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Capital

Em "carta aberta”, blogueiro de Bolsonaro diz que é “preso político” em MS

Oswaldo publicou "carta aberta" depois de ser preso em Campo Grande na investigação que apura atos antidemocráticos no país

Izabela Sanchez | 27/06/2020 14:40
Carta foi publicada no Twitter do jornalista e mostra sede da PF ao fundo (Foto: Divulgação)
Carta foi publicada no Twitter do jornalista e mostra sede da PF ao fundo (Foto: Divulgação)

Jornalista que atua no Paraná, onde nasceu, Oswaldo Eustáquio está preso na Superintendência da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, desde sexta-feira (26). Mesmo preso, utilizou o perfil no Twitter para divulgar “carta aberta” em que se diz “preso político” e defensor da "liberdade de imprensa".

Ele foi preso em Campo Grande no final da manhã de sexta-feira, depois de visitar a linha de fronteira entre Brasil e Paraguai, em Pedro Juan Caballero, cidade gêmea de Ponta Porã, distante 314 km de Campo Grande.

Foi preso após mandado expedido pelo ministro do STF (Superior Tribunal Federal) Alexandre de Morais no âmbito da Operação Lume, inquérito que apura incentivo e financiamento de atos antidemocráticos que pedem o fechamento do Congresso e do STF. A justificativa da prisão foi alegada como risco de fuga pelo Paraguai.

“Eu, Oswaldo Eustáquio, prisioneiro de Jesus Cristo e do Brasil, no segundo dia de minha prisão arbitrária, em primeiro lugar clamo pela libertação dos presos políticos Jurandir e Bronze”, diz ele.

A carta foi publicada há poucas horas em conta atribuída a ele no Twitter, e aberta em julho de 2009. O perfil é utilizado para fazer defesa contumaz da militância bolsonarista. A publicação cita o perfil do amigo Hugo Alves dos Santos, que estava com Eustáquio quando ele foi preso.

A foto da carta escrita à mão tem como fundo a sede da Superintendência da Polícia Federal em Campo Grande. Eustáquio se auto intitula como “jornalista investigativo” no Twitter, e a carta finalizada com o nome dele cita, também, número de DRT, o registro profissional.

Ainda assim, a militância pública feita em meio ao bolsonarismo indica que ele se coloca como “alternativa” à imprensa, que costuma incluir nas críticas que faz. Em Pedro Juan Caballero, Eustáquio gravou vídeo: “Aqui no Paraguai tem 13 mortes, no Paraguai inteiro. Ali, do outro lado da fronteira, em Ponta Porã, já tem mais mortes que aqui”, afirma.

Oswaldo Eustáquio ao lado de Sara Winter (Foto: Divulgação)
Oswaldo Eustáquio ao lado de Sara Winter (Foto: Divulgação)

Carta – A carta é uma alusão a outros alvos da operação que investiga os atos anti democráticos. Ele diz que depois da viagem a Mato Grosso do Sul e ao país vizinho, pretendia ir até São Paulo “levantar a voz” pela liberdade de Antônio Carlos Bronze e Jurandir Alencar. Eustáquio também afirma que a prisão põe em risco “o sigilo da fonte” garantido pela Constituição.

Os dois são militares da reserva e foram presos por desobediência, descumprimento de medida sanitária preventiva e incitação ao crime, após manifestação na frente da casa de Alexandre de Moraes no dia 2 de maio.

“Sobre minha prisão, eu estou preparado para este tempo. Fui forjado para tempos difíceis e chegou a hora de juntos libertar o país da corrupção. Este é o meu propósito. Minha prisão coloca em risco o sagrado sigilo da fonte no Brasil, garantido a todos os jornalistas pela Constituição. Tive o meu direito de jornalista vilipendiado”, cita, no documento.

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Defesa – Site intitulado “Brasil sem medo” afirma que ele será representado por advogado criminalista do Paraná.

Militar da reserva, o segundo-tenente do Exército e advogado João da Cruz Oliveira da Silva, 51, tentou, neste sábado, comunicação com Eustáquio, sem sucesso. O advogado contou ao Campo Grande News que acompanha as publicações de Oswaldo e quis “se voluntariar” para representá-lo. Não teve sucesso neste sábado.

“Eu estive lá agora, no departamento da Polícia Federal. Sou amigo do delegado, olha final de semana fica só um agente lá, de forma que seria mais fácil conseguir o acesso na segunda-feira”, explicou. “Eu estou tentando falar com ele, tentando ver se ele aceita que eu o represente”, comentou.

“Me interessei pela postura dele, que se alinha com meu pensamento”, diz o advogado.

Na conta do Twitter atribuída a Eustáquio, imagem usa a foto do jornalista ao lado da militante bolsonarista Sara Girimoni, conhecida como Sara Winter, que chegou a ser presa ao longo do mesmo inquérito, mas foi solta dias depois, na última quarta-feira (24). Ela tem a palavra "presa" e ele, "perseguido", embaixo das fotografias.

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