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Da tecnologia à recusa de viagens: vale tudo para escapar da criminalidade

Dados da Sejusp apontam queda nos roubos, com relação ao ano passado, mas ações criminosas estão mais violentas

Danielle Valentim e Bruna Pasche | 16/11/2018 07:41
Advogado Erickson Carlos Lagoin, que representa a Urban, pontuou que a criminalidade é “genérica” e tem vários fatores que influenciam. (Foto: Henrique Kawaminami)
Advogado Erickson Carlos Lagoin, que representa a Urban, pontuou que a criminalidade é “genérica” e tem vários fatores que influenciam. (Foto: Henrique Kawaminami)

De 1º de janeiro até 11 de novembro, os roubos e assaltos em Campo Grande registrados na Polícia Civil caíram 12,22%, com relação ao mesmo período em 2017. Apesar, da queda nas ações criminosas, os bandidos estão mais violentos e as empresas de transporte por aplicativo têm investido na tecnologia para dar suporte aos seus motoristas. Afinal, para se manter seguro, vale tudo, até mesmo dispensar trabalho.

Reportagem do Campo Grande News publicada em fevereiro deste ano já havia constatado queda do casos associando a estatística on-line da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) ao trabalho diário de investigações da Polícia Civil, especificamente da Derf (Delegacia Especializada na Repressão de Roubos e Furtos).

Os roubos estão na categoria de "crimes contra o patrimônio". Segundo os levantamentos, do início do ano até agora, 5.091 roubos foram registrados na polícia. A quantia é 12,22% menor que  meso período do ano passado, quando 5.800 roubos foram registrados. Tanto em 2017 quanto em 2018, houve um pico de roubos no mês de março, com 683 e 607, respectivamente. Nesses primeiros 11 dias do mês, 115 roubos registrados, enquanto em 2017, 191 casos chegaram à Policia Civil.

Se por um lado, a boa notícia é a redução dos roubos, do outro, é de que as ações estão mais violentas. Para livrar os parceiros, as plataformas aliam cuidados básicos, como a escolha de horários, à tecnologia, por exemplo, o de mapeamento de bairros perigosos.

Há quem reclame da liberação do pagamento em dinheiro nas corridas, mas também os que defendem o bom senso. À reportagem, um motorista que trabalha com três plataformas e preferiu ter a identidade preservada, conta que está trabalhando nas ruas de Campo Grande há dois anos e nunca foi assalto.

Ele frisa que trabalha com uma meta diária, mas nada o faz avançar para locais ou a horários que o deixem inseguro. Ele admite já ter recusado viagens ou passado “reto” ao perceber movimentação estranha.

“A gente precisa de prevenir, as empresas até dão suporte, mas e se me matarem? Se levarem o carro, a gente trabalha para comprar, mas minha vida vale mais”, pontua.

Erickson admite que uma das, principais, reclamações dos motoristas é a falta de avaliação dos passageiros no app. (Foto: Henrique Kawaminami)
Erickson admite que uma das, principais, reclamações dos motoristas é a falta de avaliação dos passageiros no app. (Foto: Henrique Kawaminami)

Em entrevista ao Campo Grande News, o advogado Erickson Carlos Lagoin, que representa a Urban, pontuou que a criminalidade é “genérica” e tem vários fatores que influenciam. Lagoin destaca que a empresa possui, até o momento, 3500 motoristas em Campo Grande, que atendem cerca de 400 mil usuários, e que de janeiro até o fim de outubro, de 4770 roubos registrados, apenas cinco vitimaram motoristas cadastrados.

“Apesar do número expressivo, são 601 casos a menos registrados comparado ao mesmo período do ano passado, de 5371. A empresa está buscando soluções para que esse número seja quase nulo, por exemplo, com melhoras na plataforma do aplicativo, não posso detalhar, mas a expectativa é de fechamento de parceria com empresas que fazem o rastreamento de veículos”, disse.

Erickson admite que uma das, principais, reclamações dos motoristas é a falta de avaliação dos passageiros, mas frisa o mapeamento de bairros perigosos feito pela empresa. “A Urban fez um mapeamento de bairros mais perigosos, no caso, Nova Lima, Nhanhá e Pioneiros. O levantamento é feito a partir do maior número de registros de assaltos”, finalizou.

Uber - Recentemente, a Uber lançou o botão de recursos de segurança para usuários e motoristas parceiros, que permitem, a um simples toque, compartilhar informações da viagem em tempo real com contatos de confiança e ligar para a polícia.

Antes, durante e depois - As ferramentas da empresa começam a agir no cadastramento das pessoas no aplicativo. Além disso, é exigido o antecedente criminal do motorista e verificação de identidade do motorista em tempo real. De tempos em tempos, o aplicativo pede uma selfie do cadastrado, antes de aceitar uma viagem ou de ficar on-line.

As viagens da Uber só podem ser realizadas por meio do aplicativo e o cliente pode acompanhar a chegada do carro em local seguro. Na Uber, todas as viagens são registradas por GPS e ao longo do trajeto é possível compartilhar a sua localização e o tempo de chegada em tempo real com quem o usuário desejar.

Ao fim da viagem, ambos podem se avaliar. Esta é uma das principais medidas de qualidade do serviço prestado. A Uber pode banir da plataforma usuários ou motoristas que tiverem uma média baixa de avaliações ou comportamento inapropriado/perigoso. Os motoristas parceiros contam ainda com telefone, para registrar casos de emergência e solicitar apoio da Uber depois que tiverem comunicado as autoridades e estiverem em segurança.

99 Pop – A empresa conecta mais de 300 mil motoristas a 14 milhões de passageiros em mais de 500 cidades no Brasil, mas não divulgou dados específicos sobre Mato Grosso do Sul. No entanto, assim como a Urban, a 99 realiza mapeamento de áreas de risco e envia aos motoristas notificações sobre zonas perigosas. O levantamento envolve estatísticas internas da empresa e dados externos das Secretarias de Segurança Pública.

A 99 também solicita selfie do cadastrado com a carteira de habilitação e convida os passageiros a verificarem se a imagem do motorista bate com quem realizou a corrida, antes e depois da chamada. Para garantir que o serviço seja seguro, a 99 possui uma equipe especialmente dedicada a isso, composta por mais de 50 pessoas, que trabalham 24 horas por dia e sete dias por semana.

Com foco na prevenção, a empresa usa a inteligência artificial para monitora o perfil de todas as chamadas, permite que os usuários e motoristas compartilhem sua rota em tempo real. Mantém canal de atendimento para incidentes de segurança, assedio ou discriminação, exige o CPF ou cartão de crédito do passageiro antes da primeira corrida e permite que o condutores aceite ou não recebimento em dinheiro.

Alertas - Aos motoristas, não só do Urban, Uber ou 99 Pop, mas de todos os aplicativos as primeiras dicas de segurança são para com os locais e horários, que segundo mapeamento se tornam mais perigosos a partir das 21h.

O Motorista precisa estar atento ao comportamento dos passageiros, ao uso de celulares ou tabletes considerados “mais caros” e dinheiro à vista.

A Urban, Uber e 99 Pop, permitem que solicitações de viagens sejam canceladas por motoristas parceiros que não se sentirem confortáveis. Na Uber, por exemplo, a empresa adotou a tecnologia que bloqueia viagens consideradas mais arriscadas.

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