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Capital

Em ponto onde ciclista morreu, falta de segurança é reclamação recorrente

Acidente aconteceu logo após rotatória de entrada no Parque dos Poderes, no final da avenida Mato Grosso

Nyelder Rodrigues | 12/03/2021 09:09
Ciclistas e veículo juntos, sem faixa específica que delimite ciclovia. (Foto: Kisie Ainoâ)
Ciclistas e veículo juntos, sem faixa específica que delimite ciclovia. (Foto: Kisie Ainoâ)

Intenso tráfego de carros em velocidade moderada, mas suficiente para matar alguém em caso de atropelamento. A cena é diária no Parque dos Poderes, de veículos dividindo espaço com ciclistas que aproveitam o fim da tarde e a noite para se exercitar.  Na quarta-feira, esse cenário acabou provocando tragédia

A morte da estudante de Direito, Emanuelle Gorski, de 21 anos, atropelada por uma camionete na Avenida Hiroshima, esquina com a Rua Desembargador José Nunes da Cunha, acendeu o sinal de alerta para os perigos do local, em especial, para ciclistas. A reportagem foi até o ponto do acidente e conversou com alguns.

"Aqui temos segurança quanto a assaltos, essas coisas, mas falta segurança no trânsito mesmo. Não há muita opção para treinarmos, então escolhemos aqui. Mesmo assim, tem muita coisa que precisa melhorar", conta o ciclista Antônio Morais, de 58 anos, e que pedala há um ano e três meses naquele espaço.

Questionado pela reportagem se já viu algum acidente ali, ele diz que nunca presenciou nenhum, mas que mesmo assim está ciente dos riscos e que uma ciclovia ali seria uma boa opção para melhorar o divisão de espaço no trânsito.

Rotatória perto do local onde ocorreu o acidente, entre MT e Avenida Hiroshima. (Foto: Kisie Ainoâ)
Rotatória perto do local onde ocorreu o acidente, entre MT e Avenida Hiroshima. (Foto: Kisie Ainoâ)

Ao contrário de Morais, outro ciclista comenta já presenciou vários pequenos acidentes na região, inclusive uma colisão entre um carro e uma bicicleta perto do Tribunal de Justiça, que por sorte, resultou em apenas pequenos ferimentos.

"Nesse horário, começo da noite, é difícil. Há muitos carros passando e algo precisa ser feito para melhorar o trânsito. Essas situações, como a morte dessa menina, faz com que passemos a pensar e redobrar nossas atenções. Eu pedalo aqui faz uns dois, três anos já", revela Manoel Jaciro, de 70 anos.

Antônio Morais reclama que na cidade não há muitos lugares para treino ao ar livre. (Foto: Kisie Ainoã)
Antônio Morais reclama que na cidade não há muitos lugares para treino ao ar livre. (Foto: Kisie Ainoã)

Cuidados especiais - Já para Thiago Cassimiro de Souza, de 41 anos, a segurança para ciclistas é muita relativa. "É 50%, pois basta o motorista mexer no celular para desviar a direção e te atropelar", comenta.

Ele ainda frisa que todo cuidado é pouco e orienta como outros ciclistas devem se vestir, por exemplo. "É bom que ele esteja de roupa clara, com sinalizador dianteiro e traseiro, não queira disputar faixa com carro. Tem que tomar muito cuidado, mesmo. Para atravessar a pista, tem que verificar se o motorista te viu".

Quanto a criação de uma ciclovia para trazer mais segurança ao local, ele também aponta que a tais ferramentas são interessantes para as vias principais, mas que nem sempre elas são úteis, dependendo da rota a se fazer.

"Eu percebo que o ciclista com capacete as pessoas respeitam mais. E é tudo uma questão de respeito, infelizmente a cidadão está ocupando os espaços como se fosse só dele, mas todo mundo precisa passar a usar os espaços de forma compartilhada", finaliza, acrescentando que nos três anos que passa por ali, nunca viu um acidente.

Manoel Jaciro diz que andar de bicicleta no parque é rotina de anos. (Foto: Kisie Ainoã)
Manoel Jaciro diz que andar de bicicleta no parque é rotina de anos. (Foto: Kisie Ainoã)

O acidente - Emanuelle foi atropelada por uma camionete S-10 e chegou a ser socorrida após o acidente, contudo, não resistiu aos ferimentos e morreu na Santa Casa. Ela passeava de bicicleta ao lado de uma amigo e, minustos antes do acidente, fez uma postagem em vídeo em seu perfil no Instagram.

Segundo a Santa Casa, Emanuelle deu entrada às 21h46, chegando ao local via Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), já sedada, intubada e em estado gravíssimo. Ela recebeu atendimento na área vermelha do pronto-socorro, sofreu uma parada cardiorrespiratória e acabou falecendo, por volta das 22h50.

Filha da cirurgiã plástica Andreia Aleixo e do cardiologista Anthony Gorski, a estudante de Direito fazia seu primeiro passeio noturno, segundo seu pai. Vídeo mostra momento em que camionete que a atropelou passa ao lado de posto de combustível, no final da avenida Mato Grosso.

Ciclovia - Recentemente, o Governo do Estado lançou a licitação de reforma do Parque dos Poderes, no valor de R$ 19 milhões. Além de reestruturação de calçadas e outros pontos públicos, também está prevista a implantação justamente de uma ciclovia, já que o local vem se destacando recentemente pelo uso de ciclista.

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