Em Orla lotada, ninguém se sente responsável pelo avanço da covid
Com hospitais colapsados, pessoas com “consciência tranquila" compartilham tereré em locais públicos
No anonimato, em espaços lotados no fim de tarde em Campo Grande, as pessoas não têm receio em dizer que não enxergam problemas em compartilhar tereré e frequentar locais de aglomerações pela cidade, apesar dos números dramáticos da covid-19 em todo Mato Grosso do Sul. Sem informar o nome, muitas dizem não se achar nem um pouco responsáveis pelo avanço da doença.
O Campo Grande News esteve na Orla Morena nesta quinta-feira (1º) para verificar a circulação de pessoas. Entre os abordados, todos deram entrevista na condição de não revelar os nomes e se dizem com a “consciência tranquila” em relação a pandemia.
“Tem muitas pessoas que promovem outros tipos de aglomeração e festas clandestinas. Aqui é um local aberto e eu conheço minha amiga há muito tempo, não me sinto culpada pelo aumento de casos de coronavírus”, opinou uma mulher que compartilhava tereré com a amiga. “Os ônibus por exemplo, estão todos lotados e ninguém faz nada, isso sim transmite a doença”, indagou a companheira de bebida.
Justificativas não faltam. Um casal, que também preferiu manter a identidade em sigilo, afirmou que adotam medidas no dia a dia para evitar o contágio com a doença, apesar de também estar tomando tereré em um lugar movimentado.
“Tomamos cuidados, frequentamos aqui apenas para nos exercitar, o tereré é só para nós dois, não damos para ninguém, moramos juntos então não vejo problema nenhum nisso”, disse o namorado.
Quinta-feira é o dia da tradicional feira da Orla Morena, o que aumenta consideravelmente a quantidade de transeuntes no local. Diversos fregueses da feira cruzavam com pessoas que usam o espaço para praticar exercícios físicos, a maioria sem máscara.
Números da covid – Com mais 20 óbitos confirmados nesta quinta-feira (01), Campo Grande chegou a marca de 1.906 vidas perdidas para a covid-19. O vírus já infectou 85.651 pessoas, há 759 moradores em isolamento domiciliar e 624 pacientes internados com a doença.