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Capital

Família mudou rotina após ameaças, defendem testemunhas de homicídio

Eduardo e a esposa Michele são julgados pela morte de Wesley Julião Barbosa Almeida em janeiro do ano passado

Geisy Garnes e Bruna Kaspary | 26/07/2018 14:42
Réus respondem pela morte de Wesley Julião Barbosa Almeida (Foto: Saul Schramm)
Réus respondem pela morte de Wesley Julião Barbosa Almeida (Foto: Saul Schramm)

Passam por julgamento nesta quinta-feira (26) Eduardo dos Santos Silva, a esposa Michele Queiroz e o pai dela, o policial civil aposentado Salvador Pereira de Queiroz,  réus pelo assassinato de Wesley Julião Barbosa Almeida. A vítima foi morta a tiros no dia 14 de janeiro do ano passado, no Jardim Itamaracá, em Campo Grande.

Com tese de que Eduardo agiu em legítima defesa, após ser ameaçado pela vítima, a defesa levou três testemunhas ao plenário do tribunal do júri nesta manhã. Em cada depoimento, as testemunhas relataram a mudança de rotina da família, o medo de um atentado e até um episódio em que o réu foi procurado no presídio em que cumpria pena na época, o Estabelecimento Penal de Regime Aberto e Casa do Albergado de Campo Grande.

A primeira testemunha ouvida foi um agente penitenciário, que trabalhava no Albergado. Diante do juiz, o agente relatou que as ameaças a Eduardo eram de conhecimento dos servidores e dos presos, mas que nunca soube por quem ou o motivo. Ele lembrou que o interno chegou a mudar os horário que chegava e saía do presídio por conta disso.

Marcelo Fernando Amorim, hoje interno do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, contou em júri que conheceu Eduardo quando cumpria pena no regime aberto e lembrou que um dia foi parado por uma pessoa, identificada como Mascote, na frente da unidade.

Mostrando uma arma na cintura, o suspeito teria perguntado se ele conhecia o réu e afirmado que teria recebido dinheiro para matar o Eduardo. “Quando eu entrei no Albergue o Eduardo já tava lá dentro, até comentei que deus amava muito ele, porque era para ele ter morrido aquele dia”, lembrou.

A última testemunha ouvida foi a cunhada de Eduardo, Lauriana Ramos. Ela relatou que por várias vezes o marido pediu o carro emprestado para levar o irmão ao presídio. Segundo ela, esse “transporte” eram feitos sempre em horários e veículos diferentes, para o cunhado não ser reconhecido. As ameaças teriam afetado a rotina de toda a família.

Wesley foi morto a tiros no dia 14 de janeiro (Foto: Alcides Neto/ Arquivo)
Wesley foi morto a tiros no dia 14 de janeiro (Foto: Alcides Neto/ Arquivo)

“Nunca imaginei que algo tivesse acontecido”

Salvador Pereira de Queiroz também prestou depoimento, a todo momento inocentou a filha do crime e afirmou que não aprovava o relacionamento de Michele, justamente por Eduardo já ter sido preso.

Ao júri ele confirmou que a caminhonete do crime era sua, mas afirmou que o veículo era usado por toda a família, principalmente pelas duas filhas. “Eu deixava a chave disponível, sempre em cima da mesa para elas pegarem”. O policial civil aposentado ainda contou que diante das ameaças, a filha sempre revessava os carros para levar Eduardo ao presídio.

No dia do crime, Salvador afirmou ter acordado cedo, tirado a caminhonete da garagem e saído para caminhar. Naquele dia ele deveria ir a uma fazenda e por isso colocou uma das armas dentro do veículo, uma medida de “segurança” desde que foi vítimas de um sequestro.

“Eu jamais imaginei que ela iria usar minha caminhonete, porque ela estava com o carro dela lá, ela não sabia que eu tinha uma arma ali dentro. Quando o Eduardo entrou, ele viu a arma”, garantiu. “Se ela tivesse visto a arma lá, ela teria tirado para sair com o carro. Quando voltei sequer imaginava que algo pudesse ser acontecido, porque do jeito que eu deixei a caminhonete, ela estava quando voltei”.

Conforme o defensor público Ronald Calixto, a defesa vai pedir a absolvição de Michele e a exclusão das qualificadoras do crime para Eduardo. “Ela não tem participação direta no crime, e o Eduardo agiu de forma compreensível levando em consideração as constantes ameaças a ele e a família”, afirmou.

Eduardo e Michele respondem por homicídio por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima com concurso de pessoas. Já Salvador foi pronunciado pelo crime de porte ilegal de arma de fogo do revólver de calibre 38 e carabina calibre 22.

O caso - Na dia 14 de janeiro, Wesley voltava do mercado com a esposa e o filho quando uma camionete Hilux, de cor prata, se aproximou e um dos ocupantes começou a atirar. Segundo testemunhas, dentro do carro havia um casal, e a mulher era quem incentivava o homem a continuar atirando contra a vítima.

Na tentativa de fugir dos tiros, o rapaz correu e entrou em uma casa na Rua Joana Maria de Souza, onde já caiu morto. Com as investigações, a polícia chegou a Eduardo como autor do crime e Michele como a condutora do veículo.

A caminhonete e a arma usada do homicídio, um revólver calibre 38, pertenciam ao pai de Michele, o policial civil aposentado Salvador Pereira de Queiroz.

 

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