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Capital

"Eu não mandei matar ninguém", diz réu por morte de mulher baleada por engano

Flávio Vinicius estava preso quando ordenou execução de Mateus Pompeu, marido de Sônia Estela, morta a tiro

Dayene Paz e Bruna Marques | 27/04/2022 10:52
Kaio, de branco, e Flávio, de cinza, são julgados hoje em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Kaio, de branco, e Flávio, de cinza, são julgados hoje em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Flávio Vinicius Ferreira, de 32 anos, negou ser o mandante do crime que terminou na morte de Sônia Estela Flores dos Santos, 22 anos, ferida a tiros no lugar do marido, em abril de 2020, em Campo Grande. "Não fui eu que matei, não mandei matar ninguém, não tenho nada a ver com isso", disse durante o julgamento desta quarta-feira (27). O real alvo dos tiros era Mateus Pompeu Dias, que não estava agindo "de acordo" com as regras da facção PCC (Primeiro Comando da Capital).

Durante o júri, Flávio confessou ter passagens criminais, mas alegou que não faz parte de facção criminosa. Também revelou que estava com tuberculose na época da morte de Sônia. "Estava entre a vida e a morte na cadeia com tuberculose, como vou mandar matar os outros". Flávio ainda revelou que conhecia Mateus de infância. "Não tenho motivo para matar ele, uma pessoa inocente, estava com criança no carro".

Apontado como executor, quem efetuou os disparos, Kaio Humberto Gomes dos Santos, 28 anos, também negou envolvimento, mesmo com prova nos autos que apontam sua participação. "Estou preso há dois anos por uma coisa que eu não fiz. Não sei porque esses caras estão me acusando, nunca vi eles na vida. Estava trabalhando no dia em uma obra com meu pai e não tenho coragem de matar ninguém", disse chorando.

Julgamento - Flávio Vinicius e Kaio Humberto encaram o júri, nesta quarta-feira (27), pela morte de Sônia Estela Flores, ferida a tiros no lugar do marido. Flávio é apontado como mandante e estava preso na época que ordenou a execução de Mateus, conforme a denúncia do Ministério Público. Ele é conhecido como uma das lideranças do PCC, facção que estava reprovando atitudes de Mateus, por esse motivo, decidiu matá-lo.

Já Kaio, conforme a denúncia do Ministério Público, é apontado como o executor do crime. Ele quem ocupava a garupa da motocicleta, conduzida por Crevan Silva dos Santos, o “Neguinho”, e disparou contra Mateus, atingindo Sônia por engano.

Quem são os acusados - São seis os homens apontados por participação. Ano passado, três foram julgados. Alisson dos Santos Ferreira, vulgo “Fusca”, Sidnei Jesus Rerostuk, o “Capetinha” e Crevan Silva dos Santos, o “Neguinho”, foram declarados inocentes da participação no atentado. Ainda assim, o Conselho de Sentença considerou os dois últimos integrantes da facção paulista e votaram na condenação por organização criminosa.

Crevan foi sentenciado a seis anos de reclusão no regime semiaberto e 45 dias-multa. Já Sidnei foi condenado a seis anos e seis meses de reclusão, além de 52 dias-multa. Alisson teve a ficha limpa e recebeu a liberdade. O último réu, Glyquison Mendes dos Santos, o “Kiko”, está foragido desde a época do crime.

O que cada um fez - Para a polícia, Flávio Vinicius, o “Destro PCC”, de dentro do sistema prisional de Mato Grosso do Sul deu a ordem para matar Mateus. Sidnei e Alisson monitoraram o alvo e repassaram todas as informações para as lideranças da facção criminosa.

No dia do crime, 2 de abril de 2020, foi “Capetinha” que contou onde o casal estava minutos antes da execução. Glyquison apontou o local exato das vítimas, onde os executores deveriam encontrá-las, pagou o combustível da moto usada por eles no crime e por fim deu guarida aos assassinos: Crevan e Kaio.

De moto, os dois perseguiram o carro da vítima no Jardim Noroeste, emparelharam e o passageiro sacou a arma e atirou. Foram dois disparos. Um deles pegou no rosto de Sônia, que estava no banco de passageiro. A filha mais velha da vítima, de 4 anos, estava no banco de trás.

Desesperado, o marido da jovem arrancou com o carro e dirigiu até o Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima de Campo Grande. Foi na unidade prisional que pediu socorro. Enquanto um agente penitenciário acionava o socorro, uma equipe decidiu escoltar a família até um hospital. Os socorristas encontraram o Celta no meio do caminho, na Avenida Ministro João Arinos, mas Sônia não resistiu.

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