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Capital

Com rodoviária fechada, paciente com câncer fica sem transporte para tratamento

Quem precisa de tratamento fora do Estado se viu desamparado em meio a pandemia do coranavírus na Capital

Geisy Garnes e Viviane Oliveira | 06/06/2020 10:06
Carlos mostra o cartão do paciente que comprova o tratamento em Barretos (Foto: Henrique Kawaminami)
Carlos mostra o cartão do paciente que comprova o tratamento em Barretos (Foto: Henrique Kawaminami)

Há quatro anos Carlos de Souza, de 68 anos, enfrenta a batalha contra o câncer. Perdeu um dos olhos para a doença e recorreu ao Hospital do Câncer de Barretos, referência em tratamento oncológico do país, em busca da cura. A esperança do novo tratamento, no entanto, foi abalada há dois meses, com a chegada do novo coronavírus e o fechamento da rodoviária de Campo Grande.

Carlos começou o tratamento contra o câncer em Campo Grande. Sem conseguir controlar a doença, passou por quatro cirurgia e em uma delas, realidade em setembro do ano passado, retirou o globo ocular esquerdo. O tratamento continuou e sem recurso na Capital, foi encaminhado para tratamento em Barretos, interior de São Paulo.

Para conseguir viajar, se cadastrou no projeto Tratamento Fora de Domicílio, viabilizado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul) e ganhou o direito a passagem grátis e auxílio hospedagem em Barretos. Tudo ocorria bem, até as medidas de isolamento social para evitar a propagação do coronavírus começaram na cidade.

No dia 24 de março a rodoviária de Campo Grande fechou. Sem outra maneira de viajar, a não ser de ônibus e através do programa social, Carlos precisou desmarcar uma consulta que aconteceria no início de maio.

A nova data foi definida para 16 de junho, mas com os embarques e desembarques na Capital ainda proibidos e a falta de resposta do governo estadual, a viagem para Barretos voltou a ser dúvida. A saída, conta o idoso, foi tentar ligar para o hospital e mais uma vez mudar a data da consulta, porém não foi possível.

“Liguei e expliquei o que está acontecendo. Não querem adiar o tratamento. Eu quero saber como vou fazer para poder ir, eu não tenho condições. Minha situação está muito complicada, o governo deveria agilizar isso para gente”, lamentou Carlos. Seu maior medo é que a falta de tratamento faça perder o olho direito também. "Eu não estou bem".

Exames e tratamento de Geones estão agendados para o próximo mês (Foto: Henrique Kawaminami)
Exames e tratamento de Geones estão agendados para o próximo mês (Foto: Henrique Kawaminami)

A mesma situação aflige a família de Diana Parecida de Oliveira Souza, de 33 anos, coordenadora da Casa de Apoio Amigos do Chitão. Desde 2015, ela acompanha o marido, Geones Roberto Figueiredo Dias, de 30 anos, no tratamento contra o câncer.

Geones foi diagnosticado com um tumor benigno na cabeça e por isso viaja a Barretos periodicamente para exames. A próxima consulta e sessão de radioterapia, lembra Diana, estão marcadas para o dia 2 de julho, mas sem ajuda do governo, a ida ao hospital se torna quase impossível. “Assim como o Carlos e meu marido, várias outras pessoas estão na mesma situação”.

O projeto Tratamento Fora de Domicílio é um benefício definido pelo governo federal para garantir o atendimento de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) que esgotaram todas as formar de tratamento no sistema de saúde local.

Para isso, é necessário fazer um cadastro na rede municipal de saúde, que vai avaliar a real necessidade do deslocamento para outro estado. Quando tudo for aprovado, o governo estadual, por meio da Secretaria de Saúde, emite as passagens, terrestre ou aérea, para o paciente e a um acompanhante.

A reportagem, a SES (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul) confirmou o cancelamento das viagens. Em nota, afirmou que ““fornece as passagens para o paciente, seja área e terrestre, quando autorizado por nosso médico autorizador que analisa a documentação do paciente atendido na rede pública de saúde. Porém com o fechamento da rodoviária e aeroporto, o transporte fica comprometido durante esse período”.”. Nenhuma data de retorno ou até mesmo outras opções para o transporte dos pacientes foram definidas.

Carlos perdeu o olho em setembro do ano passado. Agora, teme que a falta de tratamento o deixe completamente cego (Foto: Henrique Kawaminami)
Carlos perdeu o olho em setembro do ano passado. Agora, teme que a falta de tratamento o deixe completamente cego (Foto: Henrique Kawaminami)


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