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Capital

Estudantes fazem "peregrinação" na UFMS contra atos de intolerância

Alunos decidiram passar pelos corredores da instituição chamando a atenção da reitoria

Gabriel Neris e Liniker Ribeiro | 28/09/2018 18:14
Estudantes passaram pela instituição com faixas e cantos de protestos (Foto: Kísie Ainoã)
Estudantes passaram pela instituição com faixas e cantos de protestos (Foto: Kísie Ainoã)

Cerca de 50 estudantes estão circulando pelos corredores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) para chamar a atenção, principalmente da reitoria, para atos suspeitos de intolerância. O movimento foi criado depois que um aluno do curso de Artes Visuais destruiu uma obra de arte contemporânea exposta no corredor central da instituição no início da semana.

Os estudantes, que têm medo de serem identificados, entoam cantos contra, fascismo, racismo e qualquer outro ato que possa prejudicar grupos minoritários, como pessoas LGBT e mulheres.

Os manifestantes consideram que a universidade não tem dado importância ao caso e por isso decidiram passar pelos corredores com gritos de “racistas, fascistas não passarão”. Também citam o reitor Marcelo Turine em uma das canções de protesto.

Um estudante do curso de História diz que é preciso ter atenção porque pessoas do movimento teriam sofrido ameaças até de morte. “Ato de extrema violência e ódio”. Uma outra acadêmica, de Filosofia, relata que todas as vezes que o movimento tentou falar com a instituição, receberam como resposta que já existe a campanha interna “Eu Respeito”, porém não tem surtido efeito.

Outra estudante, de Ciências Biológicas, afirma que é necessário lutar por causas como esta. “A sociedade precisa acordar, principalmente pelo momento em que estamos passando, até mesmo em relação à política”, diz.

O aluno, que teve o nome preservado, destruiu um brinquedo cor-de-rosa que faziam parte de uma instalação exposta para a Semana Mais Cultura da UFMS. Os acadêmicos dizem ainda que o colega entrou em um dos banheiros femininos e espalhou pedaços de frango. O jovem escreveu em redes socais que quis apenas "se expressar".

A obra destruída faria alusão aos papeis de gênero. O coordenador dos cursos de artes visuais, Paulo César Duarte Paes, considera que é preciso cuidado para tratar o caso. “A gente tem que ter muita sensibilidade porque a gente pode prejudicar, por outro lado temos que ver o discurso que ele representa”, comentou.

A UFMS por meio de assessoria de imprensa, informou que a reitoria da universidade determinou imediata instauração de sindicância para apuração dos fatos ocorridos na Faculdade de Letras, Artes e Comunicação no dia 24/09/2018, efetivando a comunicação à Polícia Federal.

"Para apoio na apuração deverão ser utilizadas imagens de câmeras de segurança", diz a nota. O ambiente da cidade universitária é monitorado, por meio de câmeras e serviço de vigilância, e as atividades de ensino, pesquisa e extensão estão sendo realizadas normalmente. O Festival Mais Cultura, que realiza mais de 500 intervenções, continua até domingo, dia 30.

"A Universidade preza pelo pluralismo de ideias e diversidade de opiniões, sendo contrária a manifestações de ódio e de intolerância. Para aumentar a conscientização entre a comunidade universitária, foi criada a campanha Eu Respeito, que trata de um tema a cada mês, fortalecendo a integridade e a interação no ambiente acadêmico", diz a nota.

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