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Capital

Filho de PM é autor de recado de preso; pai fez tudo para salvar filhos

Paula Maciulevicius | 25/03/2013 12:58
“Pelo amor de Deus, não faz nada com meus filhos”, pedia a vítima. Comerciante foi agredido com chutes e coronhadas de 12. (Foto: João Garrigó)
“Pelo amor de Deus, não faz nada com meus filhos”, pedia a vítima. Comerciante foi agredido com chutes e coronhadas de 12. (Foto: João Garrigó)

O adolescente de 16 anos, que recebeu ordens de um detento da Máxima para a execução do assalto à família no Portal Caiobá, é filho de um policial militar. Ele foi apreendido em casa e encaminhado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do bairro Piratininga, onde depois de prestar depoimento foi liberado. O caso será investigado pela Defurv (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Veículos).

Hoje pela manhã as vítimas ainda estavam assustadas. Os bandidos entraram na residência por volta das 23h de ontem, quando o casal e os três filhos se preparavam para dormir e fugiram levando a caminhonete S-10.

A família conta que há três semanas tinha sido avisada por um policial conhecido de que a região seria alvo de um arrastão ordenado por presidiários e que eles sabiam que poderiam ser vítimas pela caminhonete. “Mas aí passa uma semana e você relaxa”.

O crime realmente foi encomendado de dentro do presídio de Segurança Máxima de Campo Grande e intermediado pelo adolescente, que repassou as informações das vítimas.

“Pelo amor de Deus, não faz nada com meus filhos”. Agora com mais calma o comerciante de 47 anos repete o que disse na noite deste domingo aos dois bandidos que invadiram a casa dele armados, no Portal Caiobá, em Campo Grande.

“Os dois me bateram muito, mas graças a Deus não fizeram nada com eles. Eles só pediam por dinheiro, cofre e joias. Falavam 'quero dinheiro vagabundo, cadê o cofre'”, recorda. Os bandidos, Gilmar de Souza Coleta Júnior, de 21 anos e Ederval Martins do Amaral Junior, de 20 anos, usavam uma espingarda calibre 12 e um revólver 38.

O comerciante não tinha cofre e nem joias na residência e ofereceu a dupla que levasse tudo, mas deixasse a família em paz. “Pode levar carro, caminhonete, pode virar a casa. Eles arrastaram tudo, empurraram cama, foram uns 15, 20 minutos com eles em casa”.

Foram os dois cachorros vira-latas que perceberam quando os ladrões pularam o muro e entraram no quintal da casa. Ao ouvir os cachorros, o filho mais velho do casal, de 15 anos, foi abrir a porta e deu de cara com os bandidos. Ele trancou a maçaneta, mas a dupla quebrou o vidro lateral e conseguiu abri-la.

“Ele saiu gritando, pai nós estamos sendo assaltados. E o meu primeiro instinto foi pegar a arma do cara”. A vítima foi agredida pelos bandidos com chutes e coronhadas na cabeça e nas costas. Nesta manhã as marcas ainda estavam fortes. “Vou ter que procurar apoio psicológico porque eu estou chocado, qualquer coisa eu choro, podia ter acontecido o pior”, desabafa.

Os bandidos já entraram na casa com as armas em punho e mandaram o homem, a mulher de 50 anos e o filho de 15 anos deitarem no quarto do casal. Em seguida, foram até o outro cômodo, onde estavam os meninos de 12 e 10 anos, e levaram até os pais. A família foi ameaçada de morte durante todo o tempo.

“Eles me bateram ali e depois me levaram para o fundo, lá atrás eles desceram borracha mesmo. Meus cachorros não sabiam o que fazer e começaram a me lamber”, descreve.

Em perseguição com a PM, caminhonete ficou destruída. (Foto: João Garrigó)
Em perseguição com a PM, caminhonete ficou destruída. (Foto: João Garrigó)
Veículo acertou muro de escritório no bairro Portal Caiobá. Bandido acabou baleado. (Foto: João Garrigó)
Veículo acertou muro de escritório no bairro Portal Caiobá. Bandido acabou baleado. (Foto: João Garrigó)

Em todo momento eles pediam por dinheiro e o cofre que o comerciante afirma que não tem em casa. “O notebook, a câmera fotográfica, tudo eles deixaram. Eles não queriam a caminhonete, pegaram para fugir, mas não era o objetivo”.

Depois de revirar toda a casa, a dupla foi embora levando a S-10 e o comerciante conseguiu chamar a Polícia. “O camburão estava aqui, quando passou o pessoal da moto e já abordou, deu perseguição e tiroteio”, completa.

Policiais de moto do posto da Polícia Militar do Coophavilla receberam um chamado sobre o caso e durante rondas pelo bairro acabaram localizando a caminhonete. Eles ordenaram que o motorista estacionasse o veículo, mas o bandido, que estava na direção, não obedeceu e ainda tentou atropelar o policial.

A Rotac (Rondas Ostensivas Táticas), da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) foram acionados para ajudar na perseguição e acabaram localizando os suspeitos. O homem que estava na direção da caminhonete, perdeu o controle e colidiu o veículo no muro de um escritório da Banda Lilás, na esquina das Cachoeira do Campo e Lagoa Nova.

A caminhonete não tinha seguro e ficou completamente destruída. Segundo a vítima, ainda faltam 23 parcelas para ser quitadas. O dono do escritório calcula o prejuízo em R$ 1 mil para o reparo do muro. O músico Antônio Marcos, 42 anos, diz que o alarme disparou e ele acabou chamado pelo vizinho. “A Polícia ficou um tempão aí, sempre tem um funcionário meu dormindo aqui, mas ontem não tinha. A PM fechou o cerco e eles bateram aqui”, relatou.

Houve troca de tiros entre os bandidos e a Polícia. Gilmar foi atingido por dois tiros e permanece no Pronto Socorro da Santa Casa. O outro envolvido foi preso e encaminhado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do bairro Piratininga.

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