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Familiares e amigos vão ao Fórum cobrar justiça e lembrar 1º feminicídio do ano

Assassinada em janeiro pelo ex-companheiro, Claudineia Brito da Silva foi a primeira vítima de MS em 2023

Mylena Fraiha | 28/03/2023 16:51
O protesto ocorreu de forma silenciosa durante a segunda audiência do caso (Foto: Paulo Francis)
O protesto ocorreu de forma silenciosa durante a segunda audiência do caso (Foto: Paulo Francis)

Familiares e amigos de Claudineia Brito da Silva, primeira vítima de feminicídio neste ano no Mato Grosso do Sul, se reuniram em frente ao Fórum Cível e Criminal de Campo Grande, na tarde desta terça-feira (28), para pedir justiça e prestar homenagem à vítima.

Todos usavam uma camiseta, com os dizeres "Queremos justiça". Por causa disso, os guardas pediram que o grupo se retirasse do Fórum e fizesse a homenagem do lado de fora. O protesto ocorreu de forma silenciosa, na calçada do Fórum, enquanto ocorria a segunda audiência do caso. Filhos e irmãos da vítima foram convocados como testemunhas de acusação.

Amigos e familiares usaram uma camiseta como forma de protesto silencioso (Foto: Paulo Francis)
Amigos e familiares usaram uma camiseta como forma de protesto silencioso (Foto: Paulo Francis)

Uma testemunha de acusação é a filha da vítima, Estefany Caroline Brito Gabriel da Silva, de 26 anos. Ela explica que foi chamada como testemunha para relatar a dinâmica do relacionamento entre o agressor, Hércules José Soares, de 43 anos, e a vítima. “Na audiência, ele me perguntou se existia algum motivo para ele fazer isso com a minha mãe e como era o relacionamento dos dois. Também discutimos como foi o ocorrido no dia em que ela faleceu”.

Segundo ela, o relacionamento dos dois era repleto de idas e vindas. Os dois se conheciam desde a infância, uma vez que eram vizinhos de bairro. Entretanto, a relação começou há quatro anos. “Minha mãe era tão magrinha e pequenininha, não tinha como se defender. Ela já vinha sofrendo agressões há um ano, desde que ele a agrediu pela primeira vez. Eles tinham um relacionamento de idas e vindas há cerca de quatro anos”.

Estefany conta que ficou desolada com a notícia de que a mãe foi assassinada pelo ex-companheiro. Agora, ela conta que só espera que a justiça seja cumprida. “Espero justiça, que ela seja o mais justa possível. Nada vai trazer a vida da minha mãe de volta, mas espero que ele passe o resto da vida na prisão. Infelizmente, sabemos que é difícil, mas é o mínimo que ele merece depois de tudo que fez”.

Alegações da defesa - Durante a apresentação da defesa, o advogado de Hércules argumentou que seu cliente teria reagido a um tapa dado pela vítima, justificando assim sua atitude agressiva. O objetivo seria diminuir a pena do agressor, alegando legítima defesa.

Mãe e amiga - Mãe de duas meninas e um rapaz, Claudineia criou os filhos sozinha e era conhecida por ser uma mulher trabalhadora e muito altruísta. “A Claudineia era uma pessoa muito boa, ninguém falava mal dela. Ela criou os filhos sozinha, sempre trabalhou, era muito batalhadora. Se pudesse, ela tirava do dela para dar para os outros”, relata Sônia Pereira, de 54 anos, uma amiga de longa data da vítima.

De acordo com Sônia, nos últimos quatro anos, a vítima se envolveu com Hércules, que, embora antes fosse apenas um amigo, passou a influenciá-la negativamente. “Foi aí que ela começou a beber. Acho que até partiram para as drogas. Mas eu falo, você pode procurar em Campo Grande alguém que conhecia ela e ninguém tem algo ruim para falar”.

Sônia Pereira relata que é amiga de longa data de Claudineia (Foto: Paulo Francis)
Sônia Pereira relata que é amiga de longa data de Claudineia (Foto: Paulo Francis)

A amiga conta que tentou ajudar Claudineia e até mesmo sugeriu que se afastasse de Hércules. “Eu conversei e sugeri que ela deveria se internar em uma clínica. Eu falei para ela que levaria. Também já tinha levado na igreja, para ter uma ajuda de Deus”, relata Sônia.

Quando perguntada sobre suas expectativas para o desfecho dessa situação, Sônia expressa o desejo de que haja justiça para Cláudia e que o responsável pelo crime ao qual ela foi vítima pague pelo que fez. “Não queremos nada de maldade, a não ser que ele pague pelo que ele cometeu”.

O caso - No dia 13 de março de 2023, Claudineia Brito da Silva morreu na Santa Casa de Campo Grande, após ter sido esfaqueada no pescoço pelo companheiro, Hércules José Soares, de 43 anos. Foi o primeiro caso feminicídio do ano no Estado.

Ele foi preso em flagrante no Bairro São Francisco, após o crime. Ele também tinha sido preso por violência doméstica em 2010, conforme apurado pela reportagem. Hércules se entregou após a averiguação da equipe policial, sem lesões corporais aparentes, e estava sob mandado de prisão pelo mesmo motivo. A vítima foi encaminhada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

O autor do crime estava no local e indicou para os policiais onde escondeu a faca utilizada para golpear Claudineia. Ele apresentava estar embriagado e não soube identificar o motivo da agressão.

De acordo com boletim de ocorrência, o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) foi acionado para atendimento de possível violência doméstica. No local, foi verificado pela equipe policial que a vítima apresentava lesão por arma branca na região do pescoço.

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