Com salários pagos e ordem judicial, coleta de lixo deve voltar ao normal
Com liberação de recurso determinada pela justiça, Solurb deposita R$4,9 milhões nas contas dos coletores.
Com a proibição de continuação da greve e liberação de R$ 4,9 milhões para pagamento de salários e benefícios, conforme decisão liminar do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 24ª região, na tarde desta sexta-feira (07), funcionários da Solurb, que fazem a coleta de lixo e limpeza de ruas de Campo Grande, retomarão as atividades já nas próximas horas.
O desembargador Nicanor de Araújo Lima, vice-presidente do TRT, deferiu a liminar requerida nesta tarde pela Solurb quanto à ilegalidade do movimento. Na decisão, determinou que o valor de R$ 4.935.592,64, que estava depositado na Caixa Econômica Federal e vinculado a processo movido pelo Steac (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Asseio e Conservação de MS), fosse imediatamente transferido para conta bancária da concessionária.
“Conquanto tenha sido deflagrado o movimento sem que tenha havido prévia comunicação ao empregador e aos usuários, determina ao sindicato o imediato retorno dos trabalhadores para a prestação dos serviços de coleta de lixo e limpeza urbana, sob pena de multa diária de R$ 5 mil reais por dia, para caso de descumprimento, limitado a R$ 100 mil”, esclarece a decisão do TRT.
Em nota divulgada nesta tarde, a Solurb informou que os salários dos funcionários que trabalham na coleta de lixo, varrição de ruas e no aterro sanitário de Campo Grande, já estavam sendo depositados e os serviços serão retomados na sua plenitude no próximo turno de trabalho, às 19 horas.
“Apesar de entendermos que o contratempo não pode ser atribuído à concessionária, nos desculpamos e reafirmamos o nosso compromisso de prestar serviços com qualidade a toda a população de Campo Grande”, diz a nota.
Sobre o retorno dos trabalhos, o presidente do Steac, Wilson Gomes da Costa, disse que será decidido pelos trabalhadores. “Estou pedindo que eles confirmem se realmente o dinheiro foi depositado. Se todos concordarem, hoje mesmo os serviços voltam à normalidade”, afirmou.
Acúmulo de lixo nos bairros - Em um período de 8 horas, a partir do início da greve dos empregados da Solurb, era perceptível o impacto negativo em algumas regiões de Campo Grande na tarde desta sexta.
No Bairro Coophamat, região onde estava prevista a coleta de material reciclável no período da manhã, muitos moradores foram pegos de surpresa.
A pizzaiola Geise Cristina Jacometo, 38, não sabia que a coleta reciclável estava interrompida e colocou material em frente de casa. "Deu o maior trabalho separar todo o lixo reciclável, e ainda já veio cachorro ou alguém e bagunçou tudo", observou.
Desavisados, muitos moradores colocaram lixo orgânico para fora de casa.
"Me atrapalha muito porque três vezes por semana a gente descasca mandioca e é produzido lixo orgânico de quase 300 quilos. Se acumula fica com cheiro ruim, um risco à saúde", conta Arquimedes Donchn de Almeida, 48, que trabalha com venda e revenda de mandioca.
"Da outra vez que teve greve, eu tive que contratar caminhão particular para levar o lixo, porque não dá para ficar apodrecendo aqui em frente", lembra.
No Bairro Universitário, onde estava prevista coleta de lixo comum nesta manhã, também muitas sacolas foram deixadas nas calçadas.
"Não vai passar hoje? Sacanagem!", exclamou a aposentada Angélica Marques, 68. "Entendo a situação das famílias desses trabalhadores, mas a greve gera muita dor de cabeça. Acumula lixo, junta mosca, mosquito da dengue. Vira uma bola de neve", disse.
Confira a galeria de imagens:
