermelhidão e coceira no corpo, e como a única coisa que ingeriram de diferente da rotina no fim de semana foi um milk shake, a suspeita recaiu sobre algum ingrediente da sobremesa, que poderia estar estragado.
A família relatou o caso ao Campo Grande News como forma de alerta, mas chegou a fazer denúncia formal, por faltar provas que havia algum problema com o alimento.

Vigilância – Apesar da fiscalização de rotina ser feita, problemas passam despercebidos pela vigilância. Só ano passado, o próprio órgão recebeu 1,5 mil denúncias contra restaurantes e lanchonetes.
Embora não tenha estatística disponível de imediato, o superintendente do Procon, Marcelo Salomão, diz que o órgão também recebe várias reclamações pelo número 151.
Ele explica que o Procon também faz fiscalizações. “Estamos atuando insistentemente na fiscalização. Agora, Campo Grande é uma cidade de 800 mil habitantes, quase uma metrópole e os problemas acompanham o crescimento de uma metrópole. É possível que passe uma situação ou outra”, pontua.
A gerente técnica de fiscalização de alimentos da vigilância cita ainda que em 2016, os 15 fiscais fizeram 3,5 mil vistorias inicias (quando um novo estabelecimento solicita a licença para abrir as portas) e 2,5 mil reinspeções.
Sempre que um estabelecimento pede a licença, a vigilância faz duas inspeções no local. A primeira onde são constatadas irregularidades se houverem e a segunda, 30 dias depois, para verificar se as correções foram feitas e emitir o alvará.
Além do trabalho de rotina, a vigilância faz as vistorias em respostas às denúncias que chegam para o órgão e operações específicas, como o trabalho que foi desencadeado após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
“Nós coletamos amostras de alimentos, linguiças produzidas em açougues, marmitex. No ano passado, das 114 coletas que fizemos, 14 tinham inconformidades, é um índice pequeno”.
Serviço – O Procon recebe denúncias pelo 151 e a vigilância pelo 3314-9955.