ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 30º

Capital

Corte de energia clandestina divide opiniões entre pagadores

Ação da Energisa e PM cortou "gatos" de moradores de área invadida

Mirian Machado | 11/07/2019 12:57
Antônio Gonçalves diz entender situação de famílias carentes e não se importa com ligações clandestinas (Foto: Henrique Kawaminami)
Antônio Gonçalves diz entender situação de famílias carentes e não se importa com ligações clandestinas (Foto: Henrique Kawaminami)
Empresária Renata Campos é do time que acha injusto moradores de favela terem "gatos" (Foto: Henrique Kawaminami)
Empresária Renata Campos é do time que acha injusto moradores de favela terem "gatos" (Foto: Henrique Kawaminami)

Quem vive no entorno da área invadida da construtora falida Homex, no bairro Jardim Centro-Oeste, região do Jardim Paulo Coelho Machado, sul de Campo Grande, tem opiniões divergentes sobre a força-tarefa realizada nesta manhã (11) para retirar as ligações de energia clandestinas, os “gatos”. Há quem apoie a retirada por achar injusto uns pagarem pela luz e outros não, mas também há quem entende a situação vivida pelas famílias da favela torce para que tudo seja regularizado.

Dona de um studio de unhas próximo da área onde aconteceu a invasão, Renata Campos de 31 anos relata que apoia a operação. “É injusto eu pagar R$ 500 reais de energia com a minha casa fechada o dia todo sem ninguém, e eles com luz de graça sendo que alguns ali tem condições de pagar”, reclama.

A empresária ainda afirma que toda vez que isso acontece os moradores voltam a fazer gatos. “Mas acredito que dessa vez vai ficar mais difícil, parece que eles trocaram a fiação. Acho que não vão conseguir puxar de novo”, conta.

Operação cortou 80 pontos de 'gatos' de área invadida (Foto: Henrique Kawaminami)
Operação cortou 80 pontos de 'gatos' de área invadida (Foto: Henrique Kawaminami)

Antônio Gonçalves da Silva, de 44 anos, tem uma mercearia na frente de casa. Esse mês a conta de energia paga veio R$ 350 reais. Apesar de estar regular e com as contas em dia ele explica se se sensibiliza com as famílias que ficaram sem energia hoje, por entender e ver o que eles passam. “Há uns 3 anos mais ou menos o local era abandonado, ficou melhor depois que eles vieram para cá. Quanto a energia, acho que deveria legalizar. Ali tem criança, pai de família, trabalhador. Eu entendo a situação deles”, lamenta Antônio.

A ação envolveu 120 pessoas, com um exército de eletricistas, 70 veículos da Energisa e equipes da PM (Polícia Militar) e do Batalhão de Choque. 

De acordo com o gerente comercial da Energisa, Ercílio Diniz Flores, são cerca de 80 pontos de ligação clandestina e que o problema se arrasta por mais de dois anos. “Não é uma ação de combate ao furto de energia, mas para preservar a vida. Temos vários princípios de incêndio nessa região. A cada quinze dias, queima de três a quatro transformadores”.

Histórico - A área invadida é remanescente do projeto milionário da Homex, que veio a Campo Grande com a promessa de construir 3 mil casas. A chegada foi precedida por tensão entre a Prefeitura e a Câmara. O ano era 2010 e um projeto para permitir a vinda do grupo, que anunciou investimento de R$ 200 milhões, foi votado com trâmite acelerado.

As mudanças eram para reduzir o tamanho mínimo do terreno, passando de 360 para 250 metros quadrados e aumento da quantidade de casas por condomínio. Mas, já em 2013, o projeto foi abandonado. E os terrenos da empresa, que receberiam os residenciais, foram invadidos. Imóveis ainda no térreo logo foram ocupados e servem de moradia e comércio, como salão de cabeleireiro e conveniência.

Quem comprou os apartamentos e mora nos imóveis concluídos também enfrentou problemas e ações cobram indenização da Homex e da Caixa Econômica Federal.

Nos siga no Google Notícias