Dobro do drive-thru, taxa de positividade em escola reflete atraso na testagem
Ponto de coleta foi ativado há dez dias, em plena escalada da doença, quando estratégia nos Bombeiros ficou sobrecarregada
A cada 100 pessoas examinadas no ponto de coleta para testes rápidos instalado na Escola Estadual Lúcia Martins Coelho, em Campo Grande, dez acusam anticorpos para o novo coronavírus. A taxa de positividade de 10,5% no local é maior que o dobro da constatada no drive-thru do quartel central do Corpo de Bombeiros, de 4,7%, ou seja, menos que cinco positivos a cada 100 submetidos a exames.
Na avaliação do titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Geraldo Resende, o índice de positivos maior no ponto de coleta da escola estadual reflete o represamento no número de pessoas que buscaram diagnóstico no drive-thru, mas não conseguiram vaga em função do gargalo de atendimento da estrutura.
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“Houve uma demanda muito grande devido ao crescimento da doença em Campo Grande. Muitas das pessoas não tiveram acesso ao exame de biologia molecular [RT-PCR, do cotonete, feito no drive-thru], passaram pela fase aguda e quando conseguiram ser testadas já haviam adquirido anticorpos, ou seja, passaram pela doença sem necessidade de medicação ou sintomas, como acontece em 85% dos casos em todo o Mundo”, analisou Resende.
Em operação desde abril, o drive-thru nos Bombeiros coleta aproximadamente 100 exames diários por biologia molecular, o mais indicado para fazer o diagnóstico da covid-19, uma vez que rastreia o vírus no organismo nos primeiros dias de infecção. O local passou a fazer testes rápidos no fim de maio, com capacidade inicial para cerca de 20 por dia.
O ponto de coleta na Lúcia Martins Coelho, inaugurado há dez dias, faz até 400 testes rápidos por noite. Este tipo de exame identifica anticorpos para o Sars-CoV-2 após, pelo menos, uma semana a partir do início dos sintomas.
[A taxa de positividade mais alta] tem relação com o crescimento dos casos e com a dificuldade de acesso, com a velocidade que precisava, aos testes de biologia molecular. Por isso esse grau de positividade bastante amplo nos testes rápidos”, completou o secretário.
Conforme boletim da SES, 3.103 testes rápidos já foram realizados no ponto de coleta da Escola Estadual Lúcia Martins Coelho, com 327 resultados positivos.
O drive-thru do quartel central dos Bombeiros, por sua vez, fez 3.725 testes rápidos de maio até agora, com 176 positivos.

Somados aos do tipo RT-PCR, a taxa de positividade dos exames feitos no drive-thru é de 9,3%, a mais baixa se comparada com as demais estratégias de testagem lideradas pela SES no Estado - em Dourados (22,8%), Corumbá (29,1%) e Três Lagoas (12,7%).
Porém, o índice no drive-thru de Campo Grande indica tendência de crescimento. A taxa de positividade subiu em quase um terço (29%) em relação ao percentual de duas semanas atrás, de 7,2%.
No mesmo período, a Capital viu o número de casos confirmados quase dobrar, de 3.164 para 6.216, e o total de mortes ser triplicado, de 22 para 66.
O avanço na positividade das estratégias de testagem fazem o secretário estadual já falar em imunidade de rebanho. O fenômeno ocorre quando grande parte da população já contraiu determinada doença e adquiriu resistência a ela, o que a impede de encontrar novos “hóspedes” e se espalhar.
“Mostra que há uma grande parcela da população que já adquiriu imunidade e a curva de casos pode chegar a ter um decréscimo à medida que a imunidade de rebanho seja atingida. As pesquisas hoje estimam que a imunidade de rebanho ocorra quando em torno de 40% da população tenha sido contaminada”, citou Resende.