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Capital

Com 240 na fila, MS não tem hospital credenciado a cirurgia de fissura labial

Hospital São Julião está apto, mas Ministério da Saúde ainda não liberou habilitação

Mirian Machado | 09/09/2017 09:32
Hospital São Julião é referencia em cirurgias não urgentes (Foto: Marina Pacheco)
Hospital São Julião é referencia em cirurgias não urgentes (Foto: Marina Pacheco)

Há uma fila de espera de 240 pacientes para fazer cirurgia de fissura labial em Mato Grosso do Sul, porém no Estado não há hospitais credenciados para fazer o procedimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O hospital São Julião é referência em cirurgias de não urgência e tenta há cinco anos conseguir a habilitação para esse procedimento no Ministério da Saúde.

Segundo o administrador do estabelecimento, Amilton Fernandes Alvarenga, para o credenciamento foi feita uma série de exigências e todas já foram cumpridas. "Eles já vieram aqui e fizeram auditoria e viram que o hospital tem tudo para fazer a cirurgia, nós temos equipamentos, temos equipe. Agora falta Brasília liberar", disse o administrador.

Um dos problemas dessa enorme fila de espera é que como Mato Grosso do Sul não tem como fazer a cirurgia, os pacientes são encaminhados para o Hospital de Reabilitação de Anomalias Crânio-Faciais da Universidade de São Paulo, mas desde março deste ano o hospital suspendeu o atendimento a pacientes de outros estados. Com isso a fila de espera só tem aumentado.

Administrador diz que hospital está pronto para cirurgias de fissura labial (Foto: Marina Pacheco)
Administrador diz que hospital está pronto para cirurgias de fissura labial (Foto: Marina Pacheco)
Documento informando que hospital de Bauru não atenderá mais pacientes de outros estados (Foto: Marina Pacheco)
Documento informando que hospital de Bauru não atenderá mais pacientes de outros estados (Foto: Marina Pacheco)

Ainda segundo Amilton, três reuniões já foram feitas com a Secretaria de Estado de Saúde e com a Funcraf (Fundação para o Estudo e Tratamento das Deformidades Crânio - Faciais). "Não aceitamos que uma pessoa daqui [MS] pegue um ônibus para ir a Bauru sendo que nós podemos fazer [cirurgia]. Nós estamos em condições de começar a qualquer hora", afirmou.

"Aqui nós faremos o tratamento cirúrgico e a Funcraf continua o acompanhamento. É bem mais fácil a pessoa não precisa sair daqui e vai facilitar o retorno do paciente também", informou. São 30 tipos de cirurgias que são credenciadas, como por exemplo, a retirada de enxerto.

A cirurgia de fissura labial deve ser feita pela primeira vez aos três meses de idade e a criança vai fazendo o procedimento até os 17 anos, porém há muitas crianças que já perderam a primeira cirurgia pelo tempo que estão esperando. Segundo Amilton, atualmente há 50 crianças de três meses esperando a 1º cirurgia.

Uma equipe de vários médicos fazem parte como plástico, buco-maxilo, ortopedista, otorrinolaringologista entre outros.

Em contrapartida deve haver uma revisão no valor que é repassado pelo SUS. "Nós vamos conversar com a Prefeitura e com o Governo do Estado para complementar, porque há procedimento que o SUS paga R$ 50. Por exemplo a retirada de enxerto, o SUS paga R$ 57,61 com dois ortopedistas, anestesista, sala, enfermeiro. Alguém vai ter que complementar, não é nada absurdo, mas vai ter que complementar pra gente fazer", explicou.

Antes da cirurgia de fissura labial (Foto: Marina Pacheco)
Antes da cirurgia de fissura labial (Foto: Marina Pacheco)
Após cirurgia feita em bebê (Foto: Marina Pacheco)
Após cirurgia feita em bebê (Foto: Marina Pacheco)

O administrador ainda diz que os valores são inviáveis, como por exemplo, a cirurgia no lábio o SUS paga R$ 1.093, o médico vai fazer por R$ 800. Então se ficar esse valor, vai sobrar R$ 200 reais para o hospital pagar o anestesista, a sala entre outras coisas.

"Mas esse não é o problema hoje. O problema é a burocracia, porque já cerca de 60 dias que já foi enviado pra Brasília todos os documentos, já daria tempo de voltar. É só fazer a portaria, porque já foi aprovado já temos o parecer positivo daqui" afirmou. "Se nós fizermos 30 cirurgias desses por mês em 10 meses nós zeramos essa fila. Tem gente esperando há anos", concluiu.

O Campo Grande News tentou contato com o Ministério da Saúde para saber como está o andamento do credenciamento do Hospital São Julião, mas até o fechamento da matéria não tivemos retorno.

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