Fiscalização em salões de beleza reforça proibição do formol em Campo Grande
Vigilância Sanitária inspecionou 117 estabelecimentos no 1º semestre e apurou 53 denúncias

A Vigilância Sanitária de Campo Grande intensificou a fiscalização em salões de beleza neste primeiro semestre de 2025. O foco é garantir que os estabelecimentos estejam com licença sanitária em dia e cumpram as normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), especialmente em relação ao uso de produtos não permitidos.
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A Vigilância Sanitária de Campo Grande intensificou a fiscalização em salões de beleza no primeiro semestre de 2025, realizando 117 inspeções iniciais e 53 revisitas. O trabalho resultou na emissão de 41 licenças e na investigação de 53 denúncias, sem registros de uso de formol. A Anvisa permite apenas oito substâncias ativas em alisamentos capilares, conforme Instrução Normativa nº 124/2022. A população pode denunciar práticas suspeitas à Ouvidoria do SUS pelos telefones 0800 314 9955 ou 3314-9955.
De acordo com as informações enviadas ao Campo Grande News, entre janeiro e o início de julho, foram feitas 117 inspeções iniciais e outras 53 em locais que já haviam sido orientados. As ações resultaram na emissão de 41 licenças, inclusive para empreendedores individuais.
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As equipes também apuram denúncias feitas pela Ouvidoria do SUS e por outros órgãos. Neste ano, 53 denúncias sobre salões foram investigadas. Nenhuma delas envolvia o uso de produtos proibidos, como o formol, substância com uso vetado em alisamentos capilares.
Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), mesmo sem flagrantes recentes, o trabalho segue com caráter educativo e preventivo. Durante as vistorias, os fiscais orientam os profissionais sobre a proibição e analisam os produtos utilizados nos atendimentos.
Nas redes sociais, os profissionais prometem alisamento sem formol, com fotos de antes e depois chamativas, com preços que vão de R$ 55 a R$ 159. Porém, os componentes dos produtos não ficam claros para os consumidores. Um salão na região Central expõe o pote, onde é possível ver a presença formaldehyde, que é o nome em inglês da forma gasosa do formol, que é o formaldeído dissolvido em água.

Com tantas opções disponíveis e pouca clareza no que é usado, quem aderiu aos fios alisados precisa ficar atento ao que está sendo oferecido pelos salões. Juliana Aguiar, de 31 anos, faz o procedimento desde os 17, chegou a passar pela transição capilar e permaneceu um bom tempo natural, mas voltou a alisar.
"Pela praticidade e facilidade do cuidado, eu votei a alisar em fevereiro do ano passado. Nunca tive problema porque fazia com uma pessoa que confiava, que me explicava tudo. Quando eu decidi voltar a alisar, escolhi a nanotecnológica patenteada, de ácidos naturais. Elas fazem teste de mecha, explicam, mostram o que é feito e isso me deixa segura", compartilha Juliana.
Ela mora perto da Avenida Júlio de Castilho, mas alisa o cabelo em um estabelecimento na Avenida Hiroshima, atravessa Campo Grande. "O serviço é vendido como zero formol, tira o nosso medo e pânico de que um 'dia vamos ficar careca' ou ter reações mais fortes. É super longe de casa, mas é onde confio", termina.
A dermatologista Michella Rezende reforça a importância de atenção redobrada ao uso de alisantes que contenham formol, formaldeído ou seus derivados, como o ácido glioxílico. Apesar de prometerem fios lisos e brilhantes, esses produtos oferecem riscos graves à saúde.
"Quando aquecido, libera formaldeído, uma substância altamente tóxica e cancerígena, capaz de causar problemas respiratórios, irritações nos olhos, queimaduras no couro cabeludo e até queda de cabelo. Já o ácido glioxílico, frequentemente usado como substituto 'disfarçado', também libera formaldeído ao ser aquecido com chapinha ou secador", alerta.
Michella também destaca o que os consumidores devem se atentar ao escolher um estabelecimento. "É importante exigir informações sobre o produto utilizado e seu registro na Anvisa, desconfiar de termos genéricos como 'escova orgânica', 'progressiva sem formol' ou 'tratamento ácido' e também evitar estabelecimentos que se recusam a informar a composição do produto", termina.
Conforme a Instrução Normativa nº 124, de 2022, estão autorizados: ácido tioglicólico e seus sais, ésteres do ácido tioglicólico, hidróxidos de sódio, potássio, lítio e guanidina (formado pela combinação de hidróxido de cálcio com sal de guanidina), além de sulfitos, bissulfitos inorgânicos e pirogalol. Cada um desses compostos só pode ser usado dentro dos limites de concentração e pH definidos pela norma.
Nesta semana, a Anvisa reforçou o alerta sobre os riscos à saúde provocados pelo uso do formol e de ácidos proibidos em procedimentos estéticos. A orientação é para que a população denuncie práticas suspeitas pelos telefones 0800 314 9955 ou 3314-9955, da Ouvidoria do SUS.
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