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Capital

Loja é alvo mais recente de bairro que vira a "cracolândia" da Capital

Gabriel Maymone | 05/08/2017 12:28
Comerciante instalou cerca elétrica e concertina para proteger estabelecimento (Foto: João Paulo Gonçalves)
Comerciante instalou cerca elétrica e concertina para proteger estabelecimento (Foto: João Paulo Gonçalves)
Ladrões entraram pelo teto da loja de roupas. (Foto: João Paulo Gonçalves)
Ladrões entraram pelo teto da loja de roupas. (Foto: João Paulo Gonçalves)

Abandonado há sete anos, o prédio da antiga rodoviária de Campo Grande está se tornando uma “cracolândia”, com a comercialização e uso de drogas desenfreados. O efeito é a criminalidade. Hoje, mais uma loja foi arrombada, caso que somado aos números de pequenos furtos e assaltos faz disparar a criminalidade na região.

A loja de roupas MS Country, localizada na Rua Alan Kardec, foi o mais recente alvo dessa situação. Na madrugada deste sábado (05), os bandidos entraram pelo telhado. “O prejuízo foi de R$ 6 mil. Levaram roupas de marca, bonés e caixinha de som” conta o gerente da loja, Washington Souza.

O proprietário do estabelecimento, Ruddy Boniatti, 52, que também tem um cyber ao lado, que funciona no mesmo prédio, disse que, justamente, nessa noite, não ativou o alarme e a cerca elétrica – instalados para tentar barrar as invasões. “É a terceira vez que entram no prédio”, reclama. Ele relata que o problema da região são os usuários de droga. “Todo mundo reclama, todo mundo tem problema com eles [usuários]”.

A duas quadras de lá, as histórias são as mesmas. Dono de uma padaria na Rua João Rosa Pires, Cristiano Adri conta que na virada do ano teve uma TV furtada de sua casa, que também fica no bairro, mas que conseguiu recuperá-la. “Quando cheguei e vi o que tinha acontecido, sai com meu pai para procurar os ladrões e conseguimos recuperar a TV, que estava sendo vendida por R$ 200 na rodoviária”, lembra, também atribuindo o crime a usuários de drogas.

Na garaparia ao lado, o proprietário já perdeu as contas de quantas vezes teve seu comércio furtado. “No mínimo 12 vezes”, conta Alexandre Dambrós, informando que os casos só diminuíram depois que instalou uma concertina – rede de arame farpado – no muro. “O problema são os usuários de drogas, são sempre os mesmos, não muda”, lamenta.

Ruddy Boniatti teve comércio invadido três vezes (Foto: João Paulo Gonçalves)
Ruddy Boniatti teve comércio invadido três vezes (Foto: João Paulo Gonçalves)
O comerciário Ricardo Martins não sai de casa a pé, à noite, por medo de ser assaltado (Foto: João Paulo Gonçalves)
O comerciário Ricardo Martins não sai de casa a pé, à noite, por medo de ser assaltado (Foto: João Paulo Gonçalves)

À mercê da bandidagem – Morador de um prédio perto da praça das Araras, o comerciário Ricardo Martins, 53, vai para a academia de carro. Nada estranho se não fosse pelo fato de que a academia fica a duas quadras da casa dele. “Se for a pé vou ser assaltado. Para minha esposa caminhar na orla [que fica a duas quadras da casa dele], eu preciso levá-la de carro, para não ser assaltada no caminho”, disse Ricardo, lembrando de que há duas semanas sua esposa, a cabeleireira Adriana Cristina, 43, foi assaltada a quatro quadras de casa, quando ia a pé para o trabalho. “Ninguém faz nada, não vejo ronda da polícia”, pontua.

Para a moradora do bairro e economista Inês de Castro, 57, que quase teve sua bolsa roubada no mês passado, mas conseguiu segurar e os ladrões fugiram, o problema não é somente da polícia. “É uma questão social. Essas pessoas não tem autocontrole, precisam de ajuda. É uma questão mais de saúde. O local está igual a cracolândia e ninguém faz nada”, opina.

Cracolândia – Citada pelos entrevistados para comparar a situação no entorno da antiga rodoviária, o termo refere-se a uma região no centro de São Paulo que concentra usuários de drogas e que é alvo de ações policiais desde maio desse ano na tentativa de 'resolver' o problema.

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