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Capital

"Foi desavença por causa de uma porta", alega Pedreiro Assassino em júri

Mesmo indo morar na casa da vítima após matá-la, Cleber de Souza alega que esposa não sabia sobre assassinato

Dayene Paz e Bruna Marques | 06/04/2022 12:15
Pedreiro enfrenta o 5º júri nesta quarta-feira (6). (Foto: Henrique Kawaminami)
Pedreiro enfrenta o 5º júri nesta quarta-feira (6). (Foto: Henrique Kawaminami)

Em seu quinto júri, nesta quarta-feira (6), Cléber de Souza Carvalho, o "Pedreiro Assassino", alegou que matou José Leonel Ferreira dos Santos, de 61 anos - crime que o revelou como serial killer - depois de desavença por causa de uma porta. A esposa de Cleber, Roselaine Tavares Gonçalves, também é ré por esse crime. O casal foi morar na casa da vítima após o assassinato.

Em seu depoimento nesta manhã, Cleber contou como começou o desentendimento que terminou na morte de José Leonel, encontrado no dia 7 de maio de 2020, enterrado em cova rasa no quintal de casa, na região da Vila Nasser.

O pedreiro disse que morava com os pais na região e mudou depois que eles morreram. Então, invadiu um terreno na Vila Nascer, onde ficou com a família até ser despejado. "Depois fui para outra casa, fiquei 15 dias, mas era apertado. Então, mudamos de novo para outro endereço, quando minha esposa disse que deveríamos alugar uma casa maior."

Roselaine e Cleber viram uma casa para alugar, pertencente a José Leonel. "Quando chegou lá, ele disse que era R$ 700, livre de água, mas tinha que pagar a luz. A minha esposa não tinha gostado e fomos para casa", alega.

Semanas depois, ao passar na frente do imóvel, foi abordado por José Leonel, o questionando se alugaria o imóvel. "Respondi que minha esposa não quis, mas ele disse para a gente se acertar, que fazia R$ 550, livre de água". José ainda expôs condição ao fazer valor menor, de tirar um quarto, já que a casa tinha cinco peças. "Me levou lá e mostrou que queria abrir uma porta e fechar outra para dar acesso a um quarto. Combinei com ele, fui na quinta-feira, comecei a trabalhar e ele conversando comigo", revela.

Durante a conversa, José comentou que havia conseguido reaver, junto com uma mulher chamada "Janete", dois terrenos - justamente um deles seria de onde Cleber foi despejado. No entanto, o pedreiro afirma que continuou a reforma no local e combinou de retornar no outro dia para finalizar, pois havia acabado o tijolo.

Dia do crime - No outro dia, sexta-feira, Cleber retornou ao local para, supostamente, terminar de fechar a porta. "Fui arrancar e ele disse que não iria arrancar mais não, que a porta ia ficar aberta. Naquilo já desandou, porque então eu disse que morava na casa despejada", diz.

Na varanda onde estavam, havia uma máquina de lavar. "Quando ele foi para o lado da máquina, achei que ia pegar uma faca de cozinha, puxei a chibanca e dei uma paulada nele. Quando ia cair, dei outra e dei mais outra, depois começou a sangrar a cabeça", lembra. O pedreiro afirma ter ficado desesperado. "Peguei ele pela perna, puxei para o quarto e coloquei no colchão. Depois, lavei a varanda e saí da casa."

Nesse intervalo, até retornar para ocultar o corpo de José Leonel, o pedreiro chegou a ir em conveniência tomar caldo de peixe. "No outro dia, abri uma cova rasa e joguei, coloquei terra e umas coisas velhas em cima", afirma. Nesse momento, o juiz Aluízio Pereira dos Santos o questionou sobre o motivo de ir morar na casa de José Leonel após matá-lo. "Todo mundo me viu trabalhando na casa dele, aí o homem sumir desse jeito, iam colocar a culpa em mim, então eu mudei para tirar a suspeita de mim", revela.

Cleber reafirma que a esposa não teve envolvimento no crime, mesmo morando na casa da vítima morta. "Fiquei pensando no que iria falar para a minha esposa, então disse que comprei a casa e que a gente ia mudar", revela. "Cinco dias depois que estávamos na casa, a polícia chegou lá."

Sobre o motivo do crime, afirma que agiu na hora da raiva. "Sou muito calmo, mas na hora da raiva, a gente faz coisas que até Deus duvida", alegou.

O investigador que acompanhou as diligências do caso, Cláudio Rossi Junior, da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), contou que José Leonel foi a primeira morte descoberta da série de assassinatos. Confirmou também que Roselaine, após a batida da polícia na casa, no trajeto para a delegacia, confessou que sabia que José Leonel foi morto por Cleber e estava enterrado na residência.

Esposa Roselaine e Cleber, durante julgamento nesta quarta-feira (6). (Foto: Henrique Kawaminami)  
Esposa Roselaine e Cleber, durante julgamento nesta quarta-feira (6). (Foto: Henrique Kawaminami)

Durante depoimento, Roselaine negou ter conhecimento do crime. Em sua versão, diz que foi com Cleber ver o imóvel, mas não gostou, porque ficaria "porta com porta". Semanas depois, ao ser chamada por Cleber para morar no local, depois da morte da vítima, disse que foi convencida que o marido havia comprado o imóvel e só ficou sabendo da morte da vítima depois que a polícia esteve no local.

Chorando, a mulher afirmou que não tinha conhecimento do crime (vídeo abaixo). "Juro por Deus que não. Eu não vou pagar por uma coisa que eu não fiz, que eu não estava sabendo, isso é uma injustiça", disse a mulher.

Entenda - O pedreiro foi preso em 2020. Foram feitas escavações, sob investigação da DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídio), sendo que sete vítimas foram encontradas.

As vítimas são: José Leonel Ferreira Santos, de 61 anos, Timótio Pontes Roman, de 62, José Jesus de Souza, 45 anos, Roberto Geraldo Clariano, 50, Hélio Taíra, 74, Claudionor Longo Xavier, de 47 anos, e Flávio Pereira Cece, de 34 anos. Cléber sempre agia pensando em ficar com algo das vítimas, sejam imóveis ou veículos.

Ele começou a ser julgado este ano e já foi condenado por quatro assassinatos, sendo a 15 anos de prisão no primeiro júri pela morte de Roberto Geraldo e 18 anos no segundo júri, pela morte de Timóteo Pontes.

No terceiro julgamento, foi condenado a 15 anos de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver do próprio primo, Flávio Pereira. No quarto júri, Cleber foi condenado a uma pena de 15 anos de prisão pela morte de Claudionor Longo Xavier, de 47 anos, em abril de 2019. Somadas, as penas já ultrapassam 60 anos.

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